Escritora carismática e
sincera
Pedro
J. Bondaczuk
A atriz e escritora (ou
escritora e atriz, como queiram). Kátia Saules é uma dessas pessoas, hoje em
dia cada vez mais raras, que sempre acrescenta algo a quem tem o privilégio de
conhecê-la. Simpática e bonita, seu sorriso franco e honesto desarma, de
imediato, qualquer sujeito mal-humorado. Mas não são apenas estas suas virtudes
pessoais – que, por si sós, já seriam suficientes para que a admiremos e
queiramos sua amizade – que a caracterizam. A isso tudo, Kátia alia
inteligência, talento (e não somente o dramático, mas também o literário) e uma
capacidade ímpar de observação. Tem, sobretudo, carisma. E sinceridade, virtude
cada vez mais rara nestes tempos tão bicudos.
Eu poderia discorrer
horas sem fim sobre sua carreira no complicado e competitivo mundo das artes
dramáticas. Afinal, como atriz, ela está em vias de completar dezesseis anos de
brilhante carreira nos palcos e nas telas país afora. O que me chama, todavia,
em especial a atenção (por motivos óbvios) é sua atuação no não menos árduo e
não menos competitivo campo da Literatura. Escrevi a seu respeito já em duas oportunidades:
quando do lançamento de seu primeiro livro, “Crônicas cruas” e do segundo,
“Crônicas Nuas” (ambos pela Editora Giostri) que, aliás, se complementam. Não
sei se a intenção foi essa, mas se não foi, Kátia acertou na mosca.
A atriz e escritora (ou
escritora e atriz, como queiram), que mora no Rio de Janeiro, esteve em São
Paulo, no último fim de semana, e “arrasou”. Deu show de simpatia,
versatilidade e talento, cumprindo o que parece sua sina: encantar e conquistar
simpatizantes e amigos por onde passe. Agitou, por exemplo, a noite paulistana,
em 23 de agosto (sábado), ao participar de evento literário no Espaço
Parlapatões. Na ocasião, apresentou (e autografou) “Crônicas cruas” e “Crônicas
nuas”, dando show de simpatia e esbanjando versatilidade e carisma. Foi,
claro, um sucesso. E poderia ser
diferente? Creio que não. O evento contou com a presença, óbvio, do ator,
escritor e diretor Hugo Possolo. Para quem não sabe, ou não se lembra, informo
que se trata de um dos fundadores do Grupo Parlapatões de comédia, que utiliza
técnicas circenses e de teatro de rua para transmitir suas mensagens.
No dia seguinte, tudo
se repetiu, agora em “palco” mais amplo. Kátia compareceu á Bienal
Internacional do Livro, que ocorre no Pavilhão de Exposições do Anhembi, onde,
entre outras atividades, fez troca literária com a escritora Thalita Rebouças
(sobre a qual já tive a oportunidade de escrever na ocasião em que lançou uma
de suas obras). Também trocou livros com o cantor Naldo Benny, que lançou, na
oportunidade, sua autobiografia intitulada “Cada vez eu quero mais”. Foi, como
se vê, um final de semana altamente produtivo para a jovem atriz e escritora
(ou escritora e atriz, como queiram).
O que mais me fascina
em Kátia Saules, em sua forma de expressar pensamentos, sentimentos e
observações, é a sinceridade que brota de cada linha dos seus textos. É a
linguagem “nua e crua”, sem enfeites ou arabescos, que utiliza para dizer o que
todos queremos, mas nem sempre conseguimos, ou por interpretarmos
equivocadamente o papel da literatura, ou por medo de ferir suscetibilidades.
Kátia, no entanto, diz
as coisas como sempre devem ser ditas: com sinceridade, honestidade e
transparência. Isso não quer dizer que sua linguagem seja rude, descuidada ou
eivada de erros. Longe disso! Mas entre expor algo “dourando a pílula” e
enfeitando (não raro desnecessariamente) a maneira de exposição e dizer as
coisas com os devidos “pingos nos is”, opta pela segunda. Por isso, seus livros
e seus textos esparsos agradam tanto.
Pincei, a esmo, dois
trechos de suas crônicas, para comprovar o que afirmo. No primeiro, Kátia
escreve: “Os grandes entendedores e
pensadores que me perdoem, mas de vez em quando calar também faz parte… calar
não só pra si, mas pro mundo”. E não é verdade? Não sentimos, volta e meia,
essa vontade de silenciar, ou seja, de fazer do silêncio mensagem até mais
enfática do que a expressada com milhares de palavras? Da minha parte sinto, e
até com muita frequência, essa vontade de calar. E me calo.
Em outro trecho, de uma
de suas crônicas, Kátia traz à baila um comportamento cada vez mais comum, que
incomoda à beça, mas que raramente vi explicitado em algum texto, sobretudo,
literário. Kátia escreve: “É cada vez mais raro ver as pessoas se olhando, se
observando, se paquerando (palavra antiga!)… o que mais sinto falta hoje em dia
é do olho no olho… passo pelas pessoas na rua, na praia, no shopping… o lugar
independe, e as vejo conectadas no celular (que hoje em dia é mais computador
que telefone) de forma que andam sem nem olhar onde pisam. Parece assustador e
é”. E não é?!
Por tudo isso é que
tenho tanta admiração por Kátia Saules. Pela pessoa que é: simpática, bonita,
inteligente e com sorriso devastador, que desarma qualquer sujeito
mal-humorado. E pela escritora: talentosa, carismática, observadora e,
principalmente... sincera, que não hesita em ser “nua e crua” quando os temas
que aborda exigem. É possível não admirar?
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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