Friday, June 30, 2017

NÃO EXISTEM PASSAGEIROS NA ESPAÇONAVE TERRA. SOMOS TODOS TRIPULAÇÃO”
O veículo que Marshall McLuhan elegeu como aquele que iria massificar a cultura e a informação foi a televisão, que no seu tempo começava a deixar os limites locais para se internacionalizar, diria, se “mundializar”, graças as satélites de comunicação. Das suas conclusões, uma das minhas preferidas é a que alerta os omissos e acomodados: “Não existem passageiros na espaçonave Terra. Somos todos tripulação". Citei-a em inúmeras ocasiões, muitas vezes cometendo o pecado mortal da omissão do devido crédito, já que essa afirmação se popularizou de tal sorte, que praticamente caiu no domínio público. A despeito de algumas restrições que se podem fazer a ele, reconheço (e nem poderia deixar de fazê-lo) Marshall McLuhan como um dos mais argutos observadores que conheci (se não o mais) e, por isso, lhe rendo a mais profunda reverência. Mas não foi, embora muitos garantam que tenha sido, nenhum “profeta”.

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O brasileiro redescobre a negociação



Pedro J. Bondaczuk


O plano de estabilização econômica brasileiro começa a enfrentar as primeiras dificuldades. Não no que se refere a preços no varejo, já que a atuação dos fiscais do presidente José Sarney, o povo, está revelando uma extraordinária eficiência. Todavia, não se sabe se por obra e graça de eventuais sabotadores das medidas, ou se em decorrência da compra exagerada de alguns consumidores mais afoitos, o fato é que algumas mercadorias já estão desfalcadas em supermercados e em outras casas de comércio.

É necessário, e indispensável, que o fato mereça a máxima atenção das autoridades, principalmente para evitar a criação de um nefasto mercado negro, que tenderia a arruinar pelo menos parte do sucesso que se espera dessa cruzada nacional contra a inflação.

É verdade que vivemos, ainda, todos nós, aquele período de ajustamento à nova realidade, depois de termos sido colhidos pela perplexidade diante da corajosa providência governamental. Muitos setores ainda estão negociando a divisão da inflação futura, embutida nos custos de algumas matérias-primas e insumos industriais e que não poderá, em hipótese alguma, ser repassada no preço final ao consumidor.

Aliás, essas negociações são outro ponto positivo do plano de estabilização. O que se via, até aqui, era a pura e simples imposição nas atividades de troca de mercadorias e serviços. Algum gerente cismava, da noite para o dia, que as tabelas de sua empresa teriam que ser reajustadas na manhã seguinte.

O cliente, assim que se dispunha a fazer um novo pedido, recebia, apenas, a informação de que teria de pagar mais pelo produto, sem que fosse consultado a respeito. Era na base do pegar ou largar. É claro que pegava, pois tinha a garantia de repassar esse algo a mais que estava pagando para o indefeso consumidor final, muitas vezes acrescentando alguns pontinhos percentuais a título de “arredondamento”.

Esse procedimento relegou ao esquecimento a negociação, que se tornou coisa do passado. Aliás, a própria prática comercial em si implica num autêntico jogo de pôquer, nessa mútua tentativa de se lucrar na compra e venda de mercadorias. Isso é salutar, saudável, a alma e a essência do comércio. Não é à-toa que este é também conhecido por “negócio”. Ou seja, algo discutido, disputado, transacionado e acordado.

Mas a voracidade inflacionária e a certeza de que sempre havia alguém para pagar a conta final de tal desarranjo econômico, estava colocando fora de moda essa indispensável prática. É intenção do governo (e isto está implícito no decreto do plano de estabilização) que o processo negociador se estenda, também, a salários. Como, por sinal, já aconteceu no passado.

É evidente que para isso se realizar sem distorções, é necessário que as duas partes tenham forças equivalentes. Não é todo o dia que o pequenino Davi consegue abater o gigantesco Golias. Esse é um fato raro e a regra é o forte esmagar o fraco. E isso, evidentemente, não é negociação, mas sim, imposição.

Tudo é possível de ser negociado, desde que se estabeleçam regras mínimas e justas e que estas sejam respeitadas. Claro que é preciso, também, um árbitro para fiscalizar o seu cumprimento. As vantagens eventualmente conseguidas num processo dessa natureza são as mais legítimas possíveis e deixam de ser objetos de qualquer contestação.

