Saturday, August 16, 2014

Requer-se um novo ensino


Pedro J. Bondaczuk


As transformações ocorridas no mundo moderno, em virtude das novas e sofisticadas tecnologias e das rápidas mudanças de comportamento, impõem a necessidade de um novo tipo de ensino nas escolas, muito diferente do tradicional, já a partir da fase posterior à alfabetização.

Atualmente, qualquer criança razoavelmente instruída, na faixa dos seus oito a dez anos, tem o conhecimento mínimo que lhe possibilita operar um computador e portanto se ligar ("plugar-se" na linguagem dos jovens maníacos em informática) ao mundo. Além disso, ouve rádio, assiste televisão e (se alfabetizada) lê revistas.

Daí tornar-se redundante forçá-la a decorar nomes de lugares, datas e outros tipos de informação, que ela poderá obter instantaneamente, com um simples "clique" no teclado do seu micro.

Mais prático e inteligente será ensiná-la o que fazer com esses dados. Instruí-la a pensar. Desafiá-la a raciocinar. Confrontá-la com problemas práticos, de formas a que desde tenra idade aprenda a encontrar soluções para qualquer tipo de questão, pessoal ou comunitária.

Uma das ferramentas que possibilitam tudo isso (e muito mais), a um custo irrisório, é o jornal diário. O mundo gera, em um único dia, um volume de informações equivalente ao produzido pela humanidade desde o início da civilização. E essa avalanche informativa está à disposição do público através dos mais diversos meios. Está democratizada. Chega às pessoas por telefone, rádio, televisão, computador e jornal.

O desafio enfrentado pelo homem contemporâneo, no entanto, é "o que fazer" com essa imensa massa de conhecimentos. Ela precisa ser processada, digerida, racionalizada, para se tornar útil.

O jornalista é confrontado diariamente com esse tipo de problema. Está condicionado a "filtrar" o que é de interesse imediato do leitor e a publicar esse material da forma mais clara e exata possíveis, de formas a que seja inteligível a pessoas de todos os níveis culturais. Daí o jornal ser essa ferramenta poderosa não apenas de informação, mas sobretudo de "formação" da cidadania.

Essa tarefa é sobretudo dos editores. O processamento de informações, com rigor e verdade, é a sua missão. Prova da eficiência do uso do jornal, como moderno e eficaz instrumental de ensino, são as 8 exposições de trabalhos feitos por alunos das escolas que participam do projeto Correio-Escola, tendo por base sua leitura em sala de aula. Essas crianças e adolescentes têm o privilégio de estar um passo à frente das demais, em termos de aprendizado.

Não se limitam a se informar, como as outras. Não estão restritas a dados enciclopédicos, muitas vezes sem nenhuma utilidade presente ou futura, como ocorre na maioria das escolas. Exercitam, desde cedo, o que o homem tem de mais nobre e que o distingue das demais criaturas: raciocinam.

(Artigo publicado no Correio Popular em 7 de outubro de 1996).



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