Cidades
virtuais
Pedro J. Bondaczuk
A era da informática tende a contribuir
decisivamente para a racionalização da vida urbana, fazendo, por exemplo, sem
esforço, aquilo que as autoridades vêm tentando (sem grande sucesso, através
dos inconvenientes, mas necessários, rodízios), como tirar centenas de milhares
de veículos motorizados das ruas, por exemplo. Como? Através das chamadas
"cidades virtuais". O cidadão já pode, se quiser, realizar operações
do cotidiano, como pagar e receber contas, fazer depósitos e saques em bancos,
comprar produtos em supermercados e lojas,
etc., sem sair de casa. E em breve, muitos poderão optar entre se
deslocar para os escritórios das empresas que os empregam, ou fazer suas
tarefas profissionais no recesso do lar, sem a presença nem sempre necessária
(e na maior parte das vezes incômoda) de um chefe, na companhia da família.
Quando John Naisbitt previu, no livro
"Megatendências", essa possibilidade, em 1982, muitos viram na
previsão novo exercício furado de "futurologia" (e foram tantas as
previsões delirantes que não deram certo!). Hoje, estima-se que pelo menos 200
mil norte-americanos já trabalhem em suas casas, com os computadores bancados
pelos seus empregadores, sem a necessidade de enfrentar as neuroses do trânsito
nem os riscos inerentes ao aumento da violência urbana. Na Europa, muitas
firmas também perceberam a vantagem desse procedimento e começam a investir
nessa direção. E a tendência é de maiores adesões.
Claro que os escritórios convencionais, as agências
bancárias ou as lojas com vitrines artisticamente arranjadas, não irão
desaparecer de vez (pelo menos a médio prazo). Mas para o cidadão que detesta
aglomerações e não admite perder tempo, a opção de fazer sua vida girar
inteiramente ao redor do ambiente doméstico, o da sua casa, já é uma realidade,
que tende a se acentuar. Os maiores beneficiados serão os que têm limitações
físicas, que ganham, com a informática, condições plenas de reinserção no
mercado de trabalho e, por extensão, na própria vida.
(Artigo divulgado na revista "Barão
Virtual", na Internet, na quarta semana de outubro de 1998)
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