Ser excelente
Pedro J. Bondaczuk
A vida, ao contrário do que
muita gente pensa, não é um ponto de chegada, mas um ponto de
partida para uma aventura em que poderemos nos tornar heróis ou
covardes, santos ou o suprassumo do mal, criadores ou destruidores,
amados ou odiados etc.etc.etc. O resultado dessa empreitada depende
apenas de nós. Para uns, a tarefa de se constituir em vencedor é
mais fácil, dadas as condições de nascimento. Para outros, muito
mais árdua e, aparentemente impossível, pelas mesmas razões (ou
outras quaisquer). Não importa. Todos, independente do sexo, cor,
origem ou condição econômica ou social, têm condições de
alcançar essa vitória.
O simples fato de nascermos já
é uma conquista fabulosa que raramente (ou literalmente nunca)
valorizamos. Somos aquele espermatozóide que venceu a corrida com
vários bilhões de outros, para fertilizar um único e específico
óvulo, dando origem ao que somos. Matematicamente, qual a
probabilidade disso acontecer? Ínfima, reduzidíssima, irrisória,
quase nula. No entanto... aconteceu. Já entramos, portanto, num
mundo, estranho, imenso (infinito?) e misterioso, como vencedores.
Para muitos, todavia, esta é
a única vitória, até que esgotem o seu tempo (que para cada pessoa
é específico e exclusivo e que ninguém sabe com antecedência qual
é) e se tornem, pelo menos materialmente, em pó. Desconhecemos se
essa fase material é a única que temos ou apenas uma etapa, para
outro tipo de vida, imaterial, energético ou, como os místicos e
religiosos preferem, espiritual. Podemos até acreditar que seja
assim. Mas, certeza, certeza mesmo, ninguém tem, embora muitos
apregoem como sendo a suprema realidade. Não é. É um mistério e é
bom que seja assim.
A partir do nascimento –
que, reitero e enfatizo, é, por si só, maiúscula vitória –
todos, sem exceção, temos diante de nós enorme desafio: o de
fazermos a diferença no mundo e justificarmos nossa passagem pela
Terra. Por algum motivo viemos para cá. Qual? E quanto piores forem
nossas condições ao nascermos, quanto mais graves forem nossas
deficiências, maior valor terá nosso sucesso, se conseguirmos
marcar nossa passagem com atos, e fatos e feitos de grandeza,
transcendência e amor. E, sobretudo, com obras (materiais ou
imateriais, não importa).
O parâmetro que devemos
estabelecer, para nortear nossos passos, é o da excelência, nunca
menos do que isso. E mesmo que, por alguma razão, não venhamos a
atingir essa meta (pouquíssimos a atingem), certamente chegaremos
bem próximos dela se a perseguirmos de forma incansável e
ininterrupta. Conquistaremos um lugar cativo na memória dos povos e
nos corações de gerações após gerações.
E o que vem a ser um indivíduo
excelente? Para definir essa qualidade, prefiro dar voz a um
especialista no assunto. Trata-se do mexicano Miguel Angel Cornejo y
Rosado, um dos líderes latino-americanos mais ouvidos, em âmbito
mundial, considerado o iniciador da “cultura da excelência”. É,
sem dúvida, uma autoridade no assunto. Afinal, entre outras tantas
realizações, já fez em torno de quatro mil conferências nas
Américas, Ásia e Europa. Se tanta gente se dispôs a ouvi-lo, é
porque, certamente tem o que dizer. Sua principal mensagem é a de
que “a melhor forma de viver é estar plenamente apaixonado por
tudo o que o rodeia”.
Para Rosado, “ser excelente
é fazer as coisas e não buscar razões para demonstrar que não
podem ser feitas. Ser excelente é compreender que a vida não é
algo que se receba pronto, mas, sim, que temos de produzir as
oportunidades para se alcançar o êxito. Ser excelente é
compreender que, com base numa férrea disciplina, é possível
forjar o caráter dos triunfadores”.
Claro que não se trata apenas
disso. Mas sem essa compreensão, sem essa fé nas próprias
potencialidades e, principalmente sem uma ação ininterrupta e
construtiva, ninguém pode sequer sonhar com a excelência. E Miguel
Angel Cornejo y Rosado prossegue: “Ser excelente é traçar um
plano e alcançar os objetivos desejados, apesar de todas as
circunstâncias. Ser excelente é saber dizer: equivoquei-me e se
propor a não cometer mais o mesmo erro. Ser excelente é levantar
cada vez que se fracassa, com um espírito de superação e de
aprendizagem”.
Como se vê, a excelência não
exige uma pessoa perfeita (ninguém é), que nunca tenha dúvidas,
que não cometa erros e que jamais fracasse. Ao contrário, é uma
condição que qualquer um pode alcançar, independente de sexo, cor,
etnia ou condição econômico-social, desde que tenha determinação.
O segredo dessa busca é a persistência. Mais do que isso, é saber
persistir na persistência!
Mas a excelência não admite
a preguiça, a inércia, o desânimo e a omissão. O omisso, então,
jamais conseguirá ser sequer bom (nem mesmo medianamente), quanto
mais excelente. Nem aquele que nunca assume a responsabilidade por
seus atos, erros e fraquezas, atribuindo-os, invariavelmente, a
alguma circunstância ou a alguém.
Rosado conclui, com estas
sábias palavras, sua memorável explanação: “Ser excelente é
reclamar consigo mesmo para o desenvolvimento pleno das próprias
potencialidades buscando incansavelmente a realização. Ser
excelente é entender que, através do privilégio diário do nosso
trabalho, podemos alcançar a realização. Ser excelente é exercer
a nossa liberdade e sermos responsáveis por cada uma das nossas
ações. Ser excelente é sentir-se ofendido e lançar-se à ação
contra a pobreza, a calúnia e a injustiça. Ser excelente é
transcender o nosso tempo deixando, para as gerações futuras, um
mundo melhor”.
Esta é a vitória final, que
complementa e justifica aquela inicial, a do nosso nascimento, e que
nos compete buscar sem descanso ou desânimo. Você tem 20 anos de
idade e ainda é analfabeto? Não importa! Comece a estudar, hoje
mesmo, que você será um doutor (se de fato quiser, claro).
Impossível?! Não! Conheço inúmeros casos de pessoas que
empreenderam esse tipo de reação e hoje são profissionais
respeitados e vitoriosos.
Você não tem emprego,
salário e nem um cantinho para esconder a cabeça? Não importa!
Você está vivo e, portanto, todas as possibilidades lhe estão
abertas! Mas lute, se esforce, aja e não espere que ninguém lhe
faça o que lhe compete exclusivamente fazer. Não lamente. Busque
alternativas. Não culpe ninguém pela sua situação. Busque
soluções. Seja excelente! Seja um HOMEM!
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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