Bateu na trave!
Pedro
J. Bondaczuk
Ufa! Que sufoco! A
desclassificação brasileira da Copa do Mundo (justo desta que nosso País é o
anfitrião) bateu, literalmente, na trave, tanto na prorrogação quanto na
decisão por tiros livres diretos da marca de pênalti, no confronto com a boa
equipe chilena.. Nossa Seleção, aliás, foi salva tanto pelo erro (ou azar?) dos
adversários, quanto pela competência do contestado (e injustiçado) Júlio César.
Que memorável volta por cima que ele deu! A eliminação do Brasil, no Mundial de
2010, no jogo que perdeu para a Holanda, foi atribuída, toda ela, a uma suposta
falha do goleiro, em que o menos culpado foi ele. Mas... já virou mania
nacional eleger “bodes expiatórios” para lançar sobre eles toda a culpa dos
eventuais fracassos da seleção cinco vezes campeã. Em 1950, o responsabilizado
foi Barbosa. Em 2010 a vítima da vez foi Júlio César.
Caso a Seleção
Brasileira fosse eliminada, desta vez o vexame seria muito maior do que o de 64
anos atrás, que continua entalado na garganta da torcida nacional, embora
restem poucos remanescentes que testemunharam aquele fiasco (que eu não
considero como tal). A eliminação teria ocorrido não em uma final, como em
1950, mas em fase inicial da etapa eliminatória. O Brasil não seria vice-campeão
como naquela oportunidade (título que, para nós, não vale nada e é considerado
da mesma forma que a última colocação), mas, dependendo dos critérios, poderia
ocupar um pífio 16° lugar. Esta geração – que se não é uma das melhores da
história, está muito distante de ser das piores – ficaria marcada para sempre
com o signo do fracasso. Ou, para ser mais enfático, do vexame.
Felizmente, as
circunstâncias aleatórias desta vez atuaram a nosso favor. E quis o acaso que o
mesmo atleta, ridicularizado, vilipendiado e marginalizado pela torcida, que
nos últimos quatro anos contestou até sua simples presença entre os
selecionados, evitasse uma decepção nacional muito maior do que aquela de 64
anos antes. Torcedores e, principalmente, a imprensa especializada, se esquecem
que futebol não é ciência exata. Que nem sempre a equipe melhor preparada e com
jogadores mais habilidosos, é a vencedora. Estamos tratando de um jogo, com
todos os fatores aleatórios, de sorte e azar, que o cercam. E não é apenas a
Seleção Brasileira que está sujeita a esses caprichos. Todos os remanescentes
da competição podem amargar inesperadas surpresas.
Dada a má performance
dos comandados de Felipão, salvos pelas traves e pela providencial ação de
Júlio César, muitos (diria a maioria) já estão dando, como líquida e certa, a
eliminação do nosso super estrelado selecionado. É possível prever, com
razoável margem de acerto, algo assim? Entendo que não! Quem pode garantir, por
exemplo, que os adversários (que será apenas mais um, caso o Brasil tropece)
nas fases seguintes, se os pentacampeões avançarem até a final, conseguirão (ou
conseguirá) neutralizar nosso jogador mais habilidoso e decisivo, Neymar, mesmo
que a poder de pancadas, como os chilenos fizeram? Como prever outro erro
grosseiro, igual ou pior ao que Hulk cometeu na cobrança do fatídico arremesso
lateral? Será que o meio de campo brasileiro continuará tão inoperante como se
mostrou na Batalha do Mineirão? Será que Fred passará mais um jogo em branco,
ele que é artilheiro nato, com tanta intimidade com o gol? Será que a
arbitragem fará vistas grossas às infrações dos antagonistas? Será? Será? Será?
Pode até ser que sim, que tudo isso se repita ou ocorra coisa pior. Mas as
probabilidades disso ocorrer são equivalentes às de eu acertar sozinho nos
números da megassena.
Aprendi que, no
futebol, prognósticos não passam de meros palpites. Podemos acertar ou errar,
todavia jamais serão previsões. Ninguém, mas ninguém mesmo tem a mais remota
capacidade de saber de antemão o que não aconteceu e que pode nunca acontecer.
Aliás, como ocorre em tudo na vida. O fato é que o quarto degrau, da escada
metafórica de sete, que conduz ao título da Copa do Mundo, bem ou mal, foi
vencido. É verdade que a Seleção Brasileira não o escalou galhardamente, como
esperávamos. Digamos que “se arrastou” penosamente até ele, bafejada pela
providencial ação do acaso. O fato é que agora restam só três desafios a
separarem esta geração de jogadores da glória. Se ela conseguir vencê-los, será
decantada em verso e prosa por anos e anos a fio. Se claudicar e ficar pelo
caminho... duvido que conte com a mínima complacência de apaixonados
torcedores, movidos exclusivamente por irracionalidade, que não comporta
reconhecimento e nem justiça.
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