Tuesday, March 18, 2014

Cidades virtuais


Pedro J. Bondaczuk


A era da informática tende a contribuir decisivamente para a racionalização da vida urbana, fazendo, por exemplo, sem esforço, aquilo que as autoridades vêm tentando (sem grande sucesso, através dos inconvenientes, mas necessários, rodízios), como tirar centenas de milhares de veículos motorizados das ruas, por exemplo. Como? Através das chamadas "cidades virtuais". O cidadão já pode, se quiser, realizar operações do cotidiano, como pagar e receber contas, fazer depósitos e saques em bancos, comprar produtos em supermercados e lojas,  etc., sem sair de casa. E em breve, muitos poderão optar entre se deslocar para os escritórios das empresas que os empregam, ou fazer suas tarefas profissionais no recesso do lar, sem a presença nem sempre necessária (e na maior parte das vezes incômoda) de um chefe, na companhia da família.

Quando John Naisbitt previu, no livro "Megatendências", essa possibilidade, em 1982, muitos viram na previsão novo exercício furado de "futurologia" (e foram tantas as previsões delirantes que não deram certo!). Hoje, estima-se que pelo menos 200 mil norte-americanos já trabalhem em suas casas, com os computadores bancados pelos seus empregadores, sem a necessidade de enfrentar as neuroses do trânsito nem os riscos inerentes ao aumento da violência urbana. Na Europa, muitas firmas também perceberam a vantagem desse procedimento e começam a investir nessa direção. E a tendência é de maiores adesões.

Claro que os escritórios convencionais, as agências bancárias ou as lojas com vitrines artisticamente arranjadas, não irão desaparecer de vez (pelo menos a médio prazo). Mas para o cidadão que detesta aglomerações e não admite perder tempo, a opção de fazer sua vida girar inteiramente ao redor do ambiente doméstico, o da sua casa, já é uma realidade, que tende a se acentuar. Os maiores beneficiados serão os que têm limitações físicas, que ganham, com a informática, condições plenas de reinserção no mercado de trabalho e, por extensão, na própria vida.

(Artigo divulgado na revista "Barão Virtual", na Internet, na quarta semana de outubro de 1998)


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