Wednesday, July 31, 2013

Concordo com os especialistas em motivação quando advertem que o medo de perder nos tira o ímpeto para vencer. Não raro deixamos de encarar desafios, de tentar algum empreendimento novo por temor do fracasso, mesmo que, intimamente, tenhamos a plena convicção de termos condições de levar a empreitada a bom-termo. Aliás, para sermos bem-sucedidos na vida, raramente se exige que façamos grandes obras. Requer-se, isto sim, constância. Exigem-se pequenos, mas constantes (se possível diários) atos que, com o tempo, sem que sequer nos apercebamos, acumulados, se mostram gigantescos e grandiosos. Confúcio disse isso com outras palavras: “Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis  uma montanha”. É certo que no caminho da vida encontraremos pedras, espinhos e inúmeros obstáculos, que nos parecem intransponíveis. Na verdade não são. Basta que sejamos pacientes, aplicados e constantes.


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Presente do Dia dos Pais

Dê ao seu amigão o melhor dos presentes neste Fia dos Pais: presenteie com livros. Dessa forma, você será lembrado não apenas nessa data. Mas em todos ops dias do ano, por anos e anos a fio.

Livros que recomendo:

“Balbúrdia Literária”José Paulo Lanyi – Contato: jplanyi@gmail.com
“A Passagem dos Cometas” – Edir Araújo – Contato: edir-araujo@hotmail.com
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Cronos e Narciso (crônicas, Editora Barauna, 110 páginas) – “Nessa época do eterno presente, em que tudo é reduzido à exaustão dos momentos, este livro de Pedro J. Bondaczuk reaviva a fome de transcendência! (Nei Duclós, escritor e jornalista).Preço: R$ 23,90.

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Por dentro da TV

ESTRANHA MANIA DE LIMA DUARTE

Os artistas de televisão, como os demais mortais, têm as suas manias, uma mais estranha do que a outra. Como por exemplo o ator Lima Duarte, cuja diversão predileta, nas manhãs frias da cidade de Teresópolis, é sair pedalando a sua bicicleta e tentando decorar trechos do "Mackbeth", de Shakespeare. E o que é mais notável, no original! Pessoas que cruzaram com ele, em várias oportunidades, chegaram até a achar que o excesso de trabalho estava fazendo mal para a sua cabeça. Mas o Lima não está pirando, não. É mania mesmo...

PENA PARA TODO LADO

Outro que tem um "hobby" um tanto diferente é Elias Gleiser, da Rede Bandeirantes. O moço tem em sua residência mais de 40 legítimos e extraordinários canários. Até aí, nada de mais, pois são muitas as pessoas que criam pássaros. Acontece que o Elias mora num apartamento do tradicional Bom Retiro. E na época de muda de pena das aves, é um Deus nos acuda. Ele próprio comenta, dando gostosas risadas: "Meu apartamento fica parecendo um baile carnavalesco do Gala Gay. É pluma para todo o lado".

TROCANDO NOMES

Certas pessoas (e algumas até muito importantes), têm o costume de trocar nomes. Mas para um apresentador de TV fazer isso no ar, referindo-se a jogador de futebol (que todo o País conhece), chega a ser uma tragédia. Pois foi isso o que aconteceu na madrugada de terça para quarta-feira, no Jornal da Globo, apresentado após o jogo do Santos contra o Juniors de Barranquilla, na Colômbia, pela Libertadores da América. Informando a ficha técnica dessa partida, o apresentador Eliakim de Araújo, ao declinar o nome do autor do primeiro gol santista, sapecou: "...de autoria de Toninho Marcos". E nem ficou vermelho. O nome do zagueiro santista, autor do tento, como todos sabem, é Toninho Carlos. Toninho Marcos é o cantor! Cuidado que essa mania pega, não é Eliakim Nascimento?!

JOHN HERBERT MATA SAUDADES

Já a mania de John Herbert, atualmente vivendo o papel de Pantaleão, no seriado "Casal 80", da Bandeirantes, é imitar peixe. Há tempos atrás, nesta coluna, informamos que ele foi grande nadador, campeão paulista e brasileiro e cotado para as Olimpíadas (nos áureos tempos da década de 40). O moço, contudo, sempre teve vontade de voltar a competir. E matou, domingo passado, esse desejo. Integrou a maior maratona do mundo, no "Programa Ricardo Prado de Natação", dando lições de como se nada para muito garotão. Dá-lhe, John!!!

