Saturday, October 20, 2012

Irrestrito amor

Pedro J. Bondaczuk

Sinto, outra vez, familiar ansiedade.
Vivo, de novo, em compasso de espera.
O corpo pede, implora saciedade:
sou animal... e já é primavera!

Cheiros, olhares e toques sutis.
Suaves murmúrios, palavras sem nexo.
Caos de emoções e sentimentos gris.
Incontida atração, apelo ao sexo.

Percorro intrincados labirintos.
Detenho-me na saída, afinal,
pois sou feixe de irracionais instintos
e é primavera... sou animal!

Seu corpo, seu cheiro, tudo me atrai.
É tensão que antecede tempestade.
O sangue ferve... sou parte que vai
em busca da sua plena unidade.

Vem, amada, e acolhe este afeto.
Só você me satisfaz e me acalma.
Só em você me realizo e me completo:
amo-a de coração, corpo e alma!

Amada, deixe que os dedos percorram
seu corpo perfeito e escultural.
Desejos se acumulam, amontoam
pois... é primavera... sou animal!

Beije minha boca, ávida, faminta,
Deixe-me vê-la inteiramente nua.
Sinta minha ânsia, meu desejo sinta,
meu corpo é seu... e a minha alma é sua.

Amemo-nos sem pejo e sem temor,
anjos acima do bem e do mal.
Rendamo-nos ao irrestrito amor
pois... é primavera... sou animal!

(Poema composto em Campinas, em 21 de setembro de 1965).

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