Thursday, June 12, 2014

Prognósticos não passam de meros palpites

Pedro J. Bondaczuk

O brasileiro, finalmente, se deu conta de que vai haver Copa do Mundo, ao contrário do que um grupinho radical, barulhento, mas pouco (quase nada) representativo, apregoou aos quatro ventos, notadamente nas redes sociais, por meses a fio, desde o início de 2014. Súbito, o País veste-se de verde e amarelo, do Oiapoque ao Chuí. Paira no ar um clima de festa, em alguns lugares mais, em outros menos, mas todos na expectativa do apito inicial do jogo de estréia do espetáculo mais midiático do Planeta envolvendo o Brasil e a Croácia.

Chegou, finalmente. a hora da “onça beber água”, da coisa toda começar. O que ficou pronto, ficou. O que não... que se improvise. Isso vale tanto para os 12 palcos do espetáculo, os estádios (pomposamente chamados de “arenas”), quanto para aeroportos, hotéis, vias de acesso, meios de transporte e até mesmo a própria Seleção Brasileira. O improviso é o verdadeiro esporte nacional.   Afinal, somos ou não somos mestres de improvisação? Nossa característica mais notável é ou não é o tal do “jeitinho”, tão condenado pelos supostos defensores do politicamente correto, mas que, na hora da verdade, são os primeiros a recorrer a esse expediente? Ora, deixem de ser hipócritas, pretensos “árbitros do comportamento”! Vocês sabem que não são melhores do que eu, do que Fulano, do que Sicrano ou Beltrano etc. nesse aspecto. Recorrem, e com contundente freqüência, ao mesmo “jeitinho” de que dez em cada dez brasileiros se valem quando em apuros.

Bem, o fato é que a Copa vai começar, a despeito das ameaças, das críticas, da oportunística exploração política das nossas dificuldades e nossos vícios e mazelas e de tudo o que se disse de ruim da nossa capacidade de organização. Ao fim e ao cabo, o que ficará, no futuro, inscrito na história, não será toda essa agitação prévia. Serão os resultados das disputas no gramado. Se a Seleção Brasileira tiver sucesso, e conquistar o hexa, esta geração de atletas será vista como uma das mais brilhantes, se não a mais, de todos os tempos. Caso contrário... Falar-se-á muito de Itaquerazzos, Minerazzos, Brasiliazzos, Maracanazzos ou seja onde for que o time canarinho naufragar e for desclassificado. É impossível saber de antemão se tal desastre futebolístico irá acontecer (na verdade, se repetir) ou não.

Ao contrário do que os ingênuos supõem (e põe ingenuidade nisso), este tipo de competição não depende propriamente de qualidade técnica, ou pelo menos não só dela. Há que se distinguir Copa de Campeonato. A primeira tem caráter eliminatório e não há confronto de todos contra todos. É uma competição de mata-mata. Uma jornada infeliz, uma única, pode pôr tudo a perder para a Seleção teoricamente melhor, e não raro frente outra capenga e ruim. O campeão não é apurado com base na regularidade. Ou seja, não é o que soma mais pontos positivos, após se confrontar com todos os demais 31 participantes. É o que se sai melhor em apenas sete jogos, não podendo perder e nem empatar a partir do quarto.

Teoricamente, até um “pangaré”, desses que ninguém dá nada por ele, pode surpreender todo o mundo e chegar na frente. É verdade que isso nunca aconteceu nas dezenove Copas anteriores. Pelo menos na teoria, contudo, isso pode ocorrer, para surpresa geral, nesta vigésima. Afinal, além de esporte, o futebol é um jogo. Também está adstrito às incertezas de sorte ou azar. Por isso, o pretenso favoritismo de Brasil, Espanha, Argentina e Alemanha (nesta ordem), arrotado com empáfia por autodenominados “especialistas” em futebol, não passa de mero palpite, como qualquer outro. Alguém acabará acertando, mas não porque conheça melhor os meandros do esporte da multidão, mas por puro acaso.

     
Se fosse possível antecipar, com base em dados concretos, quem será o vencedor, seria redundância promover Copas do Mundo, com todos os gastos que estas implicam. Bastaria dar a taça a esse favorito, que no caso seria muito superior a todos os demais 31 participantes, poupando-se, não somente dinheiro, mas suor, angústias, temores e esperanças que se transformariam em frustrações de tantas gente. É essa incerteza que torna a modalidade e, principalmente, a disputa tão fascinantes. É possível que os quatro favoritos até fiquem pelo caminho e que a Seleção campeã seja, por exemplo, a França, a Bélgica, a Itália, o Chile ou a Holanda. Ou, quem sabe, a Inglaterra, Portugal ou o Uruguai? Por que não? Reitero, trata-se de um jogo e em cada partida jogam onze contra onze, com o confrontos começando, todos, com placar único: de 0 a 0.

A Copa do Mundo no Brasil ficaria para sempre na história se fosse conquistada por alguma “zebra das zebras”. Se a seleção campeã fosse a do Irã, por exemplo, ou da Austrália, Honduras  Coréia do Sul ou Costa Rica, com todo o respeito que essas representações nacionais merecem. É verdade que a probabilidade disso ocorrer é, praticamente, a mesma de eu ganhar sozinho na megassena, claro, se fizer minha “fezinha” (o que raríssimamente faço). Contudo, embora remotíssima, essa possibilidade não pode ser descartada. Creiam ou não, ela existe. Claro que, se houver um mínimo de lógica, uma das quatro favoritas apontadas pela maioria conquistará o cobiçado troféu. Mas qual? Palpite por palpite, prefiro apostar no Brasil. Mas que os prognósticos não têm a mais remota lógica, isso não têm mesmo.


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