Friday, April 01, 2016

Hora da decisão


Pedro J. Bondaczuk


A longa guerra de desgaste que o Irã impôs ao Iraque, a partir de 1981, parece estar, finalmente, atingindo os objetivos do líder iraniano, aiatolá Ruhollah Khomeini. O conflito do Golfo Pérsico, iniciado com ofensivas fulminantes dos iraquianos, em 19 de novembro de 1980, quando as tropas de Bagdá conquistaram, em poucas semanas, praticamente um terço do território inimigo, está exatamente dentro do que os observadores internacionais previam na época.

Nós mesmos afirmávamos na ocasião que ou o Iraque chegava até Teerã, aproveitando a desorganização porque passava o adversário, em poucas semanas e liquidava o conflito, ou então, fatalmente, se desse tempo aos iranianos, não teria maiores chances.

Recorde-se que, quando a guerra começou, o regime do aiatolá Khomeini vivia em plena efervescência revolucionário, com os diplomatas norte-americanos ainda sendo mantidos como reféns na embaixada dos EUA em Teerã. Em conseqüência, o ex-presidente Jimmy Carter determinara o congelamento de uma enorme soma em dinheiro de fundos iranianos depositados em bancos do seu país, deixando o Irã sem possibilidades de comprar as indispensáveis peças de reposição para os seus Phantoms F-4 ou adquirir novos armamentos.

O fôlego do Iraque não foi suficiente para passar além dos imensos desertos próximos à sua fronteira. E o inimigo, lentamente, foi rechaçando as tropas de Bagdá, empurrando-as, pacientemente, para os seus próprios limites nacionais.

Agora, segundo os estrategistas, o perigo real começa. O Irã parece estar concentrando forças para um ataque final, que poderia internacionalizar essa guerra, envolvendo os seis países produtores de petróleo do Golfo Pérsico na luta e comprometendo, seriamente, o abastecimento energético do Ocidente. E isso, certamente, os países industrializados não vão permiti. O que farão? Ainda é uma incógnita, como de resto é tudo o que envolve o ex-gendarme do Golfo Pérsico, desde a queda do xá Rhezza Pahlevi.   .

(Artigo publicado na página 12, Internacional, do Correio Popular, em 17 de maio de 1984)


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