Reversão
de expectativas
Pedro J. Bondaczuk
As
perspectivas para o ano de 2015, que vai começar na próxima quinta-feira, a
julgar pelas previsões e projeções de especialistas nas mais diversas áreas de
atividades, não são das melhores. As pessoas estão aflitas e assustadas, e com
certa dose de razão. Mas não toda. Temos que considerar que os que fazem
extrapolações ou tentam adivinhar o que não aconteceu e pode nunca acontecer
são, por costume ou por vício, ou sabe-se lá por qual razão, renitentes
pessimistas. Alguns vão mais longe: são catastrofistas. A sorte deles é que
ninguém confere, no final do ano, suas previsões, projeções ou adivinhações.
Salvo engano, erram quase todas.
Prevê-se,
por exemplo, a persistência da instabilidade política na arena internacional. É
provável, por exemplo, que persistam os atos de hostilidade na Ucrânia,
confrontando separatistas pró-Rússia e nacionalistas. As instabilidades na Ásia
tendem a se manter, principalmente no caótico Afeganistão. Isso sem falar no
permanentemente instável Oriente Médio, onde o Estado Islâmico, entre Síria e
Iraque, é o atual fator de desestabilização, com a indefectível presença
norte-americana. Cá para nós: como esses caras gostam de uma encrenca! O
panorama econômico, por seu turno, não é igualmente dos mais tranqüilizadores,
em especial no nosso País, fragilizado pelos efeitos da prolongada crise
econômica mundial. É verdade que os Estados Unidos dão sinais animadores de
recuperação. Mas os outros países do chamado Primeiro Mundo... parece que
continuam a patinar.
O
pífio crescimento do PIB brasileiro (projetado em menos de 1%), a ameaça
onipresente da inflação, o escândalo da Petrobrás e outras tantas e tantas
“nuvens escuras” de tempestade são as principais ameaças ao primeiro ano do
segundo mandato da presidente Dilma Roussef. Como se vê, há dificuldades,
dificuldades e mais dificuldades à nossa frente, comprometendo nosso
planejamento para um futuro que se afigura cada vez mais sombrio e afetando
nosso humor e, por conseqüência, nossa saúde. Se me fosse dada a tarefa de lhe
dar um conselho, caro leitor, eu diria somente: “não esquenta”!
Há
motivos concretos para se desesperar? Essa situação de crise generalizada e de
violência desabrida é irreversível e sem conserto? Depende. O homem tem a
capacidade de mudar qualquer situação, por pior que seja, desde que tenha,
claro, vontade e aja nesse sentido. Sabem de uma coisa? Não ficarei nem um
pouco surpreso se, ao cabo de 2015, nenhuma das previsões catastróficas, ou
pelo menos a maioria delas, não se concretize e se o País e o mundo retomarem a
trilha da paz, da tranqüilidade e do progresso.
Este
será, por exemplo, no futebol, o ano em que teremos duas Copas América, uma das
quais nos Estados Unidos, comemorativa de qualquer coisa que não tenho certeza
qual é. Serão, pois, duas oportunidades para a Seleção Brasileira tentar se
redimir, pelo menos em parte, daqueles absurdos 7 a 1 que levou nas costas, da
Alemanha, no jogo que eu, pelo menos, gostaria de esquecer, válido pelas
semifinais da segunda, e bifracassada Copa do Mundo disputada no Brasil. Desta
vez o vexame foi daqueles para nenhum masoquista com complexo de viralatas
botar defeito. Pudera!. O torcedor brasileiro está cabisbaixo, apreensivo e
compreensivelmente ressabiado, duvidando da nossa seleção agora comandada (de
novo) pelo polêmico e brigão Dunga, apostando em novo e catastrófico vexame.
Bobagem.
Já
vi o nosso futebol sair lá do fundo do abismo da mediocridade e da
desorganização (como em 1966, por exemplo, ou em 1990) para conquistar vitórias
surpreendentes e memoráveis. Não há porque o fato não se repetir. As Copas são
competições, cheias de nuanças imprevisíveis, onde ninguém é campeão, ou
derrotado, de véspera. As coisas se decidem, mesmo, é no gramado, e não nas
críticas e previsões derrotistas de críticos e comentaristas, que não são e nem
vão ser jamais os donos da verdade.
Eles
já cometeram erros grotescos de avaliação no passado, em inúmeras ocasiões,
como nas Copas de 1958, de 1970 e 1994, por exemplo, só que têm memória curta.
Tenho a intuição que, mais uma vez, vão queimar a língua. Tomara que sim. Acho
uma tremenda bobagem ficar se autoflagelando pela eternidade por causa do
fatídico placar de 7 a 1 deste ano. Devem-se extrair lições desse desastre,
óbvio, e tocar a bola para frente. Sei lá... pode ser que no ano que vem, ou no
próximo, ou daqui uma década, ou sabe-se lá quando, o Brasil devolva a
humilhação sofrida no Mineirão e faça os germânicos dançarem, na marra,
miudinho, um samba bem ritmado.
Como
sempre acontece, os meios de comunicação, salvo uma ou outra honrosa exceção,
provavelmente vão ser usados para confundir a cabeça do cidadão, com mensagens
favoráveis (duvido) ou contrárias (com certeza) ao governo. E daí? Onde a
novidade? E porventura eles são donos da verdade? De que verdade? O cidadão
consciente é que deve se precaver contra a manipulação de informações, para não
fazer o papel de idiota. Precisa, antes de tudo, buscar estar bem informado e
usar seu senso crítico ou, quem sabe, a intuição (confio mais nela).
No
mais, é trabalhar, trabalhar e trabalhar. Não se vai a lugar algum sem
trabalho. E nunca se omitir da vida pública. O caminho mais curto e direto para
a catástrofe é o da omissão. "Não há bem que sempre dure e nem mal que
nunca se acabe". Ajamos de forma tal que venhamos a calar, no final de
2015, a voz das cassandras de mau agouro, que tanto nos assustam e incomodam.
O
notável bardo inglês, William Shakespeare, constatou, em uma de suas geniais
produções, com a sabedoria que o caracterizou e que por isso vem resistindo aos
séculos: "A vida do homem é uma trama tecida de bons e maus fios".
Confiemos no lado positivo das pessoas e não nos omitamos jamais de dar nossa
constante e permanente contribuição positiva, para mudar o panorama sombrio que
aí está. Façamos de 2015 um dos melhores e mais vitoriosos anos de nossas
vidas. Nós podemos! Duvidam? Pois tentem!!! É o desafio que temos diante de
nós. Só tentando saberemos se as perspectivas negativas são reversíveis ou não.
Não há outro jeito!
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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