Campinas
está na rota de tornados
Pedro J.
Bondaczuk
Tempestades, como a de ontem, são relativamente
comuns em Campinas, em geral nesta época do ano: metade do verão ou final dessa
estação. No entanto, uma das maiores chuvas de granizo que atingiram a cidade
ocorreu em agosto de 1974. Caiu de madrugada, por volta das cinco horas da
manhã.
Foram tantas as pedras de gelo, que por volta das 18
horas, em frente a diversas casas, havia pilhas de granizo, como se fossem
pedregulhos utilizados para fazer concreto em construções. Vários prédios, da
área central de Campinas, tiveram os vidros estilhaçados, especialmente nos
andares mais elevados. Muitas antenas de televisão vieram abaixo.
Embora a tempestade de ontem não se tratasse de um
tornado, a cidade está na rota desse "monstro da natureza".
Entrevistado pela reportagem do "Correio" em 19 de junho de 1996, o
meteorologista Hilton Silveira Pinto, do Centro de Pesquisa em Agricultura
(Cepagri) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) explicou:
"Do Vale do Ribeira até Mato Grosso, existe uma
área de cerca de 400 quilômetros de largura na qual aparecem tornados.
Campinas, assim como outras cidades da região, estão nessa área", afirmou
o meteorologista.
Os tornados no Brasil aparecem, em geral, em áreas pouco
povoadas, daí a dificuldade para registrá-los. E sua ocorrência é em muito
menor número do que nos Estados Unidos, onde a média é de mil por ano. Na
semana passada, por exemplo, um supermercado foi atingido pelo fenômeno, na
Flórida. Um bebê foi atirado longe pelo vendaval e, milagrosamente, escapou
ileso.
Apesar de estar na rota desse "monstro da
natureza", apenas um tornado foi registrado até hoje, em Campinas.
Aconteceu na noite de 28 de novembro de 1995, no Distrito de Barão Geraldo. Com
ventos de até 140 km/hora, levou apenas cinco minutos para causar prejuízos de
mais de R$ 500 mil à Unicamp, onde destruiu a cobertura do ginásio
Multidisciplinar (cujo peso era equivalente ao de 255 fuscas) e quebrou janelas
da Biblioteca Central da universidade.
Na oportunidade, o tornado arrancou, também, várias
árvores em Barão Geraldo. Os danos só não foram maiores porque a ação do
fenômeno foi localizada. Mas se Campinas tem um único registro, a região conta
com vários.
Em 1965, por exemplo, Jaguariuna foi atingida por um
tornado, que derrubou um galpão na cidade. Em 1991, um tornado se formou na
Serra do Japi, em Jundiaí, e seguiu até Itu. Causou muita destruição pelo
caminho e, em Louveira, jogou um ônibus para fora da estrada e um fusca em cima
de um obelisco.
(Escrito em 3 de março de 1998, para o caderno
Cidades e recusado pelo editor)
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