As dificuldades do plano governamental, certamente, não ficarão restritas apenas ao que foi assinalado acima. As autoridades da área econômica estão perfeitamente conscientes disso e não foi um ato de pessimismo a afirmação, feita anteontem, pelo ministro do Planejamento, João Sayad, de que os problemas maiores estão, ainda, para acontecer.

Um longo retrospecto inflacionário, de quase um século, não se apaga com um simples decreto. Há todo um condicionamento a ser extirpado. Uma geração inteira aprendeu a raciocinar em termos da evolução da inflação. E nos últimos 22 anos, a chamada correção monetária, em boa hora morta e sepultada (sem deixar qualquer saudade para a maioria dos brasileiros) desligou as pessoas ainda mais da realidade.

Entretanto, os obstáculos que certamente haverão de aparecer, não assustam mais a população, que se conscientizou, finalmente, que depende dela, e tão somente dela, o futuro deste país. Doravante, qualquer um que quiser remarcar os seus preços, mesmo depois que o congelamento atual acabar, vai ter que apresentar argumentos muito fortes para justificar esta prática.

O mesmo raciocínio valerá para o governo, que ficou com a sua responsabilidade de ser mais austero e prudente, triplicada. Os “trens da alegria”, em períodos que precedem e sucedem as eleições, serão muito mais questionados. A sociedade vai cobrar, com empenho redobrado, eficiência nos serviços públicos.

A nova mentalidade terá, necessariamente, que contaminar, também, as autoridades. Isso pode parecer até uma utopia, mas as grandes conquistas humanas partiram de pressupostos a princípio julgados impossíveis. Se não acreditassem em seus sonhos, os homens jamais chegariam à Lua, nem passeariam no espaço ou fotografariam o núcleo de um cometa.

(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 16 de março de 1986)



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Oportunidade perdida



Pedro J. Bondaczuk


O escritor William Faulkner, notoriamente um homem bem-sucedido na vida, como um dos maiores clássicos da literatura norte-americana e mundial, tinha uma tese bem peculiar acerca do sucesso. Afirmava que se tratava de um "matador" da criatividade, dessa ânsia de perfeição que todas as pessoas devem ter, seja qual for a sua atividade, até o último instante da existência.

O italiano Alberto Morávia expressou a mesma ideia, em tempos recentes. Estariam ambos com a razão? Os fracassados seriam os verdadeiros gênios das artes e das ciências? Seriam os chamados donos da verdade? Enxergariam aquilo que eventualmente ninguém mais vê? Claro que não! E nem os dois escritores fizeram qualquer apologia do fracasso.

Ambos quiseram, apenas, alertar sobre a tendência que todos temos à acomodação, a "dormir sobre os louros" conquistados. Afinal, o satisfeito consigo próprio é, na verdade, um derrotado. Ademais, não foram apenas William Faulkner e Alberto Morávia que escreveram a respeito. Ressalte-se que é voz corrente que o sucesso transforma para pior as pessoas. Que os bem-sucedidos se tornam arrogantes, prepotentes e indiferentes. Em alguns casos, isso, de fato, ocorre, mas está longe de ser a regra. É mera exceção.

Quem age assim, é bem-sucedido por pouco tempo. Não tarda para que despenque da sua arrogância. Seu sucesso é parcial e transitório. O fracassado, sim, é perigoso. Alimenta antagonismos, mágoas e ressentimentos e busca derrubar todos que vê pela frente. Por isso, sou levado a concordar (em parte) com Sommerset Maugham, quando constata: “A ideia de que o sucesso deteriora as pessoas, fazendo-as vaidosas, egoístas e complacentes consigo próprias é errônea. Ao contrário, para a maioria delas, torna-as modestas, tolerantes e gentis. O fracasso é que faz as pessoas cruéis e amargas”.

Mas... nem tanto ao céu e nem tanto à terra. Há sucessos e sucessos, assim como há fracassos e fracassos. Tudo é muito sutil, muito vago, muito tênue. Não raro achamos que fomos bem-sucedidos em alguma empreitada quando, na verdade, fracassamos, e vice-versa. Só o tempo pode dizer quando obtivemos uma coisa ou outra.

