Saturday, December 13, 2014

Questão de sobrevivência, não de economia



Pedro J. Bondaczuk


A atmosfera terrestre é uma combinação raríssima e bem dosada de dois gases principais, o oxigênio e o nitrogênio (também conhecido por azoto) e mais alguns que não se sabe se existiam na composição original, antes que o homem começasse a poluir o seu domos cósmico ou foram emitidos depois. Por isso, embora as probabilidades matemáticas sejam de que existam pelo menos 300 mil planetas como o nosso, com condições de existência de vida, os cientistas, com os dados que dispõem, duvidam disso. Acreditam que esse dom misterioso e maravilhoso possa existir aqui e tão somente aqui, em toda a imensa vastidão do universo. É claro que essa informação, certamente, ninguém jamais irá saber com exatidão. Mas pela raridade da combinação gasosa da atmosfera, isto é o mais provável.

Pois bem, mesmo assim, o homem, que tem um dom que os outros seres viventes não possuem, o de discernir acerca de tudo o rodeia e até de transformar, em seu favor, condições adversas, não se deu conta, ainda, da fragilidade desse produto, absolutamente vital, que denominou de “ar”.

Ao desenvolver inventos extraordinários, que aumentaram, em muito, a sua capacidade de locomoção, não levou em conta todos os fatores em jogo. Como por exemplo, deixou de considerar os resíduos provenientes da combustão de derivados de petróleo e de carvão e para onde eles iriam. Perfurou, dessa forma, o solo, e passou a extrair, cada vez maiôs, quantidades sempre crescentes desses fósseis, que a natureza levou bilhões de anos para produzir e que ele está conseguindo exaurir no espaço, apenas, de pouco mais de um século.

Ou seja, o homem retirou um determinado produto químico do subsolo, transformou-o, para torná-lo num combustível capaz de mover motores a explosão, que por seu turno transformam o gás que é expulso pelos canos de escapamento de cerca de 600 milhões de veículos no perigosíssimo e letal gás carbônico.

Se alguém duvidar dos riscos para a saúde humana desse subproduto final da gasolina, basta que acelere seu carro numa garagem fechada. Só que, se fizer isso, não conseguirá narrar a sua experiência para ninguém. Certamente morrerá envenenado.

Pois é este tóxico terrível, que este ser, pretensamente inteligente, lança na atmosfera, que é absolutamente indispensável que se mantenha pura para que haja vida sobre a Terra, à razão de bilhões de toneladas por hora! Por causa desta agressão ao meio ambiente, o mundo corre, hoje, grave, gravíssimo perigo.

A temperatura do Planeta está subindo dramaticamente. O clima, perturbado em suas leis, rebela-se e produz catástrofes terríveis, em números crescentes. Basta alguém mais curioso consultar os noticiários de jornais, somente deste ano, para entender a gravidade da situação e perceber que não há exagero em nossas afirmações.

Mas o homem continua discutindo o sexo dos anjos. Ou seja, o lado puramente econômico da questão, esquecido que a economia foi ele que inventou, mas a natureza, não. É possível ter esperança diante deste comportamento?

(Artigo publicado na página 10, Internacional, do Correio Popular, em 25 de junho de 1988).


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