Wednesday, June 11, 2014

Bush perde o impulso


Pedro J. Bondaczuk


O vice-presidente norte-americano, George Bush, vai Ter que trabalhar bastante se desejar obter a indicação do Partido Republicano para disputar a presidência em novembro próximo. Sua posição, a cada dia que passa, fica mais delicada e se não abrir o olho, terá que interromper a campanha no meio do caminho, por ela ficar inviabilizada.

Isso não se deve tanto à derrota que ele sofreu no Estado de Iowa, na última segunda-feira, que foi meramente circunstancial. Há outros sinais que mostram que a sua postulação pode estar correndo sério risco. Como por exemplo a aproximação de Bob Dole em New Hampshire, onde tradicionalmente Bush sempre foi bem cotado.

A última pesquisa de opinião nesse Estado aponta que o senador pelo Kansas está a somente quatro pontos percentuais dele, o que pode até ser atribuído a mera margem de erro existente em qualquer prévia do tipo e não a eventual diferença entre os dois aspirantes à indicação.

Para complicar, o vice-presidente vem sendo envolvido num sem número de acusações, como a feita anteontem, na sub-comissão de Relações Exteriores do Senado, pelo ex-cônsul panamenho em Nova York, José Blandon, que o associou ao homem forte do Panamá, general Manuel Antonio Noriega.

De acordo com o diplomata, Bush teria telefonado a esse oficial antes da invasão norte-americana a Granada e pedido a ele para prevenir Fidel Castro para que não interferisse na operação, revelando, dessa forma, uma missão que permanecia em segredo até para os funcionários mais íntimos da Casa Branca, a uma personalidade estrangeira.

O político texano desmentiu, ontem, essa afirmação, como seria de se esperar. Pode até ser que esteja falando a verdade e que tenha sido envolvido no “affaire” sem nada dever. Mas será que os delegados republicanos vão entender assim? Será que esse novo caso não produzirá um desgaste igual ao já produzido à imagem pública do vice-presidente com o escândalo “Irã-contras”, principalmente após o desastroso bate-boca que ele sustentou, em 25 de janeiro passado, com o jornalista Dan Rather, em plena rede nacional, na cadeia CBS?

É caso para se conferir. Enquanto isso, o senador Dole (que embora desenvolva uma campanha na base da pura demagogia, é um político sério e daria um ótimo presidente), vai colhendo os seus pontinhos de popularidade. Mais na base dos erros de Bush do que de seus próprios méritos.

A continuar dessa forma, lá por meados de março, o ex-chefe da CIA estará desistindo da sua candidatura. A menos que mostre uma garra incomum ou que tenha um “ás” escondido na manga para usar no momento oportuno.

(Artigo publicado na página 11, Internacional, do Correio Popular, em 12 de fevereiro de 1988).


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