Monday, August 18, 2014

Candidatos com o mesmo perfil


Pedro J. Bondaczuk


A campanha presidencial do corrente ano, nos Estados Unidos, a julgar pelos resultados das diversas pesquisas de opinião que vem sendo divulgadas quase todos os dias, está sendo uma das mais acirradas dos últimos tempos. A igualdade entre os dois candidatos, George Bush e Michael Dukakis, é de tal sorte, que nenhum comentarista político se atreve a dizer, a esta altura, quem será o vencedor.

Mesmo os pesquisadores mostram-se cautelosos, estabelecendo uma margem de erro um tanto ampla, para não perder credibilidade. Há quem entenda que o debate de hoje, na Universidade da Cidade de Los Angeles, a tradicional UCLA, poderá fazer a balança pender para um dos dois lados. A nosso intuição, no entanto, é que esse equilíbrio será mantido até 8 de novembro próximo, o dia das eleições.

As posturas, opiniões e promessas, tanto de George Bush, quanto de Michael Dukakis, são parecidas demais. Por isso, o eleitor está confuso. A diferença entre eles reside em minúcias, particularidades, quando não somente na retórica. O candidato republicano, por exemplo, insiste que não vai aumentar impostos. No entanto, ninguém mais acredita nisso, nem os seus mais fanáticos correligionários, diante das dimensões do déficit público norte-americano, que anda pelos estratosféricos US$ 1 trilhão, praticamente cinco vezes o Produto Interno Bruto brasileiro.

Nesse aspecto, o governador de Massachusets prefere não fazer segredos. Já avisa de antemão que caso seja eleito aq carga tributária vai subir mesmo, e não tem conversa. Até porque, não existe outra forma de restabelecer o equilíbrio orçamentário do país. As divergências em torno da defesa  também são, somente, no terreno da semântica.

Ninguém acredita, por exemplo, que Dukakis vá parar, de fato, a fabricação maciça de armamentos nucleares. Afinal, há milhões de trabalhadores que dependem dessa atividade para garantir os seus salários. Até mesmo o projeto fantasioso do presidente Ronald Reagan, denominado "guerra nas estrelas", o candidato democrata já deu a entender que vai continuar, embora ressalvando que com verbas reduzidas (o que ninguém acredita).

A impressão que fica ao observador é a de que a menos que um dos dois cometa uma gafe monumental hoje, o debate não vai decidir coisa alguma. O eleitor terá que tomar sua decisão final no momento do voto, o que vai tornar as apurações simplesmente eletrizantes. Que o leitor não se engane e não fique se fiando muito em pesquisas de opinião. Elas podem ser válidas, mas funcionam somente quando a situação é mais clara do que esta que caracteriza as próximas eleições norte-americanas.


(Artigo publicado na página 13, Internacional, do Correio Popular, em 13 de outubro de 1988)

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