MOSCA NO MEL

Quem está com tudo, mas com tudo mesmo é o ator da TVS, Mário Cardoso. Vejam só que tarefa arrumaram para o moço: apresentar desfile de misses por várias capitais brasileiras. E chamam isso, ainda, de trabalhar?! Desse jeito, até eu topo "puxar o tapete" do Mário. Sou capaz até de pagar ao Sílvio Santos por um "trabalho" assim. Vá ter sorte no...

GLOBO QUER GUGU

Algumas manias acabam rendendo bons dividendos a quem as tem. Parece ser esse o caso do inventor da "dança do passarinho", Gugu Liberato. O moço tanto agitou, com a sua nova e original (será?) coreografia, que despertou o interesse da Rede Globo. Como essa tem a mania de manter em seus quadros os artistas de maior aceitação junto ao público, dentro em breve podemos ter novidades a respeito. A nossa fonte diz que quem está com os cabelos em pé, diante dessa possibilidade, é o Sílvio Santos. Segura o Gugu, se não ele voa!!!

(Coluna escrita por mim, excepcionalmente assinada, publicada na editoria de TEVÊ, página 26 do Correio Popular, em 5 de abril de 1984).


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Riqueza e educação


Pedro J. Bondaczuk

O economista e escritor norte-americano Lester Thurow, que foi uma espécie de guru do ex-presidente Bill Clinton, disse, em conferência que proferiu em São Paulo, há quase 20 anos – no dia 1º de dezembro de 1993 – no 2º Fórum Internacional da Pequena Empresa, promovido pelo Sebrae, que o Brasil só tinha um caminho para promover o desenvolvimento sustentável e ombrear-se às grandes potências: educação. De nada vale ao País contar com fartos recursos naturais (como água potável, minérios, petróleo, fartura de solos férteis etc,), com abundância de capitais e com vontade política se não tiver uma mão de obra capacitada que possa atender às exigências do nosso tempo. Esses fatores materiais ajudam, mas não são os fundamentais.

O que conta de verdade para o desenvolvimento pleno é o homem. Principalmente quando o mundo ingressa numa era em que “o fazer em si” não é o mais importante, mas sim o “como” produzir bens e serviços. Ou seja, num período em que a informação se torna a grande riqueza.

Thurow, autor, entre outras obras, do polêmico livro “Correntes perigosas: o estado da economia”, já havia feito idêntica observação dias antes, ao falar para uma platéia de empresários em Porto Alegre, oportunidade em que acentuou que dos países em vias de desenvolvimento, o único que, no seu entender, tinha condições de se tornar rico era a China. E esta, a despeito de suas contradições, dos imensos desníveis econômicos e sociais – incompatíveis em uma sociedade que se diz “comunista” – já é a segunda maior economia do Planeta. Por que? Por causa de suas matérias primas? Em decorrência da abundância de capitais? Não! Porque há décadas investe pesado em educação.

Na conferência que proferiu em São Paulo, na citada oportunidade, o economista, oriundo da Instituto de Tecnologia de Massachusetts, advertiu: “Sem que a população esteja preparada, devidamente educada, vai ser muito difícil o Brasil se tornar competitivo em tempo hábil”. Provavelmente, o visitante evitou, naquela ocasião, de ser mais incisivo, até por questão de cortesia. Afinal, a “profissão” do brasileiro é a esperança. Esta, todavia, é inócua sem a correspondente ação.

Na verdade, sem educação, não vai ser somente difícil o País ocupar espaço nobre no mundo desenvolvido: será absolutamente impossível. A principal riqueza de uma nação é seu povo. Preparado, ele tem condições de superar qualquer obstáculo e, desde que atue dentro de regras gerais e iguais para todos e com um sentido solidário, em busca de um objetivo nacional maior, não há obstáculo que impeça seu desenvolvimento.

Estão aí os casos do Japão, da Alemanha e da Itália, as três potências que compuseram o chamado “Eixo”, na Segunda Guerra Mundial, que saíram do conflito arrasadas e humilhadas. E qual é o seu estágio hoje?! A despeito da atual crise econômica, é escusado mostrar qual é, já que a força de suas economias está aí para todos verem.

