Hora
da decisão
Pedro J. Bondaczuk
A longa guerra de desgaste que o Irã impôs ao
Iraque, a partir de 1981, parece estar, finalmente, atingindo os objetivos do
líder iraniano, aiatolá Ruhollah Khomeini. O conflito do Golfo Pérsico,
iniciado com ofensivas fulminantes dos iraquianos, em 19 de novembro de 1980,
quando as tropas de Bagdá conquistaram, em poucas semanas, praticamente um
terço do território inimigo, está exatamente dentro do que os observadores
internacionais previam na época.
Nós mesmos afirmávamos na ocasião que ou o Iraque
chegava até Teerã, aproveitando a desorganização porque passava o adversário,
em poucas semanas e liquidava o conflito, ou então, fatalmente, se desse tempo
aos iranianos, não teria maiores chances.
Recorde-se que, quando a guerra começou, o regime do
aiatolá Khomeini vivia em plena efervescência revolucionário, com os diplomatas
norte-americanos ainda sendo mantidos como reféns na embaixada dos EUA em
Teerã. Em conseqüência, o ex-presidente Jimmy Carter determinara o congelamento
de uma enorme soma em dinheiro de fundos iranianos depositados em bancos do seu
país, deixando o Irã sem possibilidades de comprar as indispensáveis peças de
reposição para os seus Phantoms F-4 ou adquirir novos armamentos.
O fôlego do Iraque não foi suficiente para passar
além dos imensos desertos próximos à sua fronteira. E o inimigo, lentamente,
foi rechaçando as tropas de Bagdá, empurrando-as, pacientemente, para os seus
próprios limites nacionais.
Agora, segundo os estrategistas, o perigo real começa.
O Irã parece estar concentrando forças para um ataque final, que poderia
internacionalizar essa guerra, envolvendo os seis países produtores de petróleo
do Golfo Pérsico na luta e comprometendo, seriamente, o abastecimento
energético do Ocidente. E isso, certamente, os países industrializados não vão
permiti. O que farão? Ainda é uma incógnita, como de resto é tudo o que envolve
o ex-gendarme do Golfo Pérsico, desde a queda do xá Rhezza Pahlevi. .
(Artigo publicado na página 12, Internacional, do
Correio Popular, em 17 de maio de 1984)
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