Wednesday, December 27, 2017

A voz soberana do povo



Pedro J. Bondaczuk


A terceira maior democracia do mundo em número de eleitores, abaixo somente da Índia e dos Estados Unidos, a do Brasil, deu, no domingo passado, um espetáculo de responsabilidade e de civismo, com milhões de cidadãos comparecendo em massa às urnas, num clima de ordem e de esperança. As eleições municipais brasileiras, em mais de 5.600 cidades espalhadas por este país de dimensões continentais, foram ordeiras e exemplares, mostrando nítida evolução da população em termos de exercício democrático.

Os resultados das votações revelaram algumas surpresas (não muitas), contrariando pesquisas de opinião e confirmaram outros tantos prognósticos. O Partido dos Trabalhadores, por exemplo, foi o mais votado, com mais de 16 milhões de votos, confirmando que a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva ao poder não ocorreu por mero acaso e que seu governo vem agradando à maioria, a despeito da má vontade de boa parte da imprensa.

Em Campinas confirmou-se o que já era esperado: a necessidade do Segundo Turno. Todavia, as pesquisas não detectaram o crescimento, na reta de chegada, de Luciano Zica, que era dado como tendo apenas 11% das intenções de voto, quando na verdade conseguiu o dobro desse percentual. Por pouco, muito pouco, o deputado federal petista não consegue superar Hélio de Oliveira Santos, do PDT. No mais, não houve surpresa nas eleições locais. Venceram os dois favoritos, que agora irão disputar as preferências do eleitorado para a sucessão de Izalene Tiene no Palácio dos Jequitibás.

Quanto à escolha dos novos vereadores, que passam de 21 para 33 na próxima legislatura, houve poucas novidades. É certo que dois veteranos, dois pesos pesados da política campineira, Romeu Santini e Tadeu Marcos, não conseguiram se reeleger. Mas 18 foram reeleitos e vão se juntar às 15 “caras novas”, que contaram com a confiança do eleitorado.

O campineiro votou bem? Os escolhidos são, de fato, os melhores para a gestão da cidade? Essa resposta só com o tempo se poderá dar. O importante é que a população manifestou sua vontade, de forma livre e espontânea, pelo único meio legítimo em uma democracia que se preze: nas urnas. E a voz do povo é, e sempre deve ser, soberana.

Compete, agora, ao cidadão, fiscalizar a atuação dos seus representantes, que precisam se conscientizar que, ao serem eleitos, receberam, na verdade, uma tarefa a cumprir, uma responsabilidade a desempenhar, uma magna missão a realizar e não um eventual prêmio. Caso venham a trair a confiança dos seus eleitores, certamente serão punidos com o ostracismo nas próximas eleições. É assim que as coisas funcionam, e devem sempre funcionar, em uma democracia madura e consolidada como a brasileira. Mais uma vez, o País deu uma demonstração de maturidade e de competência. E isso é para ser comemorado, e muito, por todos os brasileiros.

(Editorial publicado na página 2, Opinião, do jornal Interbairros, em 5 de outubro de 2004).



Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk

No comments: