Wednesday, March 29, 2017

Feiúra e banalidade


Pedro J. Bondaczuk


A educação é um processo contínuo, que começa logo no nascimento – quando a natureza nos força a aprender a respirar, a se alimentar utilizando o seio materno e a praticar outros tantos atos vitais de que não nos damos conta – e se encerra, somente, com a nossa morte. Estamos, continuamente, aprendendo, aprendendo e aprendendo, todos os dias, todas as horas, todos os minutos até. Pena que a coisas novas que aprendemos nem sempre são as mais convenientes, ou necessárias, ou mesmo saudáveis para a nossa vida.

Nesse processo de constante aprendizado, atos, exemplos e atitudes, são muito mais importantes do que meras palavras, por mais profundas e bem-utilizadas que sejam. O homem é um animal imitador. Isso faz parte da sua natureza. Nesta época tensa da história, em que imperam o egoísmo e um inconsciente e estúpido materialismo, todavia, se torna cada vez mais difícil a tarefa do educador para ensinar princípios e valores sólidos aos jovens.

Escasseiam exemplos de grandeza, beleza e transcendência e abundam os de violência, cobiça e corrupção. O antropólogo e cientista do comportamento, Konrad Lorenz, chegou a desabafar, certa ocasião, com desalento, em entrevista a um jornal: “Como despertar num adolescente o sentimento de respeito, se tudo o que ele vê ao seu redor é obra humana, feia e banal?!”.

Como? Mostrando-lhe a ação dos grandes líderes do passado, que com idealismo e talento, promoveram importantes saltos na civilização. Não fossem eles, o mundo, certamente, estaria muito pior hoje em dia. Trazendo à baila obras de arte, de poetas, pintores, escultores, compositores etc., que tornaram a vida mais alegre e bela. É questão de justiça. Esses homens merecem nossa lembrança e gratidão. 

Ressalte-se que não há demérito algum, ao contrário do que muitos pensam, em se imitar pessoas dignas de imitação. A rigor, passados 13 mil anos de civilização, com milhares e milhares de gerações se sucedendo, é absolutamente impossível sermos originais. Todos nossos atos e pensamentos, dos mais banais aos mais complexos e transcendentais, são imitados. Alguém, em algum tempo ou lugar, já os praticou.

Desde as primeiras palavras que balbuciamos, dos primeiros passos que damos, das coisas mais triviais que aprendemos, imitamos alguém. O problema é o modelo. Por exemplo, entre Hitler e São Francisco de Assis, é óbvio quem deve nos servir de parâmetro, não é mesmo?

Devemos imitar quem de fato mereça imitação, por seus atos e idéias. E muitos, dos que consideramos (com justiça) “gigantes da espécie”, a merecem. Não se pode negar, no entanto, que a feiúra e a banalidade imperam. Que a cobiça, a violência, a corrupção, as injustiças, a ingratidão e milhares e milhares de outras atitudes condenáveis e perversas prevalecem. Até a ação que deveria ser considerada transcendental (porque o é), foi desvirtuada, corrompida, conspurcada, banalizada e tornada horrível.   


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