Reforma política
Pedro J.
Bondaczuk
A
propaganda eleitoral pelo rádio e televisão, com vistas ao segundo
turno das eleições municipais de 15 de novembro próximo, recomeçou
e os ouvintes e telespectadores esperam que tenha um pouquinho mais
de qualidade do que a que foi apresentada na primeira fase da
campanha.
Ninguém
mais suporta o culto à personalidade e o desfile de chavões e
slogans, despidos de qualquer mensagem autenticamente política, em
que esse horário, execrado pela maioria absoluta da população, se
transformou.
É
contestável se esse tipo de apresentação tem algum efeito real na
formação da opinião do eleitorado. Falta um estudo a respeito,
embora pesquisas informais revelem que a maioria sequer assiste a
tais programas, os trocando pelo aluguel de vídeos ou por outro tipo
de lazer que substitui esse espaço de tempo indevidamente ocupado no
rádio e na TV. E os que os assistem, não conseguem levar a sério o
que ali se diz ou se mostra.
A
crítica não se destina, evidentemente, às agências de publicidade
que os produzem. Estas até que fazem milagres para "vender seu
produto", no caso a imagem dos políticos. Estes é que na
maioria das vezes não têm ideologia, programa ou alguma ideia
minimamente criativa para solucionar os problemas da comunidade a que
se propõem a administrar.
Aliás,
há muito que o País requer uma reforma nessa atividade nobre, mas
que entre nós se tornou sinônimo de oportunismo e falsa esperteza.
Não se pode generalizar, é evidente. Mas a maioria é assim. Os
poucos bons políticos acabam pagando pelos maus. É preciso,
sobretudo, valorizar os partidos, mas que sejam autênticos e não
essa confusão de siglas, que salvo raras exceções, pouco ou nada
significam.
É
indispensável a instituição do voto distrital, para que o eleitor
se identifique com as pessoas que elege e tenha condições de cobrar
serviço delas. É necessária uma ampla e bem planejada reforma
política, que deveria preceder as demais que estão em andamento no
Congresso (previdenciária, administrativa, fiscal, etc).
A
fidelidade partidária tem que ser restituída com urgência. Os
partidos precisam de regras fixas que normatizem seu funcionamento e
até mesmo sua existência. Ou seja, os que não obtiverem 5% de
votos em eleições de âmbito nacional devem ser automaticamente
extintos, por falta de representatividade, como ocorre na maioria dos
países de Primeiro Mundo.
A
crise brasileira, em decorrência de 37 anos de ditadura neste século
(15 anos com Getúlio Vargas e 22 anos com os militares) é, na
verdade, política. Daí o desinteresse da população em relação à
escolha de seus representantes e administradores, seja qual for a
instância (municipal, estadual ou federal). É esta a reforma que as
pessoas esclarecidas podem e devem cobrar em primeiro lugar, por ser
hoje inadiável.
(Artigo escrito em 27 de
outubro de 1996)
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