Acordos precisam ser respeitados
Apesar de muitos não saberem
disso, esse conflito, mais curto do que a segunda conflagração, produziu,
proporcionalmente, muito mais mortes. Mesmo sem haver a bomba atômica e sem o
uso intensivo de aviões em combate e em missões de bombardeio. Grande parte
desse trágico resultado se deveu ao emprego de armas químicas, especialmente
dos chamados gases paralisantes.
Em 1925, vários países selaram um
pacto, em Genebra, para eliminar esse tipo de armamento. Essa convenção
permanece em vigor e foi renovada em várias oportunidades. Mesmo assim,
multiplicam-se denúncias de que tais armas estariam sendo fabricadas em grandes
quantidades em diversas partes do mundo.
No ano passado, seu emprego pôde
ser comprovado no conflito que se desenvolve no Golfo Pérsico, entre o Irã e o
Iraque. Todavia, a comunidade internacional não fez nada de prático para punir
os responsáveis por esse crime. Tudo ficou limitado a denúncias, mesmo a
imprensa tendo documentado a utilização de substâncias tóxicas, mormente por
parte dos iraquianos, contra a população curda.
A controvérsia ressurgiu quando o
governo norte-americano acusou, em fins do ano passado, a Líbia de estar
produzindo armas químicas. O coronel Muammar Khadafy, desacreditado
internacionalmente por suas atitudes radicais, veio a público para desmentir a
denúncia. Disse que a usina, que os EUA disseram que se tratava de uma fábrica
de armamentos, era, apenas, uma indústria de medicamentos.
É claro que ninguém acreditou no
ditador. Aliás, todos os países que sabidamente produzem armas químicas
geralmente juram inocência. Mesmo que haja provas irrefutáveis de que estejam
mentindo. O relacionamento sadio entre povos não se faz com burlas e
falsidades. Estas acabam por desacreditar seus líderes e tornar a convivência
caracterizada por tensões e por conflitos.
Por isso, estamos de acordo com a
proposta norte-americana, de extensão de poderes às Nações Unidas, para que a
entidade mundial possa assumir um papel fiscalizador na questão. E que o país
que for pilhado em infração, seja passivo de severas sanções internacionais,
para que esse meio cruel e estúpido de eliminar vidas humanas (aliás, todos o
são), seja banido para sempre do Planeta.
(Artigo publicado na página 10, Internacional, do Correio Popular, em 3
de março de 1989).
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