Democratas
não têm quem possa se opor a Bush
Pedro J. Bondaczuk
As eleições primárias que serão realizadas, hoje, no
Estado natal do presidente Abraham Lincoln, o Illinois, vão ser um teste
decisivo para pelo menos dois dos aspirantes à candidatura democrata às
eleições presidenciais norte-americanas de novembro próximo.
Estarão na berlinda o senador Paul Simon e o
deputado Richard Gephardt, ambos bastante desgastados em suas respectivas
campanhas, após o fragoroso fracasso que tiveram nas superprimárias da semana
passada, quando estiveram em disputa 35% dos delegados da agremiação para a
convenção nacional de junho próximo.
O primeiro tem responsabilidade, inclusive, maior,
pois a disputa vai acontecer em seus domínios. Se Simon não ganhar, sequer, no
Illinois, não terá razão para prosseguir em campanha. Pesquisa de um jornal
local, todavia, assinala que o vencedor das primárias nesse Estado deverá ser o
ativista negro Jesse Jackson.
Se isso se confirmar, o pastor irá superar Michael
Dukakis, no número de convencionais comprometidos com ele, assumindo a
liderança entre os pré-candidatos democratas. Já Richard Gephardt, que começou
bem, com o “caucus” de Iowa, viu suas chances diminuírem gradativamente, à
medida em que as eleições se sucederam.
Uma derrota hoje, acabará, de vez, com qualquer
possibilidade que ele ainda tenha (se é que tem) de conquistar a candidatura. A
menos que ocorra, portanto, uma surpresa, dessas enormes, fora das previsões de
qualquer analista, a partir de Illinois, a corrida democrata ficará restrita a
apenas três aspirantes: Jesse Jackson, Michael Dukakis e o senador Albert Gore,
este último fortalecido pelo sucesso nas superprimárias, especialmente com os
resultados que obteve no Sul dos Estados Unidos.
Mas é aí que começam os problemas do partido. Seu
único pré-candidato de projeção nacional tem chances muito reduzidas para
enfrentar o candidato republicano que, virtualmente, já é o vice-presidente
George Bush. Ele lidera as pesquisas de opinião com folgas e até já posa como
virtual sucessor de Ronald Reagan.
É verdade que tem, contra si, o escândalo
“Irã-contras”. Mas a ausência de adversários (e Jackson não é páreo para ele)
deve levar até esse handicap desfavorável de roldão e repetir o êxito do atual
presidente em 1984, massacrando o seu competidor.
Por isso, os democratas voltam a falar na
possibilidade do lançamento de Mário Cuomo, o governador de Nova York, como seu
candidato de salvação. Este sim é conhecido nacionalmente e goza de grande
prestígio.
Caso isso ocorra, o confronto pode ficar bastante
parelho e as eleições acabarão ganhando interesse e até dramaticidade. Mas se
tudo não passar de mero balão de ensaio, o tradicional partido dos irmãos
Kennedy vai amargar outros quatro anos de jejum do poder. Não há outro jeito de
mudar isso.
(Artigo publicado na página 14, Internacional, do
Correio Popular, em 15 de março de 1988)
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