Thursday, December 07, 2017

Meta ambiciosa



Pedro J. Bondaczuk



A nossa cidade completa, na próxima quarta-feira, dia 14, 230 anos de fundação, ostentando cifras de fazer inveja a qualquer outra metrópole, do mesmo porte ou até mesmo maior, não somente do Brasil, mas do mundo. O campineiro ostenta, entre outras tantas coisas, renda per capita de US$ 10.071 anuais, correspondente ao dobro da média do Estado de São Paulo e mais do dobro da nacional.

Sexta praça bancária do País, grande polo exportador, com empresas de tecnologia de ponta de fazer inveja a muitos países de Primeiro Mundo e com centros de pesquisa de prestígio e renome em toda a América Latina, é responsável, sozinha, por 6% do PIB brasileiro, o que diz, por si só, do talento, do arrojo e da incrível capacidade de trabalho do seu povo.

A despeito de vários problemas crônicos, especialmente na área social, que enfrenta há décadas, não há dúvidas de que o campineiro tem, e muito, do que se orgulhar daquilo que é e que fez. Das suas universidades, por exemplo, formando gerações de profissionais de primeiríssima linha. Da pujança da sua indústria, da criatividade do seu comércio e da solidez do seu setor de serviços. Tem justo orgulho, também, da excelência da sua medicina, da criatividade dos seus artistas e da argúcia dos seus intelectuais. E de muitas e muitas outras coisas mais.

Campinas sempre soube enfrentar, com coragem e determinação, as dificuldades que surgiram no caminho do seu progresso. Seu povo nunca esmoreceu diante de qualquer tipo de obstáculo. No final do século XIX, por exemplo, a cidade viu-se confrontada com uma devastadora epidemia de febre amarela, que quase a varreu do mapa. Em três tempos, sua população minguou para menos de cinco mil habitantes. Centenas de pessoas morriam diariamente e os sobreviventes mal davam conta de sepultar os mortos.

As pessoas que podiam, deixavam tudo para trás, para fugir para o mais longe possível do perigo. Mas nem todos escolheram esse caminho. Apareceram, na ocasião, heróis e mais heróis, muitos anônimos, que sacrificaram as próprias vidas, na ingente luta para debelar a doença. E obtiveram êxito, evidentemente. Aí está a metrópole, com mais de um milhão de habitantes! Como a mitológica fênix, ave que consta em seu brasão de armas, a cidade renasceu, renovada, das próprias cinzas!

A história de Campinas apresenta outros episódios marcantes, como este, em que a solidariedade, o espírito de cooperação e o altruísmo prevaleceram sobre outras atitudes e sentimentos menos nobres e nada construtivos. Agora, o campineiro tem pela frente outro grande, e não menos perigoso, desafio, talvez o maior de toda a sua brilhante e memorável trajetória.

E este é o de proporcionar a melhor qualidade de vida possível não apenas a alguns poucos privilegiados, mas à totalidade da sua população, sem nenhum tipo de distinção de classe social, de raça, de cor ou de religião. É o de transformar esta cidade em algo mais do que ela é, em verdadeira “comunidade”, onde não apenas os problemas sejam comuns, como ocorre agora, mas também todas benesses do desenvolvimento.

O desafio maior é o de proporcionar, a todos os campineiros, indistintamente, acesso à educação de primeira linha, à saúde com todos os recursos que os avanços da medicina proporcionam, à moradia decente e digna e às oportunidades para desenvolver e exercitar seus talentos inatos e se realizar como indivíduos e como cidadãos.

Nos dias atuais, isto pode soar como delirante utopia, como sonho bonito mas irrealizável, como absurda fantasia. Mas para quem, em tão pouco tempo, construiu uma cidade, como é esta Campinas, a palavra “impossível” não consta do seu dicionário. O campineiro, certamente, haverá de tentar! E vai conseguir! Parabéns notável Cidade Princesa!!!

(Editorial publicado na Folha do Taquaral).


Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk

No comments: