Período curto e agitado no
poder
Pedro J. Bondaczuk
A
passagem de John Fitzgerald Kennedy pelo poder foi curta --- ele foi eleito em
8 de novembro de 1960, tomou posse em 20 de janeiro de 1961 e foi assassinado
em 22 de novembro de 1963 --- mas sobretudo agitada. JFK enfrentou crises muito
perigosas em termos de paz mundial com a União Soviética --- por causa da
invasão frustrada da Baía dos Porcos em Cuba, de 17 a 19 de abril de 1961; da
introdução na ilha do primeiro regime comunista do hemisfério, em 1º de maio de
1961; da construção do Muro de Berlim, em 13 de agosto de 1961 e principalmente
da instalação dos mísseis soviéticos com ogivas nucleares em território cubano,
de 22 a 28 de outubro de 1962 --- além de escândalos internos, como seu propalado
romance com a atriz Marilyn Monroe e seu envolvimento com a Máfia.
De
uma coisa, porém, ninguém discorda. O jovem presidente norte-americano era
dotado de um enorme carisma, interna e externamente. Poucos estadistas
freqüentaram mais as páginas políticas er as de fofocas da imprensa como ele.
Fala-se
muito de que a possível causa de seu assassinato estaria ligada à forte
intenção dos militares ultradireitistas do Pentágono de envolverem os Estados
Unidos no Sudeste Asiático. Foi por esta época que Richard Nixon levantou, em
público, a "teoria dominó", sobre o avanço do comunismo no mundo.
Sua
tese era a de que sempre que um país dito democrático caía sob o domínio de
Moscou (ou de Pequim), fatalmente seu vizinho seria o próximo a ser
desestabilizado.
O
assassinato de Kennedy ocorreu exatas três semanas depois que um golpe militar
no então Vietnã do Sul causou a queda do presidente sul-vietnamita, Ngo Dinh
Diem, que culminou na morte desse governante. Copincidência ou não, cinco meses
e três dias depois de JFK haver sido abatido numa rua de Dallas, no Texas --- o
tempo exato para o deslocamento de um grande contingente para o Sudeste da Ásia
--- os Estados Unidos iniciaram sua intervenção armada na região, em 25 de
abril de 1964, cujas conseqüências todos conhecem.
Kennedy
pode ter pago com a sua vida sua insistência em tentar resolver a crise
vietnamita da mesma forma como havia solucionado a dos mísseis: mediante
pressões, negociações ou até ameaças, menos iniciando uma nova guerra.
(Artigo
publicado na página 15, Arte e Lazer, do Correio Popular, em 7 de fevereiro de
1992)
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk.
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