O tema vem a propósito de uma situação que ocorreu comigo há exatos 56 anos. Eu atravessava, na época, uma fase de intensa criatividade, que nunca mais se repetiu com a mesma intensidade. Fazia dois anos que trabalhava numa emissora de rádio do ABC e já havia conquistado um troféu de “locutor revelação” da região.

Simultaneamente, dava meus primeiros passos no jornalismo, em um pequeno jornal de Santo André, como repórter (dois anos, portanto, antes de me tornar editor, função que exerço até hoje) e meus textos eram muito elogiados pela chefia. Posso dizer que estava no auge do sucesso (pelo menos do que eu entendia que ele fosse).

Foi quando conheci o músico e compositor Edmar Fenício. O sujeito sabia tudo de violão, do clássico ao popular. Compunha músicas e mais músicas, que se limitava a mostrar aos amigos, e nunca pensou em procurar um bom cantor que as gravasse. Foi quando caíram-lhe nas mãos alguns poemas meus que, pelo visto, o encantaram. Ele pediu licença para musicá-los e eu, mais por curiosidade do que outra coisa, concordei. O resultado foi espetacular.

Ele passou a cantar essas nossas composições num bar da Rua Santa Catarina, em São Caetano do Sul, onde nos reuníamos, todas as sextas-feiras, para ouvir boa música, jogar conversa fora e tentar “salvar o mundo”, já que nosso grupo contava com poetas, jornalistas, advogados, sociólogos etc., alguns muito bem-sucedidos na vida mais tarde e cujos nomes prefiro não declinar. Não sei se eles gostariam de lembrar daqueles tempos loucos de juventude, anteriores ao golpe de 1964.

Na ocasião, a Bossa Nova estava no auge. Edmar, mágico do violão, reproduzia a caráter a célebre batida descoberta por João Gilberto, que deu origem a esse movimento musical que revolucionou a MPB. Num determinado dia, entre uma bebida e outra, ambos já um tanto “pra lá de Marrakesh”, o compositor convidou-me para ser seu parceiro fixo. Topei na hora. Compusemos, sem favor algum, em torno de 50 sambas, que me pareceram excepcionais.

Como o Edmar era o músico, deixei com ele todas as letras, para que as colocasse no pentagrama. Não guardei uma única comigo. Claro que foi uma imensa bobagem da minha parte. Ademais, meu ilustre amigo vivia me prometendo que “qualquer dia”, iria me dar cópias do calhamaço de composições que tínhamos elaborado em conjunto. Foi mais longe: disse que me daria uma fita, com todas as nossas músicas devidamente interpretadas por um cantor, nosso amigo.

Naquele tempo, os gravadores não eram nem sombra dos de hoje. Tinham, sem nenhum exagero, as dimensões de uma enorme mala de viagens, com dois rolos enormes. Não dava para ficar levando de um lado para o outro, aquele trambolho. Eu tinha o meu, se não me engano da marca “RCA Victor”. Esperei, esperei e esperei que o Edmar cumprisse a promessa, e nada. A bem da verdade, espero até hoje.

Subitamente, a vida nos separou. Cada qual seguiu o seu caminho e nunca mais nos encontramos. Sei que meu amigo compositor não se apropriou das nossas composições para fins comerciais. O cara podia ser tudo, menos desonesto. Afinal, nunca ouvi, em lugar ou tempo algum, as músicas que fizemos juntos. Como ele era um sujeito bagunçado (como a maioria dos gênios), certamente perdeu aquelas preciosidades, que poderiam nos render fama e, quem sabe (embora ache um tanto duvidoso) fortuna.

Aquelas tantas e tantas letras, brotadas da minha mais refinada inspiração, perderam-se para sempre. É como se jamais tivessem existido. A bem da verdade, eu não ficava nada a dever ao Edmar em termos de desorganização. Quando digo isso, as pessoas que trabalham comigo, notadamente meus subordinados, não acreditam.

Ocorre que, com o treinamento proporcionado pela função de editor, descambei de um extremo ao outro. De um sujeito totalmente desorganizado, tornei-me uma pessoa meticulosa em excesso, dessas que causam irritação nos colegas que não conseguem se organizar. Coloquei, até, na minha ilha de edição da redação, este lembrete, que os repórteres detestavam: “Da desordem das coisas, vem a desordem das idéias”.

