Pedro J. Bondaczuk
"O mundo está à beira de uma catástrofe climática, de conseqüências imprevisíveis, por causa do aquecimento do Planeta provocado pela enorme emissão de gases poluentes na atmosfera e da ruptura na camada de ozônio".
Esse alerta dramático foi feito durante a semana por uma renomada instituição preservacionista norte-americana e, ao que tudo indica, não foi levado muito a sério. Ele não mereceu sequer uma nota na maioria dos órgãos de comunicação, sendo tratado como um assunto secundário, atrás das preocupações econômicas e das estrepolias do presidente iraquiano, general Saddam Hussein, no Golfo Pérsico. No entanto, a advertência está solidamente fundamentada em dados concretos.
O tema poluição freqüentou muito as manchetes na década de 60, quando o problema era bem menor do que atualmente. Já então, os dados de que se dispunha eram assustadores. Ninguém, contudo, tomou qualquer providência.
A argumentação, na época, era a de que a miséria era pior do que a agressão ao meio ambiente. Dizia-se que era preciso produzir o máximo de bens, para que toda a humanidade pudesse ter acesso a melhores condições de vida.
Alguns grupos e pessoas, de fato, enriqueceram no período, como nunca. Mas o estado de miserabilidade da maioria da população terrestre multiplicou-se vertiginosamente. Portanto, o patrimônio comum de todos nós foi depredado em benefício de pouquíssimos.
Hoje, a situação na "espaçonave" Terra é gravíssima e poucos se dão conta disso. Ela está superlotada --- está com 5,3 bilhões de "passageiros" --- o lixo acumula-se por toda a parte, pedaços dela são queimados para a geração de energia, o calor aumenta, a fumaça sufoca e a tripulação está mais ameaçada do que nunca. Temas como este ainda são encarados com olímpico pouco caso, como se houvesse outro planeta melhor à nossa espera, depois de depredarmos este. Mas não há!
Não seria possível produzir mais, sem poluir? Não há uma maneira racional de se explorar o que a natureza nos legou sem destruir? Os recursos terrestres não são como a mitológica "cornucópia da abundância", ou seja, inesgotáveis.
O escritor Ulrich Schipke fez uma advertência, num de seus livros, que deveria ser tema de profunda reflexão por parte dos que têm capacidade de decisão: "Encontram-se em evolução cinco processos que ameaçam a existência da nave espacial Terra: explosão demográfica, industrialização descuidada, progressiva carência de alimentos, diminuição das reservas de matérias-primas e poluição do ambiente. Qualquer destes processos pode transformar a Terra num astro tão morto como a Lua". E, infelizmente, isto não é ficção científica.
(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 28 de outubro de 1990).
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