Novos líderes para novos tempos
Pedro
J. Bondaczuk
A complexidade das relações
sociais neste início de século e de milênio, gerando problemas que
nossos pais e avós sequer atinavam em seu tempo, provoca a
necessidade do surgimento de um novo tipo de liderança. Há alguns
anos, por exemplo, poluição era algo desconhecido. O termo
"ecologia" surgiu apenas na década de 70, quando as
questões ambientais deixaram de ser assunto de meia dúzia de
estudiosos, para freqüentar as manchetes da imprensa. A Aids foi
mencionada, pela primeira vez, em 1983, (pelo menos com a ênfase que
o assunto merece), fruto podre da permissividade e da
irresponsabilidade de milhões.
Exige-se, hoje, dos líderes
de qualquer espécie, além dos atributos tradicionais, como
competência, coragem, maleabilidade e capacidade de diálogo e,
principalmente, de decisão, outros que são característicos dos
novos tempos. Como, por exemplo, alto grau de informação, nos mais
variados campos do conhecimento humano. E, sobretudo, muita
criatividade. Ou seja, uma capacidade aguçada de encontrar novas
soluções a partir de velhos pressupostos. Para tanto, faz-se
indispensável a existência de um conjunto de circunstâncias
simultâneas.
Exige pessoas que tenham
coragem de se livrar de tabus, de ignorar preconceitos, de contestar
dogmas e que, sobretudo, contem com uma capacidade ímpar de
convencimento. O momento presente é de transição. As ideologias
que prevaleceram durante praticamente todo o século XX provaram ser
inadequadas para garantir equilíbrio econômico, com justiça
social, para os povos.
O século passado foi, sem
dúvida alguma, o mais violento da história. Nesse período, a
humanidade passou por duas sangrentas e catastróficas guerras
mundiais (na segunda surgiu a bomba atômica), por uma infinidade de
revoluções (a portuguesa de 1910; a mexicana, de 1911; a
Bolchevique, de 1917; a iraniana, de 1978, apenas para citar algumas
das principais), além de conflitos nacionais e regionais, longos,
mortíferos, desastrosos, com milhões de vidas humanas desperdiçadas
por nada.
O modelo de estadista que
prevaleceu ao longo de todo o século XX mostrou, sobejamente, não
ser adequado. A humanidade regrediu, em termos de relacionamento
social, na proporção inversa dos avanços da ciência e da
tecnologia e da riqueza mundial. Faltou (e falta, o que é pior) uma
liderança adequada. Hoje, dois terços dos habitantes do Planeta
vegetam e batalham, virtualmente sem perspectivas ou esperanças,
para sustentar o um terço que tudo tem e tudo pode, sem que haja a
mínima razão lógica para isso. Será que há pessoas que acreditam
de verdade que ninguém vai tentar alterar esse perverso quadro com o
pior possível de todos os expedientes: o da violência? Parece que
sim! E essa atitude (até uma criança inocente sabe, se é que ainda
exista), é o cúmulo da alienação.
Os líderes da nova geração
precisam ter em mente o potencial de violência e de destruição
existente nessa situação de desigualdade e de exploração do homem
pelo homem. E, mais do que isso, têm a obrigação de encontrar
soluções criativas para este problema, até aqui ignorado, quando
não tratado meramente como simples tema acadêmico, sem o devido
realismo.
Sepultada a Guerra Fria, que
por quase 50 anos manteve a humanidade à beira da hecatombe nuclear,
se torna urgente, urgentíssimo, imediato, premente neutralizar o
risco muito maior do que o confronto temido, mas nunca concretizado,
das antigas superpotências: o da "bomba da miséria"!
Falar, hoje, em sociedades não-excludentes, em que imperem a
racionalidade e a justiça social, soa como delirante utopia. E, no
entanto, é o único caminho lógico para evitar conflitos de
conseqüências imprevisíveis.
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