O grande capital que pesou na balança para que japoneses, alemães e italianos reconstruíssem seus respectivos países foi o homem. Cada cidadão tornou-se uma “máquina” altamente produtiva, gerando idéias, lançando empreendimentos, ousando extrair riquezas virtualmente do nada.

E o Brasil? A situação brasileira foi retratada, em 29 de novembro de 1993, pelo ministro da Educação de então, Murilo Hingel, que afirmou: “O Brasil é um dos grandes países que menos investem em educação no mundo”. E sequer estou falando em qualidade de ensino, que entre nós ainda é de sofrível para medíocre, embora tenha melhorado bastante. As coisas já foram muito piores.

Refiro-me, apenas, a investimentos. Em 1980, por exemplo, o País investiu no setor 4,3% do seu Produto Interno Bruto, o que já era irrisório. Em 1993, esse percentual caiu para 3,8%. Embora esses investimentos tenham crescido bastante, praticamente dobrado, nos três últimos governos petistas (está ao redor, atualmente, de 5,5% do PIB ou algo que o valha), está ainda abaixo da média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é de 6,23%. Seria escusado, pois, reiterar a necessidade de maiores investimentos em educação, de tão óbvia que ela é. Políticos admitem isso em toda e qualquer campanha eleitoral. Todavia, entra governo, sai governo, e o setor segue relegado a segundo plano, quando deveria ser prioridade absoluta,  comprometendo, por conseguinte, nosso futuro.

Outro ponto a ser destacado nessa equação é a falta de estímulo ao principal agente da educação: o professor. As rápidas transformações, ditadas pela evolução tecnológica – em especial a das comunicações – mudando o enfoque do trabalho, fechando empregos e abrindo perspectivas promissoras em outros setores ainda a serem explorados (como os da informação e das artes), exigem uma revisão criteriosa no conceito e na maneira de tratar o ensino.

Os currículos, por exemplo, precisam ser adaptados e adequados às atuais exigências, a filosofia da educação tem que ser revista para atender às necessidades e o acesso ao conhecimento precisa ser o mais universal possível, para que não se estabeleçam "castas", como ainda ocorre agora, posto que em menor quantidade do que outrora.

Estas exigências contemporâneas impõem, acima de tudo, novo tipo de professor. O mestre não pode mais se limitar àquele papel convencional que todos conhecemos, de mero transmissor de informações que qualquer garoto com um pouquinho de iniciativa obtém, com facilidade, através da Internet.

Sua tarefa passa a ser a de estimular o raciocínio dos alunos. Ou seja, a de "ensiná-lo" a pensar, fornecendo-lhe indicações de como fazer para disciplinar o pensamento, despertando sua criatividade latente que, certamente, traz dentro de si.

No entanto, embora crescentemente exigido, o "novo professor" continua às voltas com velhos problemas, impedindo que se recicle e se atualize para fazer frente aos desafios que os tempos atuais lhe impõem. O maior deles, embora longe de ser o único, é o de como prover a própria existência, diante dos salários irrisórios, para não dizer indignos, que recebe.

Mal-remunerados, os professores escasseiam, quando o necessário é que seu número aumente e não somente no Brasil, mas em todos os países integrantes do chamado Terceiro Mundo. Por falta de mestres, muitas crianças deixam de freqüentar escolas. Com isso, aumenta a quantidade de analfabetos e semi-analfabetos, portanto, de dependentes sociais. Tais países, em vez de saírem do subdesenvolvimento, afundam mais e mais na miséria, na desesperança e na violência. O Brasil não está nesse caso, mas ainda permanece muito próximo dele.

A forma de superar esse impasse inclui-se entre os grandes desafios, não apenas nacionais, mas da humanidade, para o atual milênio, ao lado do desemprego, da preservação do meio-ambiente e das tensões étnicas, entre tantos outros. Convém refletir sobre isso e, sobretudo, agir, com competência, inteligência e bom senso.


