Tuesday, December 19, 2017

Concorrência das Olimpíadas

Pedro J. Bondaczuk

As atenções gerais de todo o País estão voltadas nesta semana e na próxima para os Jogos Olímpicos de Atlanta, que contam com completa cobertura dos meios de comunicação, em detrimento da política. Essa polarização esportiva deixa para segundo plano assuntos mais práticos e que dizem respeito de perto à vida de cada um de nós.

Mas não é de se estranhar que isso aconteça, já que a maior competição de esportes do Planeta acontece apenas uma vez a cada quatro anos. Entre os temas adiados para mais tarde, estão as campanhas para as eleições municipais de outubro próximo, em um momento em que seria previsível que estivessem no auge, fervendo, na boca de todos os cidadãos.

O eleitor, contudo, só vai pensar nesse assunto a partir do dia 4 próximo, quando as Olimpíadas terminarem e as coberturas da imprensa voltarem à sua rotina. De acordo com as pesquisas de opinião, a esta altura são raros os candidatos, principalmente nas capitais e grandes cidades brasileiras, que despontam com possibilidades de vencer essa maratona política em um único turno.

É mais provável que tenham que fazer um esforço extra, alguns tendo que operar milagres para reverter situações desfavoráveis, com dispêndio igualmente maior, com vistas a uma segunda votação. Um desses casos é o de Campinas, onde os postulantes ao cargo de prefeito estão embolados, embora seja ainda muito elevado o número de indecisos, que serão o fiel da balança, os que vão decidir de fato essas eleições.

Mas o tempo é curtíssimo, de pouco mais de 70 dias, para a conquista de votos, embora esteja em pleno andamento o assédio "corpo-a-corpo" ao eleitorado, e não apenas por parte dos que aspiram à chefia do Executivo, mas também dos que pretendem representar suas comunidades nas câmaras de vereadores.

Comícios sucedem-se pelos bairros, nas principais cidades, embora com afluência consideravelmente baixa, por causa do frio, que convida as pessoas a acompanharem comodamente em suas casas às transmissões dos jogos em Atlanta, a despeito das atrações artísticas programadas pelos partidos para atrair multidões. Todavia, o que vai, de fato, decidir as eleições, é o instrumento por excelência do político moderno: o chamado palanque eletrônico.

Para conquistar minutinhos a mais nos horários eleitorais é que foram feitas alianças de todos os tipos, algumas até sumamente estranhas, como o apoio do PFL aos candidatos do PPB no Estado de São Paulo, quando se sabe que no plano nacional os peefelistas são aliados dos "tucanos". Só a partir do início da propaganda política pelo rádio e televisão as pesquisas vão ter alguma relevância. Por enquanto, de pouco valem para projetar o que tende a acontecer.

(Editorial da Folha do Taquaral de 22 de julho de 1996)


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