Bush perde o impulso
Pedro J. Bondaczuk
O vice-presidente
norte-americano, George Bush, vai Ter que trabalhar bastante se desejar obter a
indicação do Partido Republicano para disputar a presidência em novembro
próximo. Sua posição, a cada dia que passa, fica mais delicada e se não abrir o
olho, terá que interromper a campanha no meio do caminho, por ela ficar
inviabilizada.
Isso
não se deve tanto à derrota que ele sofreu no Estado de Iowa, na última
segunda-feira, que foi meramente circunstancial. Há outros sinais que mostram
que a sua postulação pode estar correndo sério risco. Como por exemplo a
aproximação de Bob Dole em New Hampshire, onde tradicionalmente Bush sempre foi
bem cotado.
A
última pesquisa de opinião nesse Estado aponta que o senador pelo Kansas está a
somente quatro pontos percentuais dele, o que pode até ser atribuído a mera
margem de erro existente em qualquer prévia do tipo e não a eventual diferença
entre os dois aspirantes à indicação.
Para
complicar, o vice-presidente vem sendo envolvido num sem número de acusações,
como a feita anteontem, na sub-comissão de Relações Exteriores do Senado, pelo
ex-cônsul panamenho em Nova York, José Blandon, que o associou ao homem forte
do Panamá, general Manuel Antonio Noriega.
De
acordo com o diplomata, Bush teria telefonado a esse oficial antes da invasão
norte-americana a Granada e pedido a ele para prevenir Fidel Castro para que
não interferisse na operação, revelando, dessa forma, uma missão que permanecia
em segredo até para os funcionários mais íntimos da Casa Branca, a uma
personalidade estrangeira.
O
político texano desmentiu, ontem, essa afirmação, como seria de se esperar.
Pode até ser que esteja falando a verdade e que tenha sido envolvido no
“affaire” sem nada dever. Mas será que os delegados republicanos vão entender
assim? Será que esse novo caso não produzirá um desgaste igual ao já produzido
à imagem pública do vice-presidente com o escândalo “Irã-contras”,
principalmente após o desastroso bate-boca que ele sustentou, em 25 de janeiro
passado, com o jornalista Dan Rather, em plena rede nacional, na cadeia CBS?
É
caso para se conferir. Enquanto isso, o senador Dole (que embora desenvolva uma
campanha na base da pura demagogia, é um político sério e daria um ótimo
presidente), vai colhendo os seus pontinhos de popularidade. Mais na base dos
erros de Bush do que de seus próprios méritos.
A
continuar dessa forma, lá por meados de março, o ex-chefe da CIA estará
desistindo da sua candidatura. A menos que mostre uma garra incomum ou que
tenha um “ás” escondido na manga para usar no momento oportuno.
(Artigo
publicado na página 11, Internacional, do Correio Popular, em 12 de fevereiro
de 1988).
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