Pulitzer consagra Donna
Tartt
Pedro
J. Bondaczuk
O Prêmio Pulitzer, na
categoria Ficção, ou seja, o principal de caráter literário atribuído
anualmente pela Universidade de Columbia, consagrou, neste ano de 2014, uma
escritora que, mesmo tendo publicado apenas três livros em sua relativamente
longa carreira (numa média de um a cada doze anos), jamais conheceu o fracasso.
Trata-se da romancista, de ascendência italiana, Donna Tartt, de 50 anos –
nasceu em 23 de dezembro de 1963, em Greenwood, no Estado do Mississippi – que
foi premiada pelo romance “The Goldfinch” (cuja publicação, no Brasil, está
prevista para setembro, pela Companhia das Letras).
A escritora é campeã de
vendas, tanto nos Estados Unidos, quanto nas principais praças mundo afora,
inclusive no Brasil. Seu livro de estréia, “A história secreta”, escrito em
1984 (enquanto ainda cursava o segundo ano na Universidade Benington), mesmo
tardando oito anos para ser publicado (só o foi em 1992), constituiu-se, num
piscar de olhos, em notável best-seller. Em menos de uma semana, esgotou, de
cara, a primeira edição, de 75 mil exemplares, o que, convenhamos, é façanha
rara até para autores consagrados, quanto mais para estreantes. Além do que,
caiu, de imediato, no gosto da crítica, o que conta muito para motivar
leitores. Consequência? O livro foi traduzido para 24 idiomas e, a exemplo do
que ocorreu nos Estados Unidos, esgotou edições e mais edições, inclusive no
Brasil.
Com o segundo romance, “O pequeno amigo”,
publicado em 2002, não foi diferente. O sucesso se repetiu. Muitos duvidavam
que isso pudesse acontecer. Achavam que aquilo que havia acontecido com o
primeiro livro fora um “golpe de sorte”, um desses raros momentos de inspiração
que quase nunca se repetem. Quem pensava dessa maneira, se frustrou. Donna
Tartt emplacou um segundo best-seller, inclusive no Brasil. Claro que havia
enorme expectativa sobre o que ocorreria com a obra seguinte, “The Goldfinch”
(ainda sem título em português), lançado em 2012. E o que aconteceu? Também se tornou
best-seller, nos Estados Unidos e, de quebra, valeu-lhe o Pulitzer, na
categoria de Ficção, deste ano. Por todos os antecedentes e, principalmente
pela qualidade deste novo romance, ninguém pode contestar a justiça da
premiação. E não contesta.
O Pulitzer, criado em
1917 pelo editor Joseph Pulitzer, a exemplo do Nobel, destina-se a premiar quem
se destaque em várias atividades, entre as quais a Literatura. Esta, todavia,
não é seu principal foco (embora, por razões compreensíveis seja o meu). Seu principal
foco são os trabalhos na área de jornalismo. As premiações literárias (diria
melhor, artísticas, pois premia, também, os que atuam no campo da música), são,
digamos, “subsidiárias”. Além da Ficção, premia, também, outras categorias e
contemplou, neste ano, os seguintes autores:
Poesia: livro “3
Section” – Vijay Seshadri
Biografia: livro “Margaret Fuller: A new american life” – Megan
Marshall.
História: livro “The internal enemy: slavery and war in
Virginia 1772-1832” – Alan Taylor
Não-ficção: livro “Toms River: a story of science and salvation”
– Dan Fagin
Peça teatral: “The flick” – Annie Baker
O Prêmio Pulitzer de
Ficção – um dos maiores prêmios literários dos Estados Unidos – é concedido desde 1948 a um romancista
necessariamente norte-americano (no que se diferencia do Nobel de Literatura).
Substitui o de Romance, criado em 1918 e vigente até 1947. A premiação, além da
fama, dá um cheque de U$ 10 mil dólares. Nada mau, não é mesmo? É certo que o
dinheiro dado aos vencedores é muitíssimo inferior ao do Nobel. Estou convicto,
porém, que o ganho financeiro é o que menos importa aos premiados. Trata-se,
apenas, de um bônus a mais a quem consegue essa consagração.
Donna Tartt vem se
juntar a um seletíssimo grupo de escritores norte-americanos reconhecidos com o
Pulitzer, alguns dos quais são tidos e havidos como clássicos da literatura não
apenas dos Estados Unidos, mas do mundo todo. Dois deles ganharam o prêmio duas
vezes. Esta é mais uma das diferenças com o Nobel de Literatura, que é atribuído
uma única vez ao ganhador. Entre
os premiados mais ilustres, eu destacaria: Sinclair Lewis (1926), Thornton
Wilder (1928), Pearl S. Buck (1932), John Steinbeck (1940), Upton Sinclair
(1940), James A. Michener (1948), Ernest Hemmingway (1953), William Faulkner
(1955 e 1963), William Styron (1968), Saul Below (1976), Norman Mailer (1980),
John Kennedy Toole (1981), John Updike (1982 e 1991), Phillip Roth (1998) e
agora Donna Tartt.
Claro que os premiados
que não mencionei não são menos merecedores do que os mencionados. Longe disso.
Ocorre que seu sucesso limitou-se ao âmbito doméstico, o dos Estados Unidos.
Exorto os leitores que ainda não leram os dois livros da nova premiada com o
Pulitzer que os leiam. Certamente, não se arrependerão. E mais, duvido que após
a leitura não considerem justa a decisão dos jurados que lhe outorgaram tão
prestigiosa honraria.
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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