Cumprindo o prometido
Pedro J. Bondaczuk
O presidente
norte-americano, George Bush, além das questões naturais que preocupam um
mandatário da maior superpotência do Planeta, como as atinentes à defesa e à
economia, vem manifestando, desde que assumiu o poder, em 20 de janeiro
passado, três preocupações básicas: preservação do meio ambiente, tráfico e
consumo de drogas e educação.
Aliás,
esses temas foram a base de sua campanha presidencial. Só que, em geral, um
político, depois de eleito, costuma esquecer solenemente promessas de palanque,
principalmente aquelas que lhes rendam maior número de votos.
Com
Bush, como se vê, não está acontecendo isto. Ele teve, é verdade, um período
vacilante de início de governo, de cerca de 90 dias, quando chegou mesmo a ser
acusado de inércia por seus adversários.
É
claro que a população, acostumada à exuberância de um Ronald Reagan, que mesmo
com seus 76 anos continua passando à opinião pública uma imagem de dinamismo e
vigor (sem contar o seu extraordinário carisma), se mostrou um tanto preocupada
na ocasião. As pesquisas revelaram isso. No entanto, essa fase passou.
O
presidente adaptou-se rapidamente às suas funções, até porque se trata de um
político muito experiente, que já passou por todos os cargos da vida pública
nos Estados Unidos, ou por quase todos. Confesso que me agrada, sobremaneira, o
seu estilo de administrar.
Um
teste importante, pelo qual ele passou recentemente, e com louvor, foi o
assassinato do coronel Higgins, em poder de seqüestradores xiitas no Líbano,
quando da crise deflagrada com o seqüestro do xeque Obeid por parte de um
comando judeu no Sul libanês.
Sem
ameaças, sem bravatas, sem vedetismo, Bush enfrentou a situação com serenidade,
mas com energia. Buscou a solução para o problema – que por sinal ainda não foi
achada – através das vias diplomáticas. Colocou a Sexta Frota da sua Marinha em
ação para desestimular aventureirismos inconseqüentes de fanáticos muçulmanos,
sem que esse gesto viesse acompanhado de inúteis palavras.
A
ostentação de forças já dava o recado por si só. E os seqüestradores entenderam
o recado. Tanto é que o assunto, de repente, perdeu a sua passionalidade e
intensas negociações, certamente, devem estar acontecendo nos bastidores. Ou
seja, Bush evitou tentar apagar um incêndio lançando gasolina sobre o fogo.
A
mesma calma, idêntico bom senso, semelhante serenidade, ele demonstrou no caso
do massacre da Praça da Paz Celestial de Pequim. Portanto, a menos que o
observador esteja redondamente enganado, está aí um estadista que inspira
confiança, capaz de solucionar, e não somente “maquilar”, alguns dos mais
graves problemas do nosso tempo.
(Artigo
publicado na página 15, Internacional, do Correio Popular, em 19 de setembro de
1989).
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