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Tuesday, July 30, 2013

Uma das dificuldades das pessoas criadoras é a de encontrar um final perfeito para suas obras, quer se trate de um poema, de uma sinfonia ou, mesmo, de uma carreira. Os perfeccionistas sempre encontram alguma coisa a cortar, a acrescentar, a mudar, mesmo que aquilo que fizeram pareça perfeito. Esse perfeccionismo, destaque-se, não é negativo. Claro, desde que não seja levado a extremos. É melhor concluirmos nossas obras, mesmo que nos pareçam imperfeitas e aquém das nossas possibilidades, do que hesitarmos e  adiarmos sua conclusão. Afinal, como constatou Charles Chaplin, só há um autor perfeito, capaz de encontrar sempre o melhor final: o tempo. E consegue essa façanha quer a obra (ou a vida) se constitua em uma peça lírica, quer cômica ou trágica. Chaplin afirmou: “O tempo é o melhor autor: sempre encontra um final perfeito”. E eu acrescentaria: tanto para o bem, quanto para o mal.


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Conflito no Golfo ameaça se expandir

Pedro J. Bondaczuk


O atual estado de tensão no Golfo Pérsico, que começou em 17 de maio passado, quando do ataque iraquiano à fragata norte-americana “USS Stark”, e que vem se acentuando, principalmente após a operação de embandeiramento dos petroleiros do Kuwait, traz em seu bojo um risco tão grande, ou até mesmo maior, do que a ampliação desse conflito regional. Coloca em perigo, virtualmente, cidadãos e bens das grandes potências em todas as partes do mundo, que se tornam passivos de atentados terroristas por parte dos iranianos.

Um alerta nesse sentido foi feito anteontem, em mensagem muito lúcida, transmitida, via satélite, para a Europa e para Israel, pelo subsecretário de Estado dos Estados Unidos, Richard Murphy. Ele fez uma afirmação muito judiciosa a esse propósito e que convém ser levada a sério, para que se evitem dolorosos contratempos no futuro. Disse: “Teoricamente, existe o risco de que a ampliação de nossa presença no Golfo esteja sendo vista como provocação pelo Irã e como uma atração para nos atingir como alvo. Os iranianos, ao que parece, estariam se sentindo acuados no momento, de costas para a parede, defendendo a visão do Islã contra o mundo. A tensão é grande como nunca. E o Irã poderia lançar atentados, já que nunca antes hesitou em adotar essa tática”.

Mas se os iranianos podem vir a recorrer ao terrorismo, como arma em seu conflito contra os Estados Unidos e seus aliados do Golfo, corre, também, o risco de ser, igualmente, vítima dessa tática. Círculos muçulmanos, especialmente sunitas, reagiram negativamente aos tumultos protagonizados por peregrinos do Irã em Meca, na semana passada, embora estes tenham se constituído na maioria das vítimas.

E ontem, em Beirute, cidade em que hoje aparece com a maior nitidez a crescente divisão que se verifica no mundo islâmico, houve uma pitoresca (se não fosse perigosa) troca de ameaças entre duas organizações até aqui desconhecidas, de seitas contrárias.

Uma delas, a xiita, prometeu vingar-se da Arábia Saudita pelo massacre de sexta-feira passada, e dos Estados Unidos, que para ela seriam os mentores desse ataque. A outra, sunita, prometeu retaliar o Irã pelo desrespeito à cidade sagrada de Meca.

Ao que tudo indica, portanto, e se diplomatas hábeis não interferirem para deter essa escalada de violências, teremos muitos fatos a lamentar, nos próximos dias, como sempre envolvendo pessoas inocentes e alheias às querelas políticas. Afinal, ódio gera ódio e agressão produz nova agressão.   

(Artigo publicado na página 11, Internacional, do Correio Popular, em 8 de agosto de 1987)


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Centenário do Rei da Valsa

Pedro J. Bondaczuk

O rádio, na primeira metade do século XX, consagrou inúmeros artistas populares – cantores, compositores e músicos – tanto nos Estados Unidos, quanto no Brasil. O caso norte-americano deixarei de lado, por não ser pertinente ao assunto que vou tratar. É oportuno lembrar, antes de entrar direto no tema a que me propus abordar, que a primeira transmissão radiofônica entre nós se deu exatamente durante os festejos alusivos ao centenário da nossa independência nacional, em 7 de setembro de 1922. Portanto, os artistas anteriores a essa ocasião, não se beneficiaram do alcance e da abrangência desse então revolucionário veículo de comunicação de massa.

