Monday, April 18, 2016

Período curto e agitado no poder


Pedro J. Bondaczuk


A passagem de John Fitzgerald Kennedy pelo poder foi curta --- ele foi eleito em 8 de novembro de 1960, tomou posse em 20 de janeiro de 1961 e foi assassinado em 22 de novembro de 1963 --- mas sobretudo agitada. JFK enfrentou crises muito perigosas em termos de paz mundial com a União Soviética --- por causa da invasão frustrada da Baía dos Porcos em Cuba, de 17 a 19 de abril de 1961; da introdução na ilha do primeiro regime comunista do hemisfério, em 1º de maio de 1961; da construção do Muro de Berlim, em 13 de agosto de 1961 e principalmente da instalação dos mísseis soviéticos com ogivas nucleares em território cubano, de 22 a 28 de outubro de 1962 --- além de escândalos internos, como seu propalado romance com a atriz Marilyn Monroe e seu envolvimento com a Máfia.

De uma coisa, porém, ninguém discorda. O jovem presidente norte-americano era dotado de um enorme carisma, interna e externamente. Poucos estadistas freqüentaram mais as páginas políticas er as de fofocas da imprensa como ele.

Fala-se muito de que a possível causa de seu assassinato estaria ligada à forte intenção dos militares ultradireitistas do Pentágono de envolverem os Estados Unidos no Sudeste Asiático. Foi por esta época que Richard Nixon levantou, em público, a "teoria dominó", sobre o avanço do comunismo no mundo.

Sua tese era a de que sempre que um país dito democrático caía sob o domínio de Moscou (ou de Pequim), fatalmente seu vizinho seria o próximo a ser desestabilizado.

O assassinato de Kennedy ocorreu exatas três semanas depois que um golpe militar no então Vietnã do Sul causou a queda do presidente sul-vietnamita, Ngo Dinh Diem, que culminou na morte desse governante. Copincidência ou não, cinco meses e três dias depois de JFK haver sido abatido numa rua de Dallas, no Texas --- o tempo exato para o deslocamento de um grande contingente para o Sudeste da Ásia --- os Estados Unidos iniciaram sua intervenção armada na região, em 25 de abril de 1964, cujas conseqüências todos conhecem.

Kennedy pode ter pago com a sua vida sua insistência em tentar resolver a crise vietnamita da mesma forma como havia solucionado a dos mísseis: mediante pressões, negociações ou até ameaças, menos iniciando uma nova guerra.

(Artigo publicado na página 15, Arte e Lazer, do Correio Popular, em 7 de fevereiro de 1992)

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