Saturday, March 29, 2014

Decisão que perpetua atraso tecnológico



Pedro J. Bondaczuk

O Brasil, a despeito de avanços ocorridos nos últimos anos, sempre foi um país que não amparou, pelo menos no nível oficial, a pesquisa tecnológica. Por essa razão, é obrigado a pagar pesados “royalties”, em âmbito internacional, em produtos que poderiam ter sido inventados aqui, caso se desse a devida atenção a essa atividade.

Agora, para complicar ainda mais as coisas, nossos abnegados (e poucos) pesquisadores correm o risco de ficar sem as já restritas verbas com que contavam. Isto se deve à infeliz decisão, sob o pretexto de enxugar a máquina administrativa governamental, de extinguir o Ministério de Ciência e Tecnologia, tornando-o mero apêndice da pasta da Indústria e do Comércio.

Com isso, a comunidade científica brasileira, que raramente recebeu amparo oficial, está vivendo autêntico drama. Pesquisadores vêm sendo demitidos ou recebendo ameaças de demissões, como se fossem eles os culpados dos déficits do Planalto.

Dos tantos ministérios que deveriam (e poderiam) ser extintos, este é, provavelmente, o único em que não se justifica o fechamento, sob pena de acentuar o nosso já grande atraso tecnológico. Dia desses, um dos ministros veio a público para dizer que não será a existência de uma pasta específica que fará com que o País tenha um setor de pesquisas prestigiado e que apresente resultados.

Infelizmente, porém, esta autoridade estava errada. O que se observa é a tendência da evasão das nossas grandes (e raras) cabeças pensantes, que estão retornando, ou pensando em retornar ao Exterior, onde têm maior segurança.

Programas inteiros estão sendo paralisados, muitos numa fase altamente produtiva, por absoluta carência de verbas, cortadas sem mais e nem menos, de forma inoportuna e em área errada. É o País ficando mais perto da perpetuação da sua dependência tecnológica, um dos grandes fatores do seu subdesenvolvimento.

(Artigo meu, publicado sob pseudônimo, na página 11, Editoria de Informática do Correio Popular, em 3 de março de 1989).


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