O clima da Terra está
mudando
Pedro
J. Bondaczuk
O clima da Terra está
mudando. Esta é uma constatação feita não somente por agricultores – que dada a
natureza de sua atividade, devem estar atentos a esse fenômeno – e não só,
também, pelos meteorologistas, mas também por pesquisadores de várias outras
áreas. E até por nós, leigos na matéria, que percebemos essas alterações,
embora nem sempre atentemos de fato para elas. Todos buscam entender as causas
dessas mudanças e, principalmente, extrapolar conseqüências delas para as
populações mais afetadas e determinar se elas são irreversíveis ou não.
Secas devastadoras,
principalmente em territórios próximos à linha do Equador, repetem-se,
ciclicamente, cada vez mais freqüentes e mais intensas, levando milhões de
pessoas à fome, ao desespero e, por conseqüência, à beira de explosões sociais.
A ausência prolongada de chuvas põe em risco, por exemplo, a vida de cerca de
40 milhões de africanos, em pelo menos 20 países desse sofrido continente.
Partes do Nordeste brasileiro enfrentaram situações desse tipo (algumas ainda
enfrentam), com imensos prejuízos econômicos e, sobretudo, humanos. Na África,
os mais afetados são os povos que habitam a região subsaarioana, conhecida como
Sahel, onde o deserto do Saara avança, inexoravelmente, 20 quilômetros por ano,
em média, sem que nada indique que este avanço possa ou venha a ser detido. Não
pode. Não virá.
Em contrapartida, o
Hemisfério Norte vive sucessivos invernos rigorosíssimos – como o de 1987, por
exemplo, considerado, na oportunidade, como o pior em cem anos – sucedidos por
verões inusitadamente quentes, causticantes, abrasadores, com termômetros
alcançando, não raro, 40 graus centígrados ou mais (como ocorreu muito
recentemente em boa parte dos Estados Unidos), afetando pessoas de saúde
frágil, principalmente idosas e causando a morte de grande quantidade delas.
Enchentes catastróficas, que se verificam até em zonas não propensas a elas,
volta e meia pontilham os noticiários da imprensa, com destaque, por exemplo,
para o que ocorreu anos atrás na região alpina da Itália e da França. O mesmo
já aconteceu na zona mediterrânea da Espanha, em vastas áreas da Polônia e da
Alemanha e em outras tantas localidades da Europa.
O Nordeste da África,
por seu turno, é afetado por periódicas e prolongadíssimas estiagens que
afetam, agudamente, a Etiópia, a Eritréia, a Somália e o Sudão, estendendo-se
ao Sul do Chade. A Índia, por exemplo, volta e meia encara secas devastadoras,
como a ocorrida em 1987, considerada como a maior em 110 anos, enquanto que em
outras partes do seu território, e em vastas extensões da China – sem contar
Bangladesh, onde é comum – enchentes arrasadoras destroem lavouras, pontes,
estradas, casas etc. e causam centenas de milhares de mortes.
A pergunta que não quer
calar e que se impõe é: o que, de fato, está acontecendo com o clima da Terra?
Essas instabilidades citadas são normais ou estão se agravando não de década
para década, mas já de ano para ano? A resposta, infelizmente, parece indicar a
segunda hipótese. Se os especialistas concordam que a temperatura média do
Planeta está mudando (e, salvo exceções, há quase consenso a propósito), há
profundas divergências sobre se ele está esquentando ou esfriando. Essas
alterações climáticas teriam começado exatamente na metade do século XX, ou
seja, em 1950. Até então, a Terra havia passado por um período longo de
relativa estabilidade em seu clima, quando analisado globalmente. Além disso,
não há acordo a propósito das causas e nem da duração dessas alterações. São
reversíveis? Não são? Duvido que alguém saiba.
Uma corrente
considerável jura que o Planeta está se encaminhando para uma “Pequena Era
Glacial”, com o avanço das geleiras nas regiões polares e profundas
repercussões na produção de alimentos, o que, se for verdade, será
catastrófico, dado o intensíssimo crescimento populacional do nosso lar
cósmico. Atualmente, há a necessidade de alimentar, diariamente, mais de 7
bilhões de bocas, cifra que tende a se aproximar de dez bilhões logo mais, em
2050 (isso numa previsão sumamente “otimista). Esse grupo de pesquisadores,
ressalte-se, não constitui a maioria. “Nada contra a correnteza”.
A corrente majoritária
é a que alerta as autoridades mundiais que estamos nas vésperas da ocorrência
de um fenômeno oposto ao esfriamento da Terra: o chamado “Efeito Estufa”. Ele
consistiria em perigosa elevação da temperatura média do nosso “domo cósmico”
de dois a três graus centígrados, o que poderia, a curtíssimo prazo, derreter
por completo as calotas polares (e há notícias de que estão derretendo a uma
velocidade estonteante), elevando o nível das águas dos oceanos e fazendo
desaparecer não apenas cidades importantes próximas ou situadas em zonas
costeiras, como Nova York, Londres e Rio de Janeiro, por exemplo, mas até
países inteiros localizados ao nível do mar. Um deles que fatalmente
submergiria seria Bangladesh, com população superior a cem milhões de pessoas.
Quem está certo? Quem
está errado? O Planeta está esfriando? Está aquecendo? Essas variações
climáticas, sobretudo de temperatura, são normais e cíclicas ou são
consequências da ação humana? Isso é o que me proponho a refletir com vocês,
nos próximos dias, por se tratarem de questões que afetam diretamente nosso
futuro (se tivermos um), quem sabe nosso presente ou, quem sabe até, a nossa
mera sobrevivência. Uma coisa parece certa: o clima da Terra está mudando! Por
que? Com que intensidade? Com quais conseqüências? E você, atento leitor, o que
acha disso?
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