Reforma política
Pedro J. Bondaczuk
O eixo principal da crise
brasileira, que se eterniza e condena à miséria a maioria absoluta
da população, está em seu sistema político. Práticas há muito
ultrapassadas nas sociedades mais desenvolvidas – em cujo exemplo
devemos nos mirar – são ainda a regra entre nós.
A demagogia, o tráfico de
influência, a preponderância do poder econômico continuam
imperando, em detrimento de programas, ideias, princípios e uma ação
lógica e racional, que dê à vida pública uma dimensão de
grandeza, de prestação de serviços à Pátria, e não uma forma
fácil, e ilícita, de enriquecer, às custas alheias, como é agora.
Nosso sistema político é
arcaico, corrompido e carente até mesmo de lógica, para não dizer
de ética. O País não conta, por exemplo, com partidos
tradicionais, que tenham atrás de si 50, 100, 150 anos de história,
como a maioria das agremiações europeias. Dos 37 atualmente
registrados, a maioria absoluta não passa de um conjunto de siglas
sem expressão e, na maioria das vezes, sem ideologia, que servem
apenas para que os candidatos cumpram uma formalidade legal.
A população teve uma
oportunidade de ouro em 21 de abril de 1993 para, ao menos, tentar
mudar esse panorama, durante o plebiscito. Outra chance, que
dificilmente será aproveitada, ao que se percebe, é a revisão
constitucional, que se vê esvaziada pelo escândalo do Orçamento da
União.
O País requer nova lei
partidária, consistente e racional, e que imponha fidelidade aos que
se filiarem a alguma agremiação, acabando com a “venda de passes”
de determinados parlamentares, como ocorreu num episódio recente.
Quantos mais, semelhantes a este, não teriam ocorrido? Nunca
ficaremos sabendo.
É preciso, também, uma nova
lei eleitoral, melhor do que esta, esdrúxula, aprovada para
normatizar as eleições de 3 de outubro de 1994. Já está na hora,
por exemplo, de se implantar o voto distrital, que encontra grandes
resistências no Congresso, por razões óbvias.
É que, com a sua implantação,
os parlamentares teriam que dar permanente satisfação aos seus
eleitores. Como eles explicariam a manipulação do Orçamento, ou as
sucessivas e prolongadas ausências às sessões ou outras tantas
mazelas, que hoje não lhes são cobradas?
(Artigo publicado na página
2, Opinião, do Correio Popular, em 15 de dezembro de 1993)
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
No comments:
Post a Comment