Decisão que perpetua atraso tecnológico
Pedro J. Bondaczuk
O Brasil, a despeito de avanços ocorridos nos últimos
anos, sempre foi um país que não amparou, pelo menos no nível oficial, a
pesquisa tecnológica. Por essa razão, é obrigado a pagar pesados “royalties”,
em âmbito internacional, em produtos que poderiam ter sido inventados aqui,
caso se desse a devida atenção a essa atividade.
Agora, para complicar ainda mais
as coisas, nossos abnegados (e poucos) pesquisadores correm o risco de ficar
sem as já restritas verbas com que contavam. Isto se deve à infeliz decisão,
sob o pretexto de enxugar a máquina administrativa governamental, de extinguir
o Ministério de Ciência e Tecnologia, tornando-o mero apêndice da pasta da
Indústria e do Comércio.
Com isso, a comunidade científica
brasileira, que raramente recebeu amparo oficial, está vivendo autêntico drama.
Pesquisadores vêm sendo demitidos ou recebendo ameaças de demissões, como se
fossem eles os culpados dos déficits do Planalto.
Dos tantos ministérios que
deveriam (e poderiam) ser extintos, este é, provavelmente, o único em que não
se justifica o fechamento, sob pena de acentuar o nosso já grande atraso
tecnológico. Dia desses, um dos ministros veio a público para dizer que não
será a existência de uma pasta específica que fará com que o País tenha um
setor de pesquisas prestigiado e que apresente resultados.
Infelizmente, porém, esta
autoridade estava errada. O que se observa é a tendência da evasão das nossas
grandes (e raras) cabeças pensantes, que estão retornando, ou pensando em
retornar ao Exterior, onde têm maior segurança.
Programas inteiros estão sendo
paralisados, muitos numa fase altamente produtiva, por absoluta carência de
verbas, cortadas sem mais e nem menos, de forma inoportuna e em área errada. É
o País ficando mais perto da perpetuação da sua dependência tecnológica, um dos
grandes fatores do seu subdesenvolvimento.
(Artigo meu, publicado sob pseudônimo, na página 11, Editoria de
Informática do Correio Popular, em 3 de março de 1989).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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