Concorrência das Olimpíadas
Pedro J. Bondaczuk
As atenções gerais de todo o
País estão voltadas nesta semana e na próxima para os Jogos
Olímpicos de Atlanta, que contam com completa cobertura dos meios de
comunicação, em detrimento da política. Essa polarização
esportiva deixa para segundo plano assuntos mais práticos e que
dizem respeito de perto à vida de cada um de nós.
Mas não é de se estranhar
que isso aconteça, já que a maior competição de esportes do
Planeta acontece apenas uma vez a cada quatro anos. Entre os temas
adiados para mais tarde, estão as campanhas para as eleições
municipais de outubro próximo, em um momento em que seria previsível
que estivessem no auge, fervendo, na boca de todos os cidadãos.
O eleitor, contudo, só vai
pensar nesse assunto a partir do dia 4 próximo, quando as Olimpíadas
terminarem e as coberturas da imprensa voltarem à sua rotina. De
acordo com as pesquisas de opinião, a esta altura são raros os
candidatos, principalmente nas capitais e grandes cidades
brasileiras, que despontam com possibilidades de vencer essa maratona
política em um único turno.
É mais provável que tenham
que fazer um esforço extra, alguns tendo que operar milagres para
reverter situações desfavoráveis, com dispêndio igualmente maior,
com vistas a uma segunda votação. Um desses casos é o de Campinas,
onde os postulantes ao cargo de prefeito estão embolados, embora
seja ainda muito elevado o número de indecisos, que serão o fiel da
balança, os que vão decidir de fato essas eleições.
Mas o tempo é curtíssimo, de
pouco mais de 70 dias, para a conquista de votos, embora esteja em
pleno andamento o assédio "corpo-a-corpo" ao eleitorado, e
não apenas por parte dos que aspiram à chefia do Executivo, mas
também dos que pretendem representar suas comunidades nas câmaras
de vereadores.
Comícios sucedem-se pelos
bairros, nas principais cidades, embora com afluência
consideravelmente baixa, por causa do frio, que convida as pessoas a
acompanharem comodamente em suas casas às transmissões dos jogos em
Atlanta, a despeito das atrações artísticas programadas pelos
partidos para atrair multidões. Todavia, o que vai, de fato, decidir
as eleições, é o instrumento por excelência do político moderno:
o chamado palanque eletrônico.
Para conquistar minutinhos a
mais nos horários eleitorais é que foram feitas alianças de todos
os tipos, algumas até sumamente estranhas, como o apoio do PFL aos
candidatos do PPB no Estado de São Paulo, quando se sabe que no
plano nacional os peefelistas são aliados dos "tucanos".
Só a partir do início da propaganda política pelo rádio e
televisão as pesquisas vão ter alguma relevância. Por enquanto, de
pouco valem para projetar o que tende a acontecer.
(Editorial da Folha do
Taquaral de 22 de julho de 1996)
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