Mesmo com o benefício do rádio, foram poucos os cantores de música popular que sobreviveram ao tempo e ao esquecimento e que são lembrados e reverenciados hoje em dia. Destacaria, nesse seleto rol, nomes como Francisco Alves (que, guardadas as devidas proporções, na sua época foi tão popular quanto ainda é hoje Roberto Carlos), Orlando Silva (que por motivos óbvios, ficou conhecido como “o cantor das multidões”), Sílvio Caldas (“o caboclinho querido”), Vicente Celestino, com seu característico vozeirão e... Carlos Galhardo, o “Rei da Valsa”. É sobre este último que irei tecer alguns comentários. E farei isso não por capricho ou por mero acaso. É por um motivo muito especial. Explico: neste mês de abril, completa-se o centenário de nascimento desse ídolo das multidões, notadamente nas décadas de 40, 50 e parte da 60 do século XX.

A biografia desse artista, rigorosamente desconhecido das novas gerações, mas lembrado com saudades pelos contemporâneos – boa parte dos quais o elegeu como o cantor de sua preferência – apresenta uma série de peculiaridades (diria curiosidades) que, mesmo se não fosse famoso, como foi, justificaria ser trazida à baila. Analisemos por partes, para que o texto tenha um mínimo de coerência. O primeiro ponto digno de destaque refere-se ao nome. Carlos Galhardo foi o pseudônimo artístico que adotou. Nos seus documentos, porém, constava: Catello Carlos Guagliardi. Já imaginaram um locutor anunciando-o dessa forma? Ademais, dificilmente os fãs memorizariam seu nome de batismo, mesmo sendo tão original e talvez único. Não conheço nenhum outro Catello, nem entre cantores e nem em outra atividade qualquer. Você conhece, caríssimo leitor?

Bem, não é nada raro (aliás é bastante comum), artistas adotarem nomes artísticos mas, ainda assim, a menção a esse fato não deixa de ser pertinente. O outro aspecto da sua biografia que considero digno de nota, é o da sua nacionalidade. Embora fosse tido e havido como brasileiro, falasse o português correntemente e sem nenhum sotaque, Carlos Galhardo não nasceu no Brasil. O caso dele é o oposto ao do compositor Alfredo Lepera. O parceiro e amigo de Carlos Gardel, embora tenha vivido e  morrido como argentino, na verdade era paulistano, embora criado na Argentina. Já o nosso personagem, filho de um casal italiano, nasceu em Buenos Aires (em 24 de abril de 1913), mas veio para o Brasil (primeiro para São Paulo e posteriormente para o Rio de Janeiro) com somente dois meses de vida. Foi criado, portanto, como brasileiro. Aqui viveu, estudou (fez somente o antigo primário, que era de quatro anos, e em uma escola pública da então capital federal), trabalhou, conquistou fama e morreu (em 25 de julho de 1985).

Outro aspecto que me chamou a atenção em sua biografia é o que se refere à profissão que exerceu, antes de se tornar cantor e ídolo da “Era do Rádio”. Sua família seria considerada, hoje, de classe média baixa. O pai, tão logo chegou ao Rio, assumiu uma casa lotérica que não rendia lá essas coisas. Galhardo teria que trabalhar, para contribuir no sustento da casa, já que tinha três irmãos (dois mais velhos, nascidos na Itália e a caçula, que era carioca). Aos oito anos de idade, perdeu a mãe e passou a viver com um parente, no bairro do Estácio.

Pequeno, ainda, começou a aprender o ofício de alfaiate, ao mesmo tempo em que cursava o primário. Com quinze anos de idade, já havia se tornado oficial na profissão, passando por várias alfaiatarias da cidade. Não gostava, no entanto, do que fazia. Tentou se ocupar de outras coisas, mas nada deu certo. Trabalhou, por exemplo, por algum tempo em uma charutaria, mas percebeu que isso era ainda pior do que ser alfaiate. Voltou, pois, para a profissão original, em que demonstrou inegável talento.

Sua carreira artística começou, e posteriormente decolou, por uma série de acasos. Olhem aí as tais das circunstâncias das quais tanto falo. Numa das alfaiatarias em que Carlos Galhardo trabalhou, teve como companheiro de trabalho um tal de Salvador Grimaldi. Esse colega adorava óperas, tinha excelente voz de barítono e não tardou a convencer o companheiro de bancada a ensaiar com ele alguns duetos. Durante muito tempo, essa cantoria toda foi feita apenas por prazer, em casa de amigos e em festas íntimas. Nenhum dos dois sequer cogitava em fazer carreira. Ambos fizeram. É que o acaso cismou de dar uma providencial mãozinha à dupla competente.

