Wednesday, July 17, 2013

Meus prefácios 1

Pedro J. Bondaczuk

O mercado editorial de Campinas – cidade que tanto amo e que elegi como meu cantinho preferencial no mundo, do qual pretendo jamais abrir mão – é dos mais tentadores e atrativos para os escritores da terra que, aliás tem tradição de gerar ou de acolher homens e mulheres de letras de primeiríssima linha. Deve ser a água daqui que é especial. Brincadeiras a parte, é notável a contribuição campineira para a Literatura nacional. Nem preciso citar nomes (e não devo fazê-lo para não correr o risco de omitir algum, por lamentável lapso de memória e por isso de melindrar os esquecidos).

Recebo, sempre com enorme satisfação, várias  novas obras de escritores da cidade, com solicitações para que faça uma avaliação crítica. Os livros que me agradam, comento e divulgo, sem problemas, nos vários espaços da internet que tenho ao meu dispor. Quanto aos           que tenho restrições a fazer... envio e-mail ao autor, agradecendo a remessa e só. Nunca fiz e jamais farei qualquer crítica, qualquer avaliação depreciativa do que outros escreveram. Não aceito o papel de verdugo, de destruidor de sonhos alheios. Estou errado em agir assim? Que Deus me perdoe. É, todavia, um critério que sempre adotei em minha carreira. Ou seja, o de comentar apenas o que gosto. 

Ademais, seria muita pretensão minha querer julgar os livros que me são enviados, contando com tempo escasso para uma leitura atenta em que perceba certas nuanças, que escapam quando lemos qualquer texto com certa pressa. Seria mega desrespeito ao autor, atitude que nunca tomei e jamais tomarei. Vários desses livros, autênticos documentos históricos, são para serem estudados e consultados freqüentemente, o que exige, sem dúvida, disponibilidade de tempo, que um editor de jornal, como é meu caso, evidentemente não dispõe.

Muitos lançamentos – e não só de escritores campineiros, mas de várias partes do País – têm prefácios meus, o que, por si só, é sinal de apreciação, de envolvimento, de cumplicidade da minha parte com seu conteúdo. Ao prefaciar algum livro, leio-o, obviamente, antes, com a maior atenção, porquanto o que eu escrever a propósito ficará incorporado, de uma forma ou de outra, para sempre a essa obra. Tornar-me-ei, saiba ou não disso, cúmplice do autor. Por tal motivo, ou seja, por razões ainda mais lógicas do que as de comentar ou não determinado lançamento, só prefacio o que gosto. Aliás, apenas neste ano, que mal começou, já prefaciei mais de uma dezena de livros, embora não tenha recebido (ainda) exemplares impressos  de todos eles. Ou seus autores me esqueceram, após a publicação, ou acabaram rejeitados, na última hora, por algum motivo qualquer, por suas editoras, o que, se aconteceu, foi uma pena, por serem trabalhos consistentes de pesquisa e de texto.

Gostaria de fazer pelo menos ligeira menção dos livros que mais apreciei, dessa remessa recebida desde janeiro, o que farei em ocasião oportuna. Não quer dizer, porém, que se por algum motivo não os vier a mencionar, eles não sejam bons ou não tenham caído no meu gosto. Ocorre que este espaço é bastante restrito e os assuntos referentes à Literatura são infinitos (ou quase). Mas os autores podem ficar tranqüilos. Se prefaciei seus livros, é porque os considerei bons. Caso contrário... não seria tolo de embarcar em barca furada.

Cito, porém, alguns lançamentos, para os quais redigi prefácios, mas ocorridos anos atrás (alguns, há décadas até). O primeiro deles, por exemplo, foi "Os Filhos da Pauta", que como o próprio título sugere, tem como autores repórteres de jornal. É uma coletânea das melhores crônicas jornalísticas publicadas em fins dos anos 80 e início dos 90 do século XX pelo "Correio Popular" e "Diário do Povo", ambos jornais de Campinas. Seus autores são profissionais gabaritados, familiares ao leitor campineiro, que certamente acompanhou atentamente suas reportagens pela imprensa local.

Temas como ecologia, educação, cultura, saúde, segurança pública, etc., foram abordados pelos textos ágeis e profundos de Carlos Lemes Pereira, Célia Siqueira Farjallat (a decana da atual geração de jornalistas da cidade), Dario Carvalho Júnior (o DJ, assessor de imprensa da Associação Atlética Ponte Preta), José Pedro Martins, Marcelo Pereira e Rogério Versignasse. Tive a honra de prefaciar o livro em questão, reitero, imperdível para quem queira manter-se atualizado sobre o que acontece na cidade, no Brasil e no mundo. Foi uma edição independente.

Outra obra que prefaciei, na mesma época, foi o instigante "In Esq Uec", de Luiz C. R. Borges. É um livro inteligente do começo ao fim, a partir do próprio título. Na contracapa há a indagação que o próprio leitor se faz quando conclui a leitura. Em qual gênero se pode classificar esse trabalho, com texto fluente e preciso? É uma novela policial? Sem dúvida. Trata-se de roteiro de história em quadrinho? Também! É literatura séria? Apesar do tom jocoso, a resposta é afirmativa. É mais do que um simples livro: é uma deliciosa "aventura" literária, lançamento da editora Komedi de Campinas.

Finalmente, o último livro desse período, que faço questão de mencionar, é uma extensa e muito bem trabalhada reportagem, a cargo do então formando em Comunicações da Puccamp, Luís Fernando Carvalho e Silva. Hoje, óbvio, já é um profissional veterano da imprensa. Trata-se do documento "Brasil e Nazismo – A Fronteira da Impunidade". Tive, igualmente, a honra de prefaciar esse trabalho, profundo, preciso, analítico e com um texto bem jornalístico, fluente e acessível a qualquer leitor.

Embora se tratasse de Projeto Experimental de fim de curso, entendi, na oportunidade, que merecia publicação em âmbito nacional, por parte de alguma grande editora. Não sei, porém, se isso aconteceu ou não. Perdi contato com o autor. Como se observa, a vida cultural campineira não é hoje e não era há duas décadas o "marasmo" que muita gente daqui da cidade achava que era ou acha que é. O que falta, provavelmente, é um pouquinho mais de divulgação. E me disponho, na medida das possibilidades, a fazê-la. Claro, caso os livros lançados sejam do meu agrado, com prefácios meus ou sem eles.


 Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk

No comments: