Frio ou quente?
Pedro
J. Bondaczuk
O clima da Terra está
mudando. Quanto a isso, há praticamente consenso, tanto entre os cientistas,
quanto entre leigos no assunto, no caso nós, que sentimos os efeitos das
mudanças na própria carne. Todavia, está esfriando, como afirma determinada
corrente, embora minoritária, dando início a uma nova Era Glacial? Ou está
esquentando, como assegura a maioria dos especialistas, que advertem para as
conseqüências do que denominam de “Efeito Estufa”? É difícil, se não
impossível, para quem não seja expert no assunto, definir quem tem razão. Há
indicativos em ambos os sentidos. Ora o Planeta, ou determinadas regiões dele,
convive com invernos inusitadamente rigorosos. Ora, em contrapartida, enfrenta
verões tórridos, cáusticos, de temperaturas excessivamente elevadas, pelo menos
para a nossa sensibilidade e resistência.
Recentemente, por
exemplo, o Japão enfrentou uma onda de calor tão forte, que se conseguiu fritar
ovos em calçadas. Dias desses, em contrapartida, nós, residentes nas regiões
Sul e Sudeste do Brasil, tivemos que conviver com inusitada (pelo menos
incomum) onda gélida, como não ocorria há pelo menos quatro décadas. Esfriando ou esquentando, ou, o que é mais
freqüente, oscilando entre os dois extremos, o fato é que o clima da Terra está
mudando. Outra discussão recorrente, que se acentua, refere-se a quanto o
homem, com suas atividades que raramente levam em conta as leis da natureza,
influi nessas mudanças. Novamente, não há consenso entre os pesquisadores (êta
povinho que não se entende!). Uma corrente minoritária garante que a influência
humana no processo é ínfima. Ademais, sua atividade mais intensa, tendente, ao
menos potencialmente, a influir nas alterações climáticas, é, em termos
cósmicos, recentíssima, quase que mero “ontem”. Data de fins do século XVIII,
com a chamada “Revolução Industrial”.
Em contrapartida, um
grupo majoritário de cientistas assegura que “é 95% provável que o aquecimento
global seja causado pelo homem”. Pelo menos foi o que li na seção de Ciências
do site Terra, em sua edição de 16 de agosto de 2013. Esse, pelo menos, é o
teor de um documento que será apresentado nas próximas semanas, nas Nações
Unidas, e posto em debate naquele fórum político internacional (que discute,
discute e discute, mas nada resolve).
Tenho a convicção de
que a ação humana, principalmente a irresponsável, que redunda na poluição do
ar e da água, tem, sim, alguma influência nas mudanças do clima. Resta saber o
quanto. Presumo (e torço para estar certo) que essa influência seja, de fato,
ínfima, como assegura, reitero, uma corrente de pesquisadores, digamos, mais
otimista. Esses cientistas dizem que o efeito é mínimo face à grandiosidade do
processo. Afinal, trata-se de todo o Planeta, e não, apenas, de uma ou outra
área em particular.
Todavia, quer estejamos
entrando num período “Neoboreal”, também conhecido como “Mínimo de Maunder”,
como é conhecido entre os experts que defendem a tese do esfriamento, quer
ingressando em um período diametralmente oposto, nenhuma dessas situações é
inédita. O que se questiona é a intensidade da atual mudança (caso, de fato,
esteja em andamento) para o gélido ou para o tórrido, e a reversibilidade ou
não do processo, qualquer que seja a corrente que esteja com a razão. Ambos os
fenômenos são cíclicos e já se manifestaram e acabaram dezenas, quiçá milhares
de vezes. E jamais (óbvio) causaram a extinção da humanidade (se houvessem
causado, claro, eu não estaria redigindo estas reflexões e vocês não estariam
lendo e talvez criticando este redator).
É verdade que as
transformações trouxeram (e trazem e trarão) tremendas catástrofes que
dizimaram multidões. Mas sempre houve quem sobrevivesse e reconstruísse o que
foi perdido. O homem, deste início de terceiro milênio da era cristã, tem um
handicap que tanto pode ser positivo, quanto negativo, dependendo do uso que
fizer dele: a tecnologia. Mas para utilizá-la de forma favorável para corrigir
(caso seja o causador) ou para deter (caso o processo seja natural)
desequilíbrios climáticos, quer de esfriamento, quer de aquecimento global,
precisará ser “cirúrgico” e ainda contar com muita sorte. Conseguirá essa
façanha? Talvez sim, talvez não. Todavia, para que tenha a mínima chance de
sucesso, é indispensável que, pelo menos, conheça o que terá que enfrentar.
Isso é o que pretendo, posto que toscamente, refletir com vocês, mas em outra
oportunidade.
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