Repressão começou em 1972
Pedro J. Bondaczuk
A guerrilha na região do Rio
Araguaia, nos limites dos Estados do Pará, Maranhão e atual
Tocantins, zona conhecida como Bico de Papagaio, onde atualmente se
desenvolve uma autêntica guerra entre grileiros e posseiros, foi uma
seqüência natural da decisão dos grupos radicais de esquerda
brasileiros que levaram a luta armada contra o regime militar para o
campo.
A primeira tentativa
guerrilheira ocorreu em 1966, na Serra do Caparaó, em Minas Gerais,
através do grupo Movimento Nacionalista Revolucionário. Quatro anos
depois, o ex-capitão Carlos Lamarca, que comandava a Vanguarda
Popular Revolucionária, VPR, se instalou no Vale do Ribeira.
A repressão à luta no
Araguaia, que era patrocinada pelo Partido Comunista do Brasil (PC do
B), começou em 12 de abril de 1972. O presidente Garrastazu Médici
montou um grande aparato policial-militar para acabar com a
guerrilha, urbana ou rural, impedindo que ela pudesse se espalhar
pelo País, a exemplo do que ocorria em outros países da América
Latina.
O Exército reuniu entre cinco
mil e seis mil soldados treinados em luta antiguerrilheira. A Polícia
Civil e o Departamento de Ordem Política e Social (Dops), assim como
a Oban, Operação Bandeirantes (que em maio de 1970 foi transformada
no Departamento de Operações e Informações – Centro de Operação
e Defesa Interna, o DOI-Codi), o Centro de Informações da Marinha,
Cenimar e o Centro de Informações da Aeronáutica, Cisa, também
participavam das ações.
A grande dificuldade dos
guerrilheiros era obter fundos para suas organizações, já que não
contavam com as simpatias da população. Daí organizarem sucessivos
assaltos a bancos para a obtenção de fundos.
Em 1972, quando a guerrilha do
Araguaia foi desmantelada, os grupos terroristas começaram a
desaparecer paulatinamente. Alguns descambaram para o crime comum,
dando origem à temida Falange Vermelha, que surgiu do contato de
criminosos comuns com guerrilheiros nas muitas prisões brasileiras,
especialmente no Rio de Janeiro.
(Artigo publicado na página
36, Polícia, do Correio Popular, em 4 de maio de 1991)
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