Parabéns Campinas
Pedro J. Bondaczuk
As cidades têm personalidade,
o que determina a sua trajetória através do tempo, para melhor ou
para pior. Algumas ficam estagnadas por séculos, num conservadorismo
radical, que descamba para o marasmo. Outras, são como "camaleões",
mudando a todo o instante, a ponto de em algumas décadas se tornarem
irreconhecíveis.
O ideal, o ponto de
equilíbrio, é a dosagem correta de tradição e modernidade. Ao
contrário do que muitos pensam, os dois conceitos não são
antagônicos. Campinas, que está completando 220 anos de vitoriosa
trajetória, é um exemplo de que é possível a construção do
futuro, sem abrir mão das conquistas e exemplos do passado.
É necessário, contudo, que
no afã de promover a modernização, não se caia no equívoco de
abrir mão da personalidade. A tradição tem o papel de âncora da
realidade. É o conjunto de obras, pensamentos e exemplos, deixados
pelos pósteros, que atua como uma bússola à geração do presente
na construção de um brilhante futuro.
Uma cidade que se pretende
moderna não pode prescindir desse equilíbrio. A Campinas atual
cresceu, não há dúvidas. Com o crescimento, vieram os problemas
naturais que dele decorrem, que somados aos de um País jovem, em
busca de identidade nacional, servem como desafios à comunidade.
Todavia, os campineiros
conservaram sua tradição de coragem, herdade de seu fundador,
Barreto Leme, e outras tantas características que tornaram esse povo
peculiar, como a ousadia, a fraternidade, a capacidade de trabalho, o
amor à cultura e uma certa e sadia rebeldia.
Não é por acaso que em
setores fundamentais da vida brasileira, a cidade ostenta inegável
liderança. Estão aí suas universidades, como polos irradiadores de
conhecimento. Estão aí seus centros de pesquisa, que rivalizam com
os mais modernos do chamado Primeiro Mundo. Está aí a sua
intelectualidade, com escritores, artistas plásticos, músicos e
cientistas de renome nacional e internacional.
Campinas raciocina, trabalha,
projeta e constrói o futuro. A prosperidade que ostenta não
ocorreu, certamente, por acaso. Hoje a cidade é um grande polo
econômico --- é a quinta praça comercial do País superando a
maioria das capitais --- científico, tecnológico e cultural.
Todavia, ao contrário das
comunidades "camaleoas", ou das que se despersonalizam, não
perdeu sua personalidade ao se modernizar. Cultua os seus vultos, as
suas lembranças, os seus exemplos e as suas tradições. Projeta, a
régua e compasso, seu futuro. Mas não se limita a projetar.
Campinas trabalha!!! Parabéns, cidade princesa!!!
(Editorial publicado na página
2, Opinião, da Folha do Taquaral, em 9 de julho de 1994).
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