Saturday, June 14, 2014

Separando o joio do trigo


Pedro J. Bondaczuk


A reserva de mercado, criada no setor dos microcomputadores para proteger a indústria nacional, pode não ser o mecanismo mais adequado para o seu desenvolvimento, se desacompanhada de outras providências que viabilizem a sua implantação. Mas, sem ela, o nascimento desse ramo industrial seria até mesmo impossível no País.

No entanto, é necessário que haja uma separação entre o joio e o trigo. Entre aquele que produz e o que se apropria da produção alheia, em atos de pirataria que não trazem benefícios a ninguém, a não ser ao próprio pirata.

Torna-se necessária, sobretudo,  uma fiscalização do contrabando, que está se tornando uma doença nacional. Muitos dos que agem através desse meio ilegal, acabam tomando o espaço de empresas sérias, que investiram bastante, se organizaram, pagam regularmente seus impostos (que não são poucos) e que, ao final das contas, acabam penalizadas por agirem direito.

O consumidor, principalmente, na hora de adquirir um produto tão caro, precisa ter em mente que nem sempre o preço é o que mais importa. A qualidade deve ser posta sempre na frente, bem como a procedência do produto adquirido.

Digamos que alguém consiga comprar um micro contrabandeado e que tenha algum defeito, não percebido na hora da aquisição. Ao ser descoberta a falha, a quem o comprador irá reclamar? Como se ressarcir de tamanho prejuízo? Quem prefere esse tipo de negócio, além de quase sempre sair prejudicado, está causando danos a toda uma atividade, que ainda está engatinhando no País.

Uma das cunhas para furar a reserva de mercado tem sido, conforme comentam reservadamente alguns empresários, a Zona Franca de Manaus. Há quem importe, de acordo com essas denúncias, equipamentos vedados pela legislação, coloque, simplesmente, uma “marca” nacional nele e o revenda na praça, como sendo fabricado aqui, a um custo mais baixo, concorrendo, deslealmente, com quem seguiu todas as regras desse perigoso jogo, que é o comércio.

Se as acusações têm, ou não, procedência, o crítico é completamente incapaz de dizer, por motivos óbvios. Aliás, nem lhe cabe verificar. Esta é uma tarefa da competência das autoridades. Só que, em geral, como apregoa o surrado clichê, “onde há fumaça, sempre há fogo”. Vai daí...

(Artigo meu, publicado sob pseudônimo, na página 12, Informática, do Correio Popular, em 17 de junho de 1988).


Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk

No comments: