Requer-se um novo ensino
Pedro J. Bondaczuk
As
transformações ocorridas no mundo moderno, em virtude das novas e sofisticadas
tecnologias e das rápidas mudanças de comportamento, impõem a necessidade de um
novo tipo de ensino nas escolas, muito diferente do tradicional, já a partir da
fase posterior à alfabetização.
Atualmente,
qualquer criança razoavelmente instruída, na faixa dos seus oito a dez anos,
tem o conhecimento mínimo que lhe possibilita operar um computador e portanto
se ligar ("plugar-se" na linguagem dos jovens maníacos em
informática) ao mundo. Além disso, ouve rádio, assiste televisão e (se
alfabetizada) lê revistas.
Daí
tornar-se redundante forçá-la a decorar nomes de lugares, datas e outros tipos
de informação, que ela poderá obter instantaneamente, com um simples
"clique" no teclado do seu micro.
Mais
prático e inteligente será ensiná-la o que fazer com esses dados. Instruí-la a
pensar. Desafiá-la a raciocinar. Confrontá-la com problemas práticos, de formas
a que desde tenra idade aprenda a encontrar soluções para qualquer tipo de
questão, pessoal ou comunitária.
Uma
das ferramentas que possibilitam tudo isso (e muito mais), a um custo
irrisório, é o jornal diário. O mundo gera, em um único dia, um volume de
informações equivalente ao produzido pela humanidade desde o início da
civilização. E essa avalanche informativa está à disposição do público através
dos mais diversos meios. Está democratizada. Chega às pessoas por telefone,
rádio, televisão, computador e jornal.
O
desafio enfrentado pelo homem contemporâneo, no entanto, é "o que
fazer" com essa imensa massa de conhecimentos. Ela precisa ser processada,
digerida, racionalizada, para se tornar útil.
O
jornalista é confrontado diariamente com esse tipo de problema. Está condicionado
a "filtrar" o que é de interesse imediato do leitor e a publicar esse
material da forma mais clara e exata possíveis, de formas a que seja
inteligível a pessoas de todos os níveis culturais. Daí o jornal ser essa
ferramenta poderosa não apenas de informação, mas sobretudo de
"formação" da cidadania.
Essa
tarefa é sobretudo dos editores. O processamento de informações, com rigor e
verdade, é a sua missão. Prova da eficiência do uso do jornal, como moderno e
eficaz instrumental de ensino, são as 8 exposições de trabalhos feitos por
alunos das escolas que participam do projeto Correio-Escola, tendo por base sua
leitura em sala de aula. Essas crianças e adolescentes têm o privilégio de
estar um passo à frente das demais, em termos de aprendizado.
Não
se limitam a se informar, como as outras. Não estão restritas a dados
enciclopédicos, muitas vezes sem nenhuma utilidade presente ou futura, como
ocorre na maioria das escolas. Exercitam, desde cedo, o que o homem tem de mais
nobre e que o distingue das demais criaturas: raciocinam.
(Artigo
publicado no Correio Popular em 7 de outubro de 1996).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
No comments:
Post a Comment