Todavia é tarde para me organizar. Perdi, por não ser organizado (um pouquinho que fosse), entre outras coisas, a oportunidade de me projetar na MPB. Exagero? Quem sabe! Não que eu fosse um Vinicius de Moraes ou um Chico Buarque, longe disso. Mas até que as minhas letras (e sobretudo as músicas do Edmar), não só davam para o gasto, como iam (sem falsa modéstia) um pouco além disso.


Nunca mais me meti a dar uma de compositor. Nem por isso, no entanto, o “fracasso” (se é que a experiência possa ser rigorosamente classificada dessa forma) deixou-me amargo e cruel, como previu Sommerset Maugham. Talvez tenha deixado, apenas, um tantinho frustrado, o que é normal, não é mesmo paciente leitor? Acaso você não ficaria, se estivesse em meu lugar?

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Thursday, June 29, 2017

MCLUHAN PREVIU A GLOBALIZAÇÃO, MAS NÃO PREVIU O COMPUTADOR PESSOAL E A INTERNET

Transportes rápidos e comunicações eficientes, de fato, encolheram o Planeta. Fizeram dele, sem dúvida e sem nenhum exagero, a “aldeia global” que é hoje, que, é mister ressaltar, não traz somente vantagens (aliás poucas), mas muitos problemas e distorções. Mas... este assunto é para ser tratado em detalhes em outra ocasião. Marshall McLuhan teve a grande virtude de dar o devido valor a estes avanços e extrapolar suas conseqüências. Cometeu exageros? Sim, e muitos. Nem tudo o que disse ou escreveu pode ou deve ser tomado ao pé da letra. Uma das suas conclusões precipitadas, por exemplo, é a de que “o rock and roll é a maior renovação artística desde Homero”. Não nego a importância desse ritmo (embora não esteja entre minhas preferências musicais). Mas daí a concluir o que McLuhan concluiu... não deixa de ser tremenda bobagem, talvez (ou provavelmente) ditada pelo retumbante sucesso dos Beatles na época em que deu essa declaração. Caso o polêmico escritor canadense fosse, mesmo, “profeta” da modernidade, título que muitos lhe atribuíram (e ainda lhe atribuem), teria previsto com exatidão, com décadas de antecedência, o caráter revolucionário, por exemplo, do computador pessoal. Não previu. Ou, e principalmente, as tremendas facilidades proporcionadas pela internet, esse imenso “oceano de informações”, em que navegamos com desembaraço todos os dias. Também não fez a menor referência a algo sequer parecido.
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URSS cai no abismo do vácuo de poder


Pedro J. Bondaczuk


O jornal Pravda, que voltou a circular há poucos dias, reestruturado, agora não mais na qualidade de órgão oficial do Partido Comunista da URSS, estampou como manchete, ontem, uma pergunta que todos estão fazendo desde que o gigantesco império eurasiano começou a se esfacelar, na esteira do fracasso do golpe de Estado de 19 de agosto passado contra o presidente Mikhail Gorbachev: "A União Soviética tem futuro?".

O próprio diário respondeu: "Claro". Mas não é isso o que os fatos indicam, com a instabilidade, a incerteza e o caos predominando nesse território que abrange um sexto das terras do Planeta. Ninguém sabe quem manda de fato na URSS atual. Seria Bóris Yeltsin? Talvez no âmbito da Rússia, ou em sua maior parte, sim.

Mesmo dentro de sua República, todavia, o presidente russo vem sendo desafiado por líderes de dezenas de regiões autônomas, habitadas por minorias étnicas, que se propõem a seguir caminhos próprios.

Um desses casos é o do Tatastão --- outro dos tantos nomes exóticos, que a maioria não apenas dos leitores, mas também dos analistas políticos, sequer suspeitavam que existissem e com os quais terão que se familiarizar rapidamente ---, que está oferecendo o seu petróleo, à revelia de Moscou, no mercado internacional, a US$ 5 o barril, quatro vezes menos do que a média cobrada.

Gorbachev, nominalmente, conta com autoridade, que lhe foi conferida, na semana passada, pelo Congresso dos Deputados do Povo, dentro do novo elenco legal aprovado por esse órgão legislativo para reger a administração supra-republicana.

Todavia, os acontecimentos das últimas horas mostraram que suas prerrogativas enquanto presidente dos Conselhos de Estado e Econômico Interrepublicano existem apenas no papel. Nenhuma das dez Repúblicas que anunciaram a disposição de aderir à nova confederação aprovada está disposta, na prática, a participar dessa tentativa de conservar um mínimo de ordem no esfacelado império.

