Friday, November 29, 2013

Acordos precisam ser respeitados

 Pedro J. Bondaczuk

 A questão da produção e uso de armas químicas vem se arrastando praticamente desde o início deste século. O tema, em determinados instantes, desaparece dos olhos da opinião pública, para retorna, tempos depois, com maior força, sem que se chegue a uma decisão sincera a respeito. Tais armamentos foram vastamente empregados no correr da Primeira Guerra Mundial, com resultados simplesmente catastróficos.

Apesar de muitos não saberem disso, esse conflito, mais curto do que a segunda conflagração, produziu, proporcionalmente, muito mais mortes. Mesmo sem haver a bomba atômica e sem o uso intensivo de aviões em combate e em missões de bombardeio. Grande parte desse trágico resultado se deveu ao emprego de armas químicas, especialmente dos chamados gases paralisantes.

Em 1925, vários países selaram um pacto, em Genebra, para eliminar esse tipo de armamento. Essa convenção permanece em vigor e foi renovada em várias oportunidades. Mesmo assim, multiplicam-se denúncias de que tais armas estariam sendo fabricadas em grandes quantidades em diversas partes do mundo.

No ano passado, seu emprego pôde ser comprovado no conflito que se desenvolve no Golfo Pérsico, entre o Irã e o Iraque. Todavia, a comunidade internacional não fez nada de prático para punir os responsáveis por esse crime. Tudo ficou limitado a denúncias, mesmo a imprensa tendo documentado a utilização de substâncias tóxicas, mormente por parte dos iraquianos, contra a população curda.

A controvérsia ressurgiu quando o governo norte-americano acusou, em fins do ano passado, a Líbia de estar produzindo armas químicas. O coronel Muammar Khadafy, desacreditado internacionalmente por suas atitudes radicais, veio a público para desmentir a denúncia. Disse que a usina, que os EUA disseram que se tratava de uma fábrica de armamentos, era, apenas, uma indústria de medicamentos.

É claro que ninguém acreditou no ditador. Aliás, todos os países que sabidamente produzem armas químicas geralmente juram inocência. Mesmo que haja provas irrefutáveis de que estejam mentindo. O relacionamento sadio entre povos não se faz com burlas e falsidades. Estas acabam por desacreditar seus líderes e tornar a convivência caracterizada por tensões e por conflitos.

Por isso, estamos de acordo com a proposta norte-americana, de extensão de poderes às Nações Unidas, para que a entidade mundial possa assumir um papel fiscalizador na questão. E que o país que for pilhado em infração, seja passivo de severas sanções internacionais, para que esse meio cruel e estúpido de eliminar vidas humanas (aliás, todos o são), seja banido para sempre do Planeta.

(Artigo publicado na página 10, Internacional, do Correio Popular, em 3 de março de 1989).


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