Prognósticos não passam
de meros palpites
Pedro
J. Bondaczuk
O brasileiro,
finalmente, se deu conta de que vai haver Copa do Mundo, ao contrário do que um
grupinho radical, barulhento, mas pouco (quase nada) representativo, apregoou
aos quatro ventos, notadamente nas redes sociais, por meses a fio, desde o
início de 2014. Súbito, o País veste-se de verde e amarelo, do Oiapoque ao
Chuí. Paira no ar um clima de festa, em alguns lugares mais, em outros menos,
mas todos na expectativa do apito inicial do jogo de estréia do espetáculo mais
midiático do Planeta envolvendo o Brasil e a Croácia.
Chegou, finalmente. a
hora da “onça beber água”, da coisa toda começar. O que ficou pronto, ficou. O
que não... que se improvise. Isso vale tanto para os 12 palcos do espetáculo,
os estádios (pomposamente chamados de “arenas”), quanto para aeroportos,
hotéis, vias de acesso, meios de transporte e até mesmo a própria Seleção
Brasileira. O improviso é o verdadeiro esporte nacional. Afinal, somos ou não somos mestres de
improvisação? Nossa característica mais notável é ou não é o tal do “jeitinho”,
tão condenado pelos supostos defensores do politicamente correto, mas que, na
hora da verdade, são os primeiros a recorrer a esse expediente? Ora, deixem de ser
hipócritas, pretensos “árbitros do comportamento”! Vocês sabem que não são
melhores do que eu, do que Fulano, do que Sicrano ou Beltrano etc. nesse
aspecto. Recorrem, e com contundente freqüência, ao mesmo “jeitinho” de que dez
em cada dez brasileiros se valem quando em apuros.
Bem, o fato é que a
Copa vai começar, a despeito das ameaças, das críticas, da oportunística
exploração política das nossas dificuldades e nossos vícios e mazelas e de tudo
o que se disse de ruim da nossa capacidade de organização. Ao fim e ao cabo, o
que ficará, no futuro, inscrito na história, não será toda essa agitação
prévia. Serão os resultados das disputas no gramado. Se a Seleção Brasileira
tiver sucesso, e conquistar o hexa, esta geração de atletas será vista como uma
das mais brilhantes, se não a mais, de todos os tempos. Caso contrário...
Falar-se-á muito de Itaquerazzos, Minerazzos, Brasiliazzos, Maracanazzos ou
seja onde for que o time canarinho naufragar e for desclassificado. É
impossível saber de antemão se tal desastre futebolístico irá acontecer (na
verdade, se repetir) ou não.
Ao contrário do que os
ingênuos supõem (e põe ingenuidade nisso), este tipo de competição não depende
propriamente de qualidade técnica, ou pelo menos não só dela. Há que se
distinguir Copa de Campeonato. A primeira tem caráter eliminatório e não há
confronto de todos contra todos. É uma competição de mata-mata. Uma jornada
infeliz, uma única, pode pôr tudo a perder para a Seleção teoricamente melhor,
e não raro frente outra capenga e ruim. O campeão não é apurado com base na
regularidade. Ou seja, não é o que soma mais pontos positivos, após se
confrontar com todos os demais 31 participantes. É o que se sai melhor em
apenas sete jogos, não podendo perder e nem empatar a partir do quarto.
Teoricamente, até um
“pangaré”, desses que ninguém dá nada por ele, pode surpreender todo o mundo e
chegar na frente. É verdade que isso nunca aconteceu nas dezenove Copas
anteriores. Pelo menos na teoria, contudo, isso pode ocorrer, para surpresa
geral, nesta vigésima. Afinal, além de esporte, o futebol é um jogo. Também
está adstrito às incertezas de sorte ou azar. Por isso, o pretenso favoritismo
de Brasil, Espanha, Argentina e Alemanha (nesta ordem), arrotado com empáfia
por autodenominados “especialistas” em futebol, não passa de mero palpite, como
qualquer outro. Alguém acabará acertando, mas não porque conheça melhor os
meandros do esporte da multidão, mas por puro acaso.
Se fosse possível
antecipar, com base em dados concretos, quem será o vencedor, seria redundância
promover Copas do Mundo, com todos os gastos que estas implicam. Bastaria dar a
taça a esse favorito, que no caso seria muito superior a todos os demais 31
participantes, poupando-se, não somente dinheiro, mas suor, angústias, temores
e esperanças que se transformariam em frustrações de tantas gente. É essa
incerteza que torna a modalidade e, principalmente, a disputa tão fascinantes.
É possível que os quatro favoritos até fiquem pelo caminho e que a Seleção
campeã seja, por exemplo, a França, a Bélgica, a Itália, o Chile ou a Holanda.
Ou, quem sabe, a Inglaterra, Portugal ou o Uruguai? Por que não? Reitero,
trata-se de um jogo e em cada partida jogam onze contra onze, com o confrontos
começando, todos, com placar único: de 0 a 0.
A Copa do Mundo no
Brasil ficaria para sempre na história se fosse conquistada por alguma “zebra
das zebras”. Se a seleção campeã fosse a do Irã, por exemplo, ou da Austrália,
Honduras Coréia do Sul ou Costa Rica, com
todo o respeito que essas representações nacionais merecem. É verdade que a
probabilidade disso ocorrer é, praticamente, a mesma de eu ganhar sozinho na
megassena, claro, se fizer minha “fezinha” (o que raríssimamente faço).
Contudo, embora remotíssima, essa possibilidade não pode ser descartada. Creiam
ou não, ela existe. Claro que, se houver um mínimo de lógica, uma das quatro
favoritas apontadas pela maioria conquistará o cobiçado troféu. Mas qual?
Palpite por palpite, prefiro apostar no Brasil. Mas que os prognósticos não têm
a mais remota lógica, isso não têm mesmo.
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