O presidente soviético, certamente, jamais pensou que seu projeto de transformação da União Soviética fosse implicar, na verdade, sua destruição. Em vários trechos do seu célebre livro "Perestroika - Uma proposta para o Meu País e o Mundo", cujas idéias foram o catalisador que conduziu à desmontagem do monolítico sistema comunista, ele exortou seu povo a deixar de lado a apatia e discutir tudo o que dissesse respeito à vida pública. Que contestasse, denunciasse, protestasse e não se deixasse vencer pela letargia que caracterizava o quadro de então e dava espaço à mentira, ao cinismo, à incompetência e à corrupção.

O povo atendeu-o. Mas foi além das suas expectativas. Contestou a própria existência de uma URSS. Gorbachev, ao longo de sua quixotesca cruzada, também advertiu os soviéticos dos riscos de seguirem políticos oportunistas, aventureiros inescrupulosos, que do alto de um palanque, muitas vezes improvisado num caixote de cebolas, prometiam o paraíso aos que os seguissem, como se possuíssem uma varinha de condão que, sem nenhum trabalho, nenhum planejamento sério, nenhuma direção competente, nenhum capital, fizesse brotar riquezas do ar, de onde elas não existiam.

A população preferiu não atender suas sensatas advertências. Demagogos, hoje, brotam como ervas daninhas por toda a União Soviética. O nacionalismo exacerbado está fazendo escola e levando as pessoas a tirarem os pés do chão firme da realidade e a aceitarem fantasias como fatos consumados.

De que forma as Repúblicas que integravam a antiga URSS pretendem sobreviver sozinhas, independentes, se não dispõem do mínimo necessário sequer para comer? Fica implícito nas entrelinhas dos inflamados discursos dos líderes separatistas que eles acham que o Ocidente irá recebê-los de braços abertos, repartir as riquezas que conseguiu com ingentes sacrifícios dos escombros da Segunda Guerra Mundial e que seu povo não precisará trabalhar muito para se enriquecer da noite para o dia.

Não é preciso, porém, ser nenhum gênio para perceber a enrascada em que os demagogos estão colocando esses incautos, pondo em xeque a própria estabilidade política mundial.

(Artigo publicado na página 17, Internacional, do Correio Popular, em 10 de agosto de 1991).



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Satisfação de expectativas


Pedro J. Bondaczuk


A forma como tratamos as pessoas (as que nos compete educar) determina, via de regra, como elas serão no futuro. Essa é uma questão que deve mobilizar a atenção, sobretudo, de todos os agentes responsáveis pela educação, ou seja, de pais, clérigos e, principalmente, professores. A tendência do ser humano é amoldar-se às expectativas que se têm dele. Claro que, como toda a regra que se preze, esta, também, comporta exceções.

Se esperarmos, por exemplo, que alguém seja um sábio, e sugestionarmos essa pessoa nesse sentido, ela, certamente, fará de tudo para sê-lo. E, provavelmente (dependendo das circunstâncias e oportunidades que tiver), o será. Porém, se tratarmos, principalmente um jovem, como turbulento e indisciplinado, ou como tolo (mesmo que apresente, de fato, essas características num curto instante de sua vida), provavelmente ele se manterá assim, doravante, enquanto viver. Afinal, é o que esperam dele!

Para chegar a essa conclusão, baseio-me, sobretudo, na minha experiência pessoal, embora a observação de outros casos (que tomei conhecimento) me conduza à mesma certeza. Desde tenra idade, meus pais e tios esperavam que eu me tornasse escritor, embora em meus sonhos infantis eu me visse como médico. Principalmente depois que fui acometido de poliomielite. Tornou-se, para mim, desde então, questão de honra combater essa doença que me acometera. Seria uma espécie de revanche contra um mal que modificou os rumos da minha vida.

Aprendi a ler e a escrever com meu pai, numa velha Bíblia que guardo até hoje. Ele, russo de nascimento, que havia imigrado para o Brasil há onze anos, estava recém-aprendendo a falar o português (somente observando os outros, sem nenhum instrutor). Amante da leitura, como era, queria, também, ter acesso aos textos, nessa língua que lhe parecia tão exótica e incompreensível. O desafio era imenso, pois até o alfabeto dos dois idiomas não tinham a mínima similaridade: um é latino e o outro, cirílico.