Tudo aconteceu em uma festa íntima, na casa de um irmão de Carlos Galhardo. Como sempre faziam, os parceiros, a certa altura do encontro, foram convidados a cantar. Não se fizeram de rogados, claro! A dupla cantou com afinação, e não só com ela, mas com alma e com paixão, uma ária de determinada ópera que não foi mencionada nos registros biográficos. Não importa. Importa que estavam presentes na referida festa personalidades do mundo artístico (e que personalidades!), como Francisco Alves, Lamartine Babo, Mário Reis e Jonjoca. Todos ficaram impressionados com a voz e com a afinação da dupla, principalmente com Carlos Galhardo. Perguntaram-lhe se cantava, também, em solo. O jovem alfaiate respondeu que sim. E fez mais: deu uma demonstração disso.

Escolheu, para interpretar, um dos grandes sucessos de “Chico Viola” da época, a composição “Deusa”, de Freire Junior. Arrasou. Sugeriram-lhe que procurasse alguma emissora de rádio para um teste. Para tanto, foi apresentado ao compositor Bororó, que o levou à Rádio Educadora do Brasil, onde impressionou de imediato a direção da emissora. Tanto, que no dia seguinte foi apresentado à gravadora RCA Víctor. Fez novo teste e obteve nova aprovação. Foi contratado, porém, não como solista, mas para integrar o coral da gravadora. Mas foi um primeiro passo.

Não tardou para ser convidado a gravar seu primeiro disco. Isso ocorreu em 1933 e as músicas escolhidas foram dois frevos: “Você não gosta de mim”, dos Irmãos Valença e “Que é que há”, de Nelson Ferreira. A partir daí, Carlos Galhardo acumulou sucesso sobre sucesso. Por influência de Assis Valente, de quem gravou diversas composições, chegou a fazer dueto com Carmem Miranda. Ao longo da carreira, integrou os “casts” de nove emissoras de rádio (Mayrink Veiga, Rádio Clube, Phillips, Sociedade, Cruzeiro, Cajutio, Tupi, Nacional e Mundial), o que, para a época foi uma grande façanha.

Sua carreira em disco foi igualmente assombrosa a ponto de se constituir no segundo cantor que mais gravou no Brasil, abaixo, somente, do fenômeno dos fenômenos do País, que foi Francisco Alves. Suas gravações – em 78 rotações, LPs e compactos – por quatro gravadoras – RCA Víctor, Columbia, Odeon e Continental – ascendem a 570 composições, todas com vendagens excepcionais. Confesso que ele foi um dos meus cantores prediletos. O ex-alfaiate participou de cinco filmes e, com o advento da televisão, em vez de ser ofuscado e desaparecer, como tantos outros cantores que haviam feito sucesso no rádio, Carlos Galhardo manteve-se na “crista da onda”.

Saiu do Brasil, no entanto, uma única vez. Foi em 1952, quando se apresentou em Portugal durante um ano inteiro, entusiasmando platéias na boa terrinha. Recebeu diversos títulos, que ostentou com orgulho, como os de “Rei do Disco”, “Rei da Valsa” e de “Cantor que dispensa Adjetivos”. E dispensava mesmo.
Sua última apresentação, dois anos antes da sua morte, ocorreu em 1983. Foi num espetáculo produzido por Ricardo Cravo Albin, dedicado ao compositor Antonio Nássara, realizado na Sala Funarte, no Rio, denominado “Allah-la-ô”. É com prazer e orgulho, pois, que trago à baila a passagem do centenário de nascimento do talentoso e (infelizmente) um tanto esquecido “Rei da Valsa”.


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Monday, July 29, 2013

O Planeta, pelas substâncias de que é formado, tem nome inadequado: Terra! Deveria chamar-se "Água"! Dois terços de sua superfície são formados por essa substância, composta por dois gases e que assume as três formas da natureza, de acordo com as condições de temperatura: sólida, líquida ou gasosa. O terço restante, é 24% inabitável, por ser constituído de regiões rochosas e desertos arenosos, bem como de solos cobertos de gelo. Desse terço, portanto, restam apenas 76% de solos utilizáveis para o homem habitar, construir cidades, arar e semear e obter os alimentos necessários à sobrevivência. Da imensidão de água do Planeta, contudo, só 0,6% é potável. Trata-se, pois, de um bem sem preço, fundamental, por ser indispensável para a manutenção da vida. É nosso dever, portanto, e questão de sobrevivência, a proteção e preservação dos seus preciosos mananciais.


