Reforma ministerial
Pedro J. Bondaczuk
A necessidade legal da
desincompatibilização, durante a disputa das eleições de outubro
próximo, vai provocar nova reforma ministerial no governo do
presidente Itamar Franco, provavelmente dentro das próximas duas
semanas, fato que se transformou quase em rotina desde o impeachment
de Fernando Collor.
Espera-se que desta vez as
mudanças não produzam as costumeiras turbulências políticas e que
os ministros escolhidos consigam a proeza de chegar até o fim do
mandato. Tudo indica que, desta feita, a escolha será mais técnica
do que política, até por uma questão de disponibilidade. Não se
espera, portanto, nenhuma grande "bomba" em termos de
nomes.
A única expectativa, óbvia,
gira em torno do substituto de Fernando Henrique Cardoso na pasta da
Fazenda. Tal fato dispensa, inclusive, comentário. Afinal, será ele
quem irá conduzir o processo tendente a desembocar na criação da
nova moeda, que se espera seja forte e duradoura, o cerne do plano de
estabilização proposto à sociedade para devolver a perdida noção
de valor, derrubar a inflação e promover a retomada do
desenvolvimento. A escolha deve recair, fatalmente, sobre algum
membro da atual equipe, provavelmente Edmar Bacha ou o presidente do
Banco Central, Pedro Malan.
Não restam políticos para
pleitear as vagas que devem ser deixadas por Fernando Henrique e,
provavelmente, por Walter Barelli (Trabalho), Henrique Santillo
(Saúde), Maurício Corrêa (Justiça) e Sinval Guazelli
(Agricultura), que devem postular mandatos nas urnas.
Todos os ministeriáveis
considerados mais experientes pretendem se candidatar. Quem sabe
agora o governo consiga a tão sonhada estabilidade para governar.
"Reforma ministerial" foi uma das expressões que mais
apareceram nas manchetes durante os últimos quatro anos.
Ocorreram ao sabor das
necessidades de composição de maioria para aprovar projetos do
Executivo. Houvesse coerência por parte do eleitorado e,
principalmente, do nosso sistema partidário, que impedisse a troca
de legendas pelas quais os parlamentares foram eleitos, não haveria
tanta incerteza, como a que marcou esse tenso e dramático período
da nossa história contemporânea.
Espera-se que o próximo
presidente a ser eleito, seja ele quem for, conquiste maioria no
Congresso e finalmente conte com governabilidade, para nos tirar do
atual caos.
(Artigo publicado na página
2, Opinião, do Correio Popular, em 15 de março de 1994).
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