E meu pai aprendeu a ler (e bem) em português. De lambuja, alfabetizou-me. Dessa forma, entrei para a escola um passo à frente dos meus companheiros de primeiras letras. Para que pudéssemos, ambos, treinar nossa leitura e aperfeiçoá-la, esse homem excepcional (que sempre foi meu ídolo e referencial) começou a comprar, a princípio, revistas em quadrinhos em profusão, passando, numa segunda etapa, a adquirir livros e mais livros.

A esta altura, meu tio Jan Kraszczuk, irmão da minha mãe, que era escritor e tinha uma biblioteca imensa, de causar inveja a muitos intelectuais, observando meu progresso como leitor, passou a me nutrir com volumes e mais volumes, que selecionava com critério, levando em conta a minha idade, além de me incentivar a também escrever. Comecei compondo versos. Claro, não eram textos de nenhum Camões ou de um eventual Fernando Pessoa. Longe disso! Mas eram bem rimados e alguns, até, ousados para uma criança.

Meu pai não cabia em si de orgulho. Todos, em casa, tinham certeza (ou pelo menos manifestavam isso) que o meu futuro estava nas letras. Todos, menos eu, que continuava com minha férrea determinação de um dia ser médico. Até que tentei. Cheguei a cursar um ano de Medicina, mas... as circunstâncias impediram-me de dar seqüência ao curso.

E sabem onde fui desembocar? Exatamente na atividade que meu tio, meus pais, meus professores (notadamente os de Português) e meus amigos e conhecidos esperavam. Ou seja, no mundo das letras. Tornei-me jornalista. E, lá pela metade da carreira, como que empurrado por uma irresistível força, que não sabia identificar qual era, fui adentrando, pé ante pé, relutante e assustado, no vasto e complexo “campo minado” da literatura.

Não digo que seja bom escritor ou até mesmo razoável. Aliás, não tenho a mínima idéia a respeito. Não me preocupo com isso. Busco, isso sim, contínuo aperfeiçoamento, pela leitura, pela pesquisa e pelo exercício constante, obsessivo e diário do texto. Ademais, não me compete fazer esse tipo de julgamento sobre meu eventual (ou suposto) talento, por absoluta falta de isenção. Cabe aos meus leitores, e somente a eles, julgar se o que escrevo é bom, é útil, é criativo e é competente.

Mas o ponto que quero ressaltar não é esse. É o fato de, à minha revelia, eu haver satisfeito as expectativas que meu tio, meu pai, meus professores etc. depositavam em mim. Temos, pois, que estar sempre atentos à forma com que tratarmos as pessoas que tivermos de educar. O poeta Johann Wolfgang Göethe desafia os educadores, ao escrever: “Trate um homem como ele é e ele será como é. Trate um homem como ele pode ser e ele se tornará o que pode e deve ser”. Não posso, como se vê, deixar de dar razão a esse gênio da literatura mundial.


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Wednesday, June 28, 2017

FATORES DETERMINANTES DA “GLOBALIZAÇÃO”
Não por acaso, Marshall McLuhan é visto como o “pai” do conceito de globalização. Sem tirar seus méritos, o que esse escritor fez foi prever o óbvio. Não se tratou, pois, de nenhuma “profecia”. Foi um exercício de extrapolação. Outras metáforas popularizadas por esse polêmico canadense, cujas ideias, nos anos 60 do século XX, eram uma febre, mania, até modismo, citadas por todos tanto no contexto que ele criou, quanto fora dele, são as expressões “impacto sensorial”, “o meio é a mensagem” e, sobretudo, “aldeia global”. Não foram somente os veículos de comunicação que “encolheram” o Planeta, aproximaram povos, misturaram culturas e determinaram novos comportamentos. Foram, também, os transportes, notadamente os aéreos intercontinentais.

