Estranho
isolamento
Pedro J. Bondaczuk
O prefeito Chico Amaral vem mantendo um estranho
isolamento, no Palácio dos Jequitibás, evitando de responder às críticas que
são feitas à sua administração, respondidas pelo pessoal do seu
"staff". Essa atitude, dizem alguns, lembra o ex-presidente Jânio
Quadros, em julho de 1961, um mês antes da sua surpreendente renúncia à
Presidência.
Isto não quer dizer, em absoluto, que esteja prestes
a uma atitude intempestiva como aquela que abalou o País. Mas trata-se de uma
tática que pode ter o efeito oposto ao desejado. O prefeito é experiente o
suficiente para dar qualquer explicação dos seus atos, com competência e
picardia, a qualquer momento e a qualquer um. Então, por que não o faz?
Dizem que foi recomendado a agir dessa forma
"por uma pessoa mais experiente". Quem seria essa sumidade? Há quem
já esteja chamando esse "conselheiro" de "força oculta", em
outra tentativa de comparação com Jânio. Mais experiente do que Chico, todavia,
é difícil. Basta atentar para sua folha de serviços.
Outra semelhança entre o prefeito e o ex-presidente
seriam os famosos "bilhetinhos", com instruções específicas aos
assessores. Ordens por escrito aos subordinados, frise-se, não são novidade.
Nas grandes empresas, os memorandos são até recomendados às chefias. Na
administração pública, no entanto, não costumam ser praxe. Seriam meras
coincidências ou Chico estaria ficando com estilo cada vez mais parecido com o
de Jânio (o que não seria demérito algum)?
(Artigo publicado no Correio
Popular em 12 de dezembro de 1997).
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