Candidatos com o mesmo perfil
Pedro J. Bondaczuk
A
campanha presidencial do corrente ano, nos Estados Unidos, a julgar pelos
resultados das diversas pesquisas de opinião que vem sendo divulgadas quase
todos os dias, está sendo uma das mais acirradas dos últimos tempos. A
igualdade entre os dois candidatos, George Bush e Michael Dukakis, é de tal
sorte, que nenhum comentarista político se atreve a dizer, a esta altura, quem
será o vencedor.
Mesmo
os pesquisadores mostram-se cautelosos, estabelecendo uma margem de erro um
tanto ampla, para não perder credibilidade. Há quem entenda que o debate de
hoje, na Universidade da Cidade de Los Angeles, a tradicional UCLA, poderá
fazer a balança pender para um dos dois lados. A nosso intuição, no entanto, é
que esse equilíbrio será mantido até 8 de novembro próximo, o dia das eleições.
As
posturas, opiniões e promessas, tanto de George Bush, quanto de Michael
Dukakis, são parecidas demais. Por isso, o eleitor está confuso. A diferença
entre eles reside em minúcias, particularidades, quando não somente na
retórica. O candidato republicano, por exemplo, insiste que não vai aumentar
impostos. No entanto, ninguém mais acredita nisso, nem os seus mais fanáticos
correligionários, diante das dimensões do déficit público norte-americano, que
anda pelos estratosféricos US$ 1 trilhão, praticamente cinco vezes o Produto
Interno Bruto brasileiro.
Nesse
aspecto, o governador de Massachusets prefere não fazer segredos. Já avisa de
antemão que caso seja eleito aq carga tributária vai subir mesmo, e não tem
conversa. Até porque, não existe outra forma de restabelecer o equilíbrio
orçamentário do país. As divergências em torno da defesa também são, somente, no terreno da semântica.
Ninguém
acredita, por exemplo, que Dukakis vá parar, de fato, a fabricação maciça de
armamentos nucleares. Afinal, há milhões de trabalhadores que dependem dessa
atividade para garantir os seus salários. Até mesmo o projeto fantasioso do
presidente Ronald Reagan, denominado "guerra nas estrelas", o
candidato democrata já deu a entender que vai continuar, embora ressalvando que
com verbas reduzidas (o que ninguém acredita).
A
impressão que fica ao observador é a de que a menos que um dos dois cometa uma
gafe monumental hoje, o debate não vai decidir coisa alguma. O eleitor terá que
tomar sua decisão final no momento do voto, o que vai tornar as apurações
simplesmente eletrizantes. Que o leitor não se engane e não fique se fiando
muito em pesquisas de opinião. Elas podem ser válidas, mas funcionam somente
quando a situação é mais clara do que esta que caracteriza as próximas eleições
norte-americanas.
(Artigo
publicado na página 13, Internacional, do Correio Popular, em 13 de outubro de
1988)
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