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Insônia

Pedro J. Bondaczuk


Meia-noite...
Insônia...

Livros que leio,
sem querer ler:
--- Leio Dumas, Hugo, Balzac,
Verlaine, Rimbaud, Mauriac,
Augusto, Drummond, Gauthier ---
Tudo em vão!
Não consigo me entreter!

Meia e dez...
Insônia...

Ligo o "pick-up" já quebrado,
como eu, já tão cansado,
para mil músicas ouvir:
--- Ouço Bach, Beethoven, Shubert,
Chopin, Strauss, Rachmaninoff,
Tchaikowsky e outros mais. ---
Mas que maçada, meu Deus!
Não consigo, mesmo, dormir!

Uma hora...
Insônia. ..

Tic-tac enjoado...
Oh! que barulho infernal!
Vou tomar um "melhoral"...
E eu que estava tão cansado!...
Por que não posso sonhar?!
Ponho-me, enfim, a pensar

Penso:

---Que loucura é o rock 'n roll!!
Como o mundo é imenso...!
Que bela era aquela loira
que inda hoje me sorriu...!
Mas que maçada o futebol,
meu time de novo perdeu...
Meu salário não saiu... ---

Bah! Mas que enorme maçada!
E este relógio danado
não pára de ribombar!

Uma e meia...
Insônia...

Começa a chover...
Chovem papéis... dinheiro...
Ponte dourada...
Mar de esmeralda...
E eu avanço...
Vou cair...
Bum!!!

Acordei...
Maldito relógio!!!
Segunda-feira...!


(Poema composto em São Caetano do Sul, em 16 de maio de 1964,  publicado na Revista de Natal da "Gazeta do Rio Pardo" em dezembro de 1968. Este trabalho obteve o segundo lugar no "I Concurso de Poesias" promovido pela Academia Campineira Universitária de Letras e pelo Centro de Estudos Tristão de Athayde, da Faculdade de Artes, Ciências e Letras da PUC-Campinas, em 1967).


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Rádio e Literatura

Pedro J. Bondaczuk

O rádio foi, na primeira metade do século XX, o grande veículo de comunicação voltado às massas e não somente no Brasil, mas, sobretudo, nos Estados Unidos. Na terra de Tio Sam, por exemplo, as décadas de 20 e de 30 do século passado ficaram conhecidas como “Old-time Radio” ou “Golden Age of the Radio”. 

No Brasil, o auge desse veículo de comunicação se deu nas décadas de 40 e de 50. A despeito dos prognósticos feitos por muitos de que, com o advento da televisão (e mais tarde da internet) o rádio não teria futuro e seria logo abandonado, isso não aconteceu. Apenas mudou as características da programação e... sobrevive, mais forte do que nunca, atualmente, aproveitando-se, inclusive, dos próprios avanços tecnológicos que, supostamente, iriam “matá-lo”. Principalmente do computador pessoal, o tal do PC.

Hoje o rádio é ouvido por milhões de pessoas mundo afora, no carro (na ida para o trabalho), nos estádios de futebol (para esclarecer o torcedor sobre os lances que ele vê, mas fica em dúvida) e em todo e qualquer lugar que se possa imaginar. No meu caso, é companhia permanente, constante e insubstituível. Tenho vários receptores – um elétrico, dois portáteis sendo um deles menor do que um maço de cigarros e outro no carro – além de sintonizar as emissoras da minha preferência via computador. E quando, eventualmente, esqueço de levar comigo meu radinho de pilha, ouço meus programas prediletos pelo celular.

Sou suspeito para falar sobre rádio. Sua importância em minha vida é inigualável. Afinal, a primeira profissão que exerci e que consta da minha carteira profissional foi exatamente a de radialista. E isso, com meus verdes e promissores 18 anos de idade. Fiz um pouco de tudo nesse veículo de comunicação de massas. Fui locutor, produtor, “