Personagem que tornou
sua criadora bilionária
Pedro
J. Bondaczuk
A Literatura é uma
atividade econômica minimamente lucrativa para o escritor (não me refiro à
indústria editorial)? É possível, a quem a exerce, viver exclusivamente de sua
renda? Vou mais longe. Os mais aptos e criativos conseguem enriquecer
exclusivamente com a venda dos livros que escrevem? A resposta que tenho para
todas essas questões, baseado em minha experiência pessoal e nas observações
que tenho feito a propósito é um enfático e sonoro (diria gritante) NÃO!!!
Claro que, como em toda a regra, aqui também há exceções. Porém, a imensa
maioria dos escritores, do Brasil e dos países com maior tradição literária
cujo povo tem muitíssimo mais gosto pela leitura que o nosso, não consegue sobreviver
apenas com a venda de seus livros. Isso, claro, quando eles não encalham nas
prateleiras das livrarias.
Há, eu sei, nos Estados
Unidos, em vários países da Europa, além do Japão e de um ou outro lugar do
mundo, quem consiga fazer da Literatura uma profissão rentável. Mas são
raríssimos. Enriquecer, então, é coisa praticamente inconcebível, embora haja
um ou outro caso extraordinário de autores que, por um motivo explicável ou
inexplicável (e nem sempre pela qualidade literária do que produz) consegue
essa proeza. Esses, porém, são raras, raríssimas exceções. A imensa maioria tem
que exercer outra atividade profissional qualquer – jornalismo, magistério,
medicina, advocacia etc.etc.etc. – para sobreviver com dignidade e poder pagar
suas contas em dia, além de sustentar a família.
Tenho na ponta da
língua, todavia, o nome de uma pessoa que não só se sustenta (ou pode se
sustentar) com o fruto exclusivo dos livros que publica e vende, como foi mais
longe: enriqueceu com isso. E mais, tornou-se não milionária, mas bilionária.
Não, prezado leitor, não se trata de Paulo Coelho, embora este seja, sem
dúvida, fenômeno em termos de sucesso editorial. Não é nenhum brasileiro, por
sinal. Trata-se de uma mulher, o que torna o caso ainda mais raro e, por isso,
muito mais notável. É a inglesa J. K. Rowling, autora da série de livros que se
tornou uma espécie de mania mundial, Harry Potter!!!!
Conforme os últimos
dados que consegui coletar – por sinal,
bastante defasados – até fevereiro de 2004, os vários volumes dessa
popularíssima saga haviam sido traduzidos para 64 línguas. Mas não se trata da
informação mais relevante. A que considero destacável é que haviam sido
vendidas, até então, mais de 450 milhões de cópias! Conforme estimativas da
Forbes, J. K. Rowling havia abocanhado a bagatela de 576 milhões de libras
esterlinas com as vendas de seus romances. Convertida em dólares, essa
arrecadação era de mais ou menos US$ 1 bilhão!!! Portanto, já em 2004, a
escritora inglesa havia se tornado a primeira pessoa da história a ficar
bilionária exclusivamente com o produto dos seus livros!!! Hoje, nem faço idéia
de a quanto ascende seu rendimento anual, ou mensal ou mesmo diário (que deve
ser imenso) com a série Harry Potter, incluindo, aí, a renda gerada pela
filmagem de vários episódios.
Para o leitor ter
pálida idéia do que isso significa, informo, com base em dados colhidos na
enciclopédia eletrônica Wikipédia, que já em 2006, J. K. Rowling foi nomeada,
pela revista Forbes, como a segunda personalidade feminina mais rica do mundo,
atrás apenas da apresentadora da televisão americana Oprah Winfrey, e à frente
de nomes como a rainha Elizabeth II, Madonna e Gisele Bündchen, respectivamente
na terceira, quarta e quinta posições. Em 2007 ficou com a posição 891 dos
bilionários do mundo na relação da revista. Nesse mesmo ano, ficou com o número
48 da lista da Forbes "100 Celebridades". Imaginem hoje!!!
Pois a décima mulher
citada na série “Catorze personagens femininas inesquecíveis”, organizada pelo
site “Homo Literatus” (WWW.homoliteratrus.com)
é uma protagonista da saga Harry Potter. Como tudo o que é ligado a J. K.
Rowling é superlativo, essa protagonista também descamba para exageros: tem
nome, sobrenome e até data de nascimento. Trata-se de Hermione Jean Weasley
(Hermione Granger; quando solteira), nascida em 19 de setembro de 1979. Ela é a
escolha de alguém que também tem referências superlativas (é empresário, ator,
roteirista, professor, diretor de teatro amador, designer gráfico, praticante
de arte marcial, instrutor de arma tática, e escritor, ufa!!!), o francano Maik
Anderson Barbara, autor do livro “O mestre mantenedor de mundos”.
Como a pesquisa do site
- que reúne catorze especialistas em Literatura que têm que escolher apenas uma
única personagem feminina que considere inesquecível – impõe, como regra, que
cada um dos convidados justifique sua opção, este décimo votante justificou
assim a escolha da protagonista da única escritora bilionária da história da
literatura mundial:
“Nome inspirado em
Shakespeare (Conto de Inverno) e também na forma feminina pré-Grécia do Deus
Hermes, que entre outros atributos era a divindade da magia. Hermione Jean
Granger é uma dos três protagonistas da saga que marcou a última geração de
leitores, Harry Potter. Personagem marcante por sua coragem, idealismo,
inteligência e determinação. Acreditava que todo o conhecimento necessário
seria fornecido pelos livros. É a grande responsável pela liga tão forte do
trio de heróis. A adaptação do cinema não fez justiça a sua essência”.
Maik observou ainda:
“Os leitores, contudo, puderam crescer junto com a personagem ao longo dos sete
volumes da autora J. K. Rowling. Hermione caracterizou muito bem os problemas
típicos de uma estudante – de magia. Além do mais, precisou exercer a amizade
em níveis sequer imaginados. Talvez, o que nos encanta nessa personagem de
literatura fantástica seja o fato dela também ter pais trouxas, como nós. O
carisma da personagem e empatia imposta aos leitores fez de Hermione a segunda
personagem mais popular da saga, perdendo apenas para Severo Snape – pesquisa
feita pela editora Bloomsbury, Lovefilm e associação Filmclub”. A justificativa
de Maik é tão competente e tão bem resumida, que não comporta qualquer
acréscimo. Portanto...
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