Violência insana
Pedro J. Bondaczuk
A humanidade vive momentos
dramáticos e decisivos, em decorrência da insólita, ousada e
estúpida série de atentados terroristas que atingiu o coração do
poder econômico (Nova York) e político-militar (Washington) do
mundo, com consequências absolutamente imprevisíveis.
O governo norte-americano
(certamente) vai revidar a esses atos de guerra, tão logo seus
autores sejam identificados. Esses incidentes, dependendo do poderio
empregado pelos Estados Unidos em suas ações retaliatórias (se com
armas nucleares ou não) e da sua extensão, pode significar a
semente maldita da temida (e até impensável, por suas implicações
para o Planeta), Terceira Guerra Mundial! Exagero? Tomara que sim!
Assistimos, surpresos e aterrorizados, a um incidente até pior do
que o ataque japonês ao porto de Pearl Harbor, no Hawaí, em 7 de
dezembro de 1941, que precipitou a entrada norte-americana na Segunda
Guerra Mundial.
O caso, logicamente, é de
enorme, imensa, extrema gravidade. Quanta? Depende da intensidade da
resposta a ser dada pela superpotência mundial. Os destinos de toda
a humanidade estão, pois, nas mãos dos líderes da única e
verdadeira potência do nosso tempo, notadamente do seu presidente,
George W. Bush, cujo equilíbrio emocional e tirocínio para
administrar crises, convenhamos, não inspira confiança nem mesmo na
população do seu país. A forma como foi eleito, mediante
controvertida decisão da Corte Suprema dos EUA, após haver sido
derrotado nas urnas pelo democrata Al Gore, é um indicativo de que
não se trata do governante dos sonhos de ninguém.
Nós, campineiros, no entanto,
posto que em menores proporções em termos de consequências, também
estamos em estado de choque. A população sente-se desorientada e
até mesmo incrédula, tomada por um sentimento amargo, misto de
revolta, medo, impotência e incerteza, diante da tragédia que ontem
se abateu sobre as nossas cabeças.
Acabamos de pagar pesadíssimo
tributo à violência e à criminalidade, que continua sua escalada
maldita, de sangue e de destruição, acumulando recordes sobre
recordes, culminando com o chocante e irracional assassinato
(homicídios sempre o são) do jovem e promissor prefeito petista,
Antônio da Costa Santos, o popular e querido "Toninho do PT".
Essa morte, que abalou a nossa
sociedade até suas raízes e repercutiu dolorosamente em todo o País
(e no Exterior), veio, desgraçadamente, confirmar o que há muito já
sabemos, embora estejamos impotentes para mudar. Ou seja, que estamos
totalmente à mercê de bandidos impiedosos e selvagens que, usando
como pretexto as dificuldades econômicas e sociais que todos
enfrentamos em variáveis medidas, impõem, a ferro e fogo, a
impiedosa lei das selvas, o código implacável do predador,
escarnecendo da lei, certos da impunidade.
Já está mais do que na hora
da sociedade se mobilizar, unir esforços, passar por cima de
picuinhas ideológicas e tolas vaidades pessoais, e dar um basta a
esses malfeitores desalmados, expulsando-os da nossa comunidade.
Temos o dever e a tarefa de resgatar nossa cidade, nosso berço natal
e dos nossos filhos e terra sagrada onde repousam nossos ancestrais.
Ela nos pertence! É fruto do nosso talento e trabalho. Não pode,
pois, permanecer em mãos sanguinárias e destruidoras. A violência
na cidade atinge as raias do intolerável. É mister que se dê um
basta definitivo a tão insólita situação.
Campinas tem que recuperar o
status que ostentou em passado recente, conquistado a duras penas, de
centro de cultura, de progresso e de saber. Tem que se livrar,
urgentemente e de uma vez por todas, da lamentável e terrível pecha
de "capital nacional do crime organizado", de entreposto
das quadrilhas de tráfico de drogas e de centro de comando por
excelência do roubo de caminhões e de cargas.
A cidade não merece tão
terrível destino. E essa é uma tarefa inadiável. Compete não
apenas aos responsáveis nominais pela segurança pública (que hoje
não passa de uma piada). Ninguém se sente seguro em lugar algum..
Raros são os campineiros, por exemplo, que nunca estiveram,
impotentes e humilhados, sob a mira de um revólver, no recesso do
próprio lar, vendo seus entes queridos sob iminente ameaça à
integridade física e à vida. Chega de conversa mole! Basta de
planos mirabolantes que nunca saem do papel ou de promessas repetidas
"ad nauseam", mas que jamais são cumpridas!
A cidade foi ferida não mais
apenas no bolso, como vem ocorrendo há tempos, com as crescentes
ondas de roubos, furtos e assaltos. Foi atingida na carne. Foi
alvejada no coração. Recebeu covarde e contundente golpe na própria
cabeça. Criminosos cínicos e asquerosos, inúteis parasitas, feras
perigosas e predadoras, atentaram, e ceifaram prematuramente, a vida
da nossa autoridade maior: o prefeito. É hora de reagir. E sobretudo
de orar, para que nas próximas horas, o ódio, a intolerância, o
fanatismo e a violência não levem o mundo todo pelos ares. Que Deus
nos proteja!
(Texto escrito em 11 de
setembro de 2001, publicado, como editorial, na Folha do Taquaral).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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