Crises e crescimento
pessoal
Pedro
J. Bondaczuk
Ao se abordar o tema
referente às crises, não se pode perder de vista aquelas que são de caráter
individual, as pessoais, que são muito mais freqüentes e disseminadas do que as
coletivas que envolvam associações, comunidades, cidades e países. Pode-se
afirmar, sem erro, que das mais de sete bilhões de pessoas no mundo, não há
aquela que nunca tenha passado por algum momento crítico em sua vida, ou que
não esteja passando, ou que provavelmente não vá passar, embora variando
causas, naturezas, intensidades, duração e conseqüências. Alguns, saem
fortalecidos após essas experiências. Outros tantos, ostentam marcas profundas,
após renhidas batalhas e há, até, os que não suportam situações adversas do
tipo e refugiam-se no álcool ou nas drogas, complicando bastante o que por si
só já é complicado. E, em casos extremos, alguns não suportam as tensões e dão
cabo da própria vida.
Tenho em mãos um texto,
dos mais lúcidos, escrito por Albert Einstein, abordando as oportunidades e os
perigos das crises, cuja abordagem serve tanto pára indivíduos, quanto para coletividades. O
ilustre físico observa, em certo trecho: “Não pretendemos que as coisas mudem se sempre
fazemos o mesmo. A crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e
países, porque traz progressos”. Mas como?!, perguntará, atônito, o leitor.
Fica implícito, todavia, que isso só ocorre com quem saiba lidar com ela e usa
a inteligência e a imaginação para encontrar saídas. Nem todos (diria a minoria)
têm essa habilidade.
Einstein escreve mais: “A criatividade nasce da
angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções,
os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a
si mesmo sem ficar ‘superado’”. E por que isso acontece? Porque nessa situação
perigosa e ameaçadora, de tamanha tensão e angústia, somos forçados pelas
circunstâncias a sairmos da nossa posição de conforto, de um certo comodismo
que adotamos quando as coisas estão caminhando a contento. É então que
descobrimos que somos mais fortes, mais hábeis e mais inteligentes do que
julgávamos. Realizamos feitos que, em condições normais, não nos julgaríamos
capazes de realizar.
Há, claro, os que se deixam abater pelas condições
adversas que repentinamente se vêem obrigadas a encarar. Diria, até, que se
trate da maioria. Fracassam (em um exame, num relacionamento afetivo, num
emprego, numa atividade profissional ou artística ou noutra empreitada
qualquer) e atribuem toda a culpa do fracasso exclusivamente à crise, e não à
sua incompetência em administrar a situação adversa. São incapazes de admitir
seu medo de enfrentar o perigo. Optam, em vez de enfrentá-lo, pelo expediente
da fuga. São perdedores e por culpa exclusivamente sua. Einstein escreve o
seguinte a respeito de quem age assim: ”Quem atribui à crise seus fracassos e
penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais aos problemas do que as
soluções”. São incompetentes e pela sua incompetência deixam escapar por entre
os dedos a oportunidade de crescer. São os que querem que os outros façam por
eles o que lhes compete exclusivamente fazer. Concordo, pois, com o ilustre
físico quando acentua: “A verdadeira crise, é a crise da incompetência”.
A natureza dotou todos os animais, sem exceção, de
um mecanismo de alerta bastante eficaz: o medo. Face qualquer perigo, o
instinto de sobrevivência nos indica duas reações diferentes para pelo menos
tentarmos conservar a integridade física, quando não a vida: enfrentar o que
nos ameace (caso sintamos que temos pelo menos remota chance de vencer quem ou
o que nos submete ao risco iminente) ou, em caso contrário, fugir. Os corajosos
e determinados optam, em geral, pela primeira das reações, caso vislumbrem,
reitero, chances reais de sucesso. Afinal, não se deve confundir coragem com
temeridade. Há situações em que a fuga é o único expediente indicado. É uma
decisão muito complexa, que muitas vezes somos forçados a tomar em fração de
segundos, ou seja, sem tempo para analisar alternativas: os prós e os contras,
Albert Einstein opina sobre o que entende ser a
principal razão de tantos fracassarem diante de alguma crise, saindo dela com
sérios prejuízos, materiais e/ou espirituais, quando poderiam e deveriam
emergir delas mais fortes e melhores: “O inconveniente das pessoas e dos países
é a esperança de encontrar as saídas e soluções fáceis”. Estas, se existirem
(presumo que não existam), são extremamente raras. Dificilmente nos serão
ofertadas de graça, de bandeja, livrando-nos da necessidade de algum tipo de
esforço. Não é assim que as coisas funcionam.
Para Einstein, não devemos fugir das crises (até
porque, trata-se de fuga impossível), mas preparar-nos para superá-las. E não
somente com o mínimo (ou nenhum) prejuízo, mas, sobretudo, extraindo delas todo
o lucro que pudermos. Escreve: “Sem crise não há desafios, sem desafios, a vida
é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que se
aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é
exaltar o conformismo. Em vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com
a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la”.
Einstein está errado? No meu modo de encarar, não. Até porque, como disse um
dia o escritor inglês, H. G. Wells: “A crise de hoje é a anedota de amanhã”.
Pelo menos, é no que acredito
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