Respeito à vida humana
Pedro
J. Bondaczuk
O
respeito à vida parece diminuir a cada dia, à medida que aumentam
as exigências e a complexidade do mundo moderno. As normas de
segurança são desrespeitadas nos ambientes de trabalho, nas
indústrias, no trânsito, nos hospitais e em inúmeros outros
locais.
A
valorização da vida deve ser inerente a qualquer ser racional.
Começa com o respeito que cada um deve ter por si mesmo, condição
básica para qualquer sentimento que possa ter em relação ao
próximo. Como respeitá-lo, como se preocupar com ele se, antes de
tudo, o homem não respeitar a si próprio?
Há
muitos que, mesmo em cargos de responsabilidade, se omitem,
desrespeitam as mais simples normas de segurança e, dessa forma, a
vida humana, deixando de lado o bom-senso, a honra e a dignidade,
qualidades bastante raras nos dias que correm.
Vidas
seriam poupadas se empresas e órgãos públicos realmente
planejassem tendo como meta o homem. Basta lembrar o desrespeito às
normas de segurança do trabalho, às condições ambientais ideais,
à saúde do trabalhador. Até mesmo seu salário tem sido aviltado
pela ganância de alguns?
E
quanto ao trânsito? Começa pela condição dos veículos,
principalmente dos coletivos, que trafegam superlotados, empoeirados,
com peças perigosamente desgastadas pelo uso excessivo, conduzidos
por motoristas, na maioria das vezes, inexperientes e irresponsáveis,
que abusam da velocidade.
Têm
sido constantes, em algumas regiões de Campinas, principalmente nos
bairros mais afastados, as reivindicações de melhor sinalização
de trânsito, duplicação de vias, passarelas sobre pistas de
difícil travessia, redutores de velocidade etc.
Essas
reivindicações lembram às autoridades e aos motoristas algo que
deveria estar sempre presente em suas mentes, ou seja, o respeito à
vida. Esta não pode ser restaurada, como um vaso que se quebra, ou
veículo que sofre avarias e é reparado.
Recentemente,
no Jardim Ouro Verde, registrou-se um protesto de moradores contra o
número de acidentes de trânsito na Avenida Ruy Rodriguez, a maioria
com vítimas fatais. Quando uma via pública é entregue ao tráfego,
tem de ter condições de segurança para veículos e pedestres.
Infelizmente, tal não ocorre com frequência. E, o que é pior, ao
longo dos anos não são realizadas as modificações exigidas pelo
aumento do tráfego de veículos em vias antes de pouco trânsito.
O
planejamento tem de atender, necessariamente, às regras mínimas de
segurança. Caso as mesmas tenham sido relegadas a segundo plano, ou
até esquecidas, deve, o setor público responsável, com a máxima
urgência, providenciar para sanar o mal, prevenindo antes que seja
tarde demais. Quando se trata de preservar a vida humana, cada
segundo perdido é muito tempo.
(Editorial,
publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 6 de
setembro de 1990).
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