Saturday, December 09, 2017

Respeito à vida humana



Pedro J. Bondaczuk


O respeito à vida parece diminuir a cada dia, à medida que aumentam as exigências e a complexidade do mundo moderno. As normas de segurança são desrespeitadas nos ambientes de trabalho, nas indústrias, no trânsito, nos hospitais e em inúmeros outros locais.

A valorização da vida deve ser inerente a qualquer ser racional. Começa com o respeito que cada um deve ter por si mesmo, condição básica para qualquer sentimento que possa ter em relação ao próximo. Como respeitá-lo, como se preocupar com ele se, antes de tudo, o homem não respeitar a si próprio?

Há muitos que, mesmo em cargos de responsabilidade, se omitem, desrespeitam as mais simples normas de segurança e, dessa forma, a vida humana, deixando de lado o bom-senso, a honra e a dignidade, qualidades bastante raras nos dias que correm.

Vidas seriam poupadas se empresas e órgãos públicos realmente planejassem tendo como meta o homem. Basta lembrar o desrespeito às normas de segurança do trabalho, às condições ambientais ideais, à saúde do trabalhador. Até mesmo seu salário tem sido aviltado pela ganância de alguns?

E quanto ao trânsito? Começa pela condição dos veículos, principalmente dos coletivos, que trafegam superlotados, empoeirados, com peças perigosamente desgastadas pelo uso excessivo, conduzidos por motoristas, na maioria das vezes, inexperientes e irresponsáveis, que abusam da velocidade.

Têm sido constantes, em algumas regiões de Campinas, principalmente nos bairros mais afastados, as reivindicações de melhor sinalização de trânsito, duplicação de vias, passarelas sobre pistas de difícil travessia, redutores de velocidade etc.

Essas reivindicações lembram às autoridades e aos motoristas algo que deveria estar sempre presente em suas mentes, ou seja, o respeito à vida. Esta não pode ser restaurada, como um vaso que se quebra, ou veículo que sofre avarias e é reparado.

Recentemente, no Jardim Ouro Verde, registrou-se um protesto de moradores contra o número de acidentes de trânsito na Avenida Ruy Rodriguez, a maioria com vítimas fatais. Quando uma via pública é entregue ao tráfego, tem de ter condições de segurança para veículos e pedestres. Infelizmente, tal não ocorre com frequência. E, o que é pior, ao longo dos anos não são realizadas as modificações exigidas pelo aumento do tráfego de veículos em vias antes de pouco trânsito.

O planejamento tem de atender, necessariamente, às regras mínimas de segurança. Caso as mesmas tenham sido relegadas a segundo plano, ou até esquecidas, deve, o setor público responsável, com a máxima urgência, providenciar para sanar o mal, prevenindo antes que seja tarde demais. Quando se trata de preservar a vida humana, cada segundo perdido é muito tempo.

(Editorial, publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 6 de setembro de 1990).


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