Emoção na reta final

Pedro J. Bondaczuk

O Campeonato Brasileiro de Futebol de 1998 é um dos mais emocionantes dos últimos tempos, dentro do campo, e dos mais tumultuados, nos bastidores. Enquanto os atletas se esmeram em proporcionar grandes espetáculos, com média muito alta de gols, os "cartolas" e árbitros fazem todo o tipo de "lambanças", espantando o público dos estádios. O Vasco da Gama, por exemplo, através do seu vice-presidente, deputado federal Eurico Miranda, obteve sucessivos adiamentos de seus jogos. Em alguns casos, eles se justificaram, já que o clube disputava, com chances de ganhar (como de fato ganhou), a Copa Libertadores da América. Mas a direção vascaína abusou. O partida contra o Palmeiras, por exemplo, foi adiada duas vezes (a segunda sem nenhum motivo) e ninguém sabe quando vai acontecer. E as arbitragens? Um desastre!

Dentro de campo, no entanto, é emoção em cima de emoção. A duas rodadas do encerramento da fase classificatória da competição, seis times já garantiram vagas nas finais. Outros oito lutam, com chances iguais, pelas duas outras remanescentes. No outro extremo da tabela, dez equipes fazem de tudo para evitar o rebaixamento para a série B. Matematicamente, todas ainda têm chances de escapar (até o "lanterna" América de Natal). Como se vê, todos os 24 clubes têm ainda alguma motivação.

Os dois representantes de Campinas deixaram fugir, no sábado passado, a chance de se afastar da zona de risco. A Ponte Preta, jogando em São José do Rio Preto, contra o Bragantino (que estava com nove jogadores, por causa de duas expulsões), cedeu o empate, em 2 a 2, nos descontos da partida. O Guarani não ficou atrás. Terminou o primeiro tempo, contra o Flamengo, vencendo por 1 a 0, em pleno Maracanã. Em apenas um minuto e meio da segunda fase, contudo, tomou dois gols, por desatenção da defesa, foi derrotado por 2 a 1 e continua ameaçado de rebaixamento. A expectativa, a bem do futebol, é que nas duas últimas rodadas prevaleça o bom desempenho dos atletas dentro do campo, sobre as lambanças dos dirigentes e árbitros. Que os "cartolas" e os homens do apito não estraguem um dos melhores campeonatos dos últimos tempos.

 (Artigo divulgado na revista eletrônica "Barão Virtual", na Internet, na terceira semana de dezembro de 1998)

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