Friday, December 08, 2017

Reforma ministerial



Pedro J. Bondaczuk


A necessidade legal da desincompatibilização, durante a disputa das eleições de outubro próximo, vai provocar nova reforma ministerial no governo do presidente Itamar Franco, provavelmente dentro das próximas duas semanas, fato que se transformou quase em rotina desde o impeachment de Fernando Collor.

Espera-se que desta vez as mudanças não produzam as costumeiras turbulências políticas e que os ministros escolhidos consigam a proeza de chegar até o fim do mandato. Tudo indica que, desta feita, a escolha será mais técnica do que política, até por uma questão de disponibilidade. Não se espera, portanto, nenhuma grande "bomba" em termos de nomes.

A única expectativa, óbvia, gira em torno do substituto de Fernando Henrique Cardoso na pasta da Fazenda. Tal fato dispensa, inclusive, comentário. Afinal, será ele quem irá conduzir o processo tendente a desembocar na criação da nova moeda, que se espera seja forte e duradoura, o cerne do plano de estabilização proposto à sociedade para devolver a perdida noção de valor, derrubar a inflação e promover a retomada do desenvolvimento. A escolha deve recair, fatalmente, sobre algum membro da atual equipe, provavelmente Edmar Bacha ou o presidente do Banco Central, Pedro Malan.

Não restam políticos para pleitear as vagas que devem ser deixadas por Fernando Henrique e, provavelmente, por Walter Barelli (Trabalho), Henrique Santillo (Saúde), Maurício Corrêa (Justiça) e Sinval Guazelli (Agricultura), que devem postular mandatos nas urnas.

Todos os ministeriáveis considerados mais experientes pretendem se candidatar. Quem sabe agora o governo consiga a tão sonhada estabilidade para governar. "Reforma ministerial" foi uma das expressões que mais apareceram nas manchetes durante os últimos quatro anos.

Ocorreram ao sabor das necessidades de composição de maioria para aprovar projetos do Executivo. Houvesse coerência por parte do eleitorado e, principalmente, do nosso sistema partidário, que impedisse a troca de legendas pelas quais os parlamentares foram eleitos, não haveria tanta incerteza, como a que marcou esse tenso e dramático período da nossa história contemporânea.

Espera-se que o próximo presidente a ser eleito, seja ele quem for, conquiste maioria no Congresso e finalmente conte com governabilidade, para nos tirar do atual caos.

(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 15 de março de 1994).



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