Isso é justo?
Pedro
J. Bondaczuk
O
campineiro está em vias de ser atropelado por um super imposto, com
elevação, até onde se sabe, de até 875%, ditada pela reforma
tributária encaminhada pela Prefeitura Municipal à Câmara de
Vereadores e que deve ser votada este mês.
Não
se questiona a necessidade de um aumento de arrecadação do
Município, para fazer face às necessidades crescentes de Campinas
de investimentos em praticamente todas as áreas, dado o seu
explosivo crescimento populacional.
O
que se critica é a forma como o assunto vem sendo encaminhado. E,
principalmente, porque a elevação, brutal, vai ocorrer de uma só
vez e não de maneira gradual. Se o Poder Público está sentindo os
efeitos da atual crise, imagine-se o cidadão! É dele que as
autoridades buscam tirar recursos, nem sempre – para não dizer
quase nunca – usados com inteligência e parcimônia.
É
o brasileiro, às voltas com um brutal achatamento de salários, com
a renovada escalada da inflação, com a possibilidade cada vez mais
crescente de perder seu emprego diante do agravamento da recessão,
que é convocado a tapar os rombos dos orçamentos, quer federal,
quer estadual ou quer municipal. E nenhuma dessas esferas usa de
parcimônia em taxar, cada vez mais, os já desesperados chefes de
família.
Está
aí o tarifaço recentemente anunciado pela equipe do Planalto,
devastando a economia doméstica. O Estado, por sua vez, cobra 17%
sobre todo e qualquer produto ou serviço que o cidadão utilize. A
carga tributária, em qualquer das três esferas, é das mais
violentas do mundo.
E
o que se assiste? A uma explosão de desenvolvimento? À criação de
uma sociedade de bem-estar? Absolutamente não!
Além
de tudo, ao vender a ideia do super IPTU, a Prefeitura move uma
campanha publicitária de Cr$ 50 milhões, feita através de
meias-verdades, que são piores do que mentiras completas. Por
exemplo, ao divulgar a tabela dos novos tributos, não especifica se
as cifras constantes se referem ao total ou a cada parcela. Publica
exemplos em dezembro com valores do mês anterior, sem dizer que cada
mensalidade será corrigida pela Unidade Fiscal do Município (UFCM)
acompanhando a inflação.
Na
veiculação da campanha, é usada, a título de slogan, a indagação
“Isso é justo?”. A mesma pergunta a população vem fazendo
diante do verdadeiro ataque do Poder Público aos seus minguados
ganhos. Tal interrogação ela faz toda a vez que vai ao
supermercado, à imobiliária, ao açougue, à farmácia, à
tesouraria da escola onde o filho estuda, ao guichê do banco para
pagar o Imposto de Renda. E perguntará muito mais quando receber a
conta de seu IPTU em 1991, caso a proposta seja aprovada. É justo um
aumento nessa proporção, num período “cinzento”, como se
expressou o presidente Collor?
(Editorial
publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 9 de
dezembro de 1990).
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