Separando o joio do trigo
Pedro J.
Bondaczuk
A reserva de mercado, criada no setor dos
microcomputadores para proteger a indústria nacional, pode não ser o mecanismo
mais adequado para o seu desenvolvimento, se desacompanhada de outras
providências que viabilizem a sua implantação. Mas, sem ela, o nascimento desse
ramo industrial seria até mesmo impossível no País.
No entanto, é necessário que haja
uma separação entre o joio e o trigo. Entre aquele que produz e o que se
apropria da produção alheia, em atos de pirataria que não trazem benefícios a
ninguém, a não ser ao próprio pirata.
Torna-se necessária,
sobretudo, uma fiscalização do
contrabando, que está se tornando uma doença nacional. Muitos dos que agem
através desse meio ilegal, acabam tomando o espaço de empresas sérias, que
investiram bastante, se organizaram, pagam regularmente seus impostos (que não
são poucos) e que, ao final das contas, acabam penalizadas por agirem direito.
O consumidor, principalmente, na
hora de adquirir um produto tão caro, precisa ter em mente que nem sempre o
preço é o que mais importa. A qualidade deve ser posta sempre na frente, bem
como a procedência do produto adquirido.
Digamos que alguém consiga
comprar um micro contrabandeado e que tenha algum defeito, não percebido na
hora da aquisição. Ao ser descoberta a falha, a quem o comprador irá reclamar?
Como se ressarcir de tamanho prejuízo? Quem prefere esse tipo de negócio, além
de quase sempre sair prejudicado, está causando danos a toda uma atividade, que
ainda está engatinhando no País.
Uma das cunhas para furar a
reserva de mercado tem sido, conforme comentam reservadamente alguns
empresários, a Zona Franca de Manaus. Há quem importe, de acordo com essas
denúncias, equipamentos vedados pela legislação, coloque, simplesmente, uma
“marca” nacional nele e o revenda na praça, como sendo fabricado aqui, a um
custo mais baixo, concorrendo, deslealmente, com quem seguiu todas as regras
desse perigoso jogo, que é o comércio.
Se as acusações têm, ou não,
procedência, o crítico é completamente incapaz de dizer, por motivos óbvios.
Aliás, nem lhe cabe verificar. Esta é uma tarefa da competência das
autoridades. Só que, em geral, como apregoa o surrado clichê, “onde há fumaça,
sempre há fogo”. Vai daí...
(Artigo meu, publicado sob pseudônimo, na página 12, Informática, do
Correio Popular, em 17 de junho de 1988).
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