***

TRANSPORTE AÉREO FEZ O “PLANETA ENCOLHER”
Vocês já imaginaram as dificuldades para promover, no início do século XX, algum grande evento internacional, não importa se artístico, esportivo ou de outra natureza qualquer? Os meios de locomoção eram lentos, desconfortáveis e inseguros. Para se deslocar, por exemplo, da Europa para a América do Sul, para participar da Copa do Mundo de 1930, no Uruguai, a primeira da história, as seleções europeias tiveram que recorrer a navios, numa travessia cansativa e desgastante de semanas. Daí poucos países terem participado desse evento. Hoje, em algumas poucas horas, viaja-se, com conforto e segurança, de qualquer parte do mundo para outra. Daí o sucesso e o crescente interesse de Copas do Mundo não somente de futebol, mas de todas as modalidades esportivas, de Jogos Olímpicos e de tantas outras promoções, inclusive megashows de artistas de toda e qualquer parte.

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É hora de dar certo


Pedro J. Bondaczuk


O Brasil completa 170 anos de sua emancipação política atravessando a mais aguda crise da sua história. Não bastassem as agruras econômicas que se abatem sobre a população, com uma inflação oscilando, teimosamente, há um ano, entre 20% e 27%, uma recessão, que vem de longa data e sem prazo para acabar, ainda tem de contrapeso um impasse político, com um presidente desacreditado pela quase totalidade dos que o elegeram --- os que não votaram nele não acreditaram em suas promessas e propostas desde o início --- e que teima em se aferrar ao poder, mesmo tendo perdido a credibilidade.

Trata-se de um momento crítico, perigoso, incerto da vida nacional. Talvez o pior já enfrentado por esta sociedade jovem, um, tanto imatura, que está tendo de amadurecer às custas de imenso sofrimento. Todavia, este não é o momento para descrença, para letargia, para ficar choramingando à espera de algum milagre. Até porque, de milagreiros todos já estão para lá de fartos.

O escritor Viana Moog constatou quer "as nações, como os indivíduos, não é propriamente em períodos de bonança e plenitude que se revelam à verdadeira luz, senão em momentos excepcionais, quando sua verdadeira natureza vem à tona no desdobramento pleno de energias, virtudes e defeitos".

As mazelas que acompanham os brasileiros desde o início da formação da nacionalidade são sobejamente conhecidas. Nos últimos tempos muito se falou, escreveu e se debateu sobre o caráter deste povo. Desde 1985, o que mais se tem feito na imprensa, nas ruas, nas praças e nos lares é apontar os vícios e os comportamentos aéticos que se atribuem aos cidadãos deste País.

Mas será que nossa gente só tem defeitos? Falta vir a lume o outro lado da moeda. É preciso iniciar, agora, uma nova fase da auto-análise, ressaltando também as virtudes do brasileiro, que não são poucas. Sua cordialidade, sua alegria natural, seu senso de humor conservado em situações que levam outros povos à exasperação e à violência, são alguns dos aspectos positivos que têm que ser enfatizados.

Será que não existe nenhum homem honesto, íntegro, voluntarioso, competente e patriota neste País? Claro que há! E muitos, se não a maioria. Uma análise desapaixonada, sem concessões e nem exageros, vai mostrar que os corruptos, os desonestos, os aproveitadores, os preguiçosos, os desleais e os imorais são, na verdade, grande minoria.

Aparecem tanto, ao ponto de parecer que são muitos, porque ocupam posições que lhes não são devidas. São uns usurpadores. Caso fossem a maioria, que os pessimistas garantem que são, o País já haveria parado e se desorganizado de vez. Não haveria nenhum serviço público funcionando. O Brasil estaria mergulhado no caos.

As generalizações feitas nos processos coletivos e exagerados do "mea culpa" nacional são perversas e injustas. Colocam, no mesmo saco, pessoas tão desamparadas que sequer sabem porque vivem e intelectuais com obra respeitada e consistente. Iguala trabalhadores, idealistas, tementes a Deus, a bandidos desalmados, cínicos e egoístas, que não têm lealdade por nada e ninguém.

Nunca é demais reiterar que as crises, embora sinalizem perigos, também propiciam oportunidades. Está na hora do Brasil, que comemora apenas 170 anos de independência, dê a grande virada de progresso e de solidariedade.

Este é o trabalho que compete à presente e tão sofrida geração de brasileiros completar. Cabe-lhe, também, livrar o Brasil das pseudo-elites corruptas e apodrecidas e tomar os destinos da Pátria nas mãos. O País, por seu fabuloso potencial, material e humano, tem tudo para dar certo. E se quisermos, haverá de dar.

(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 6 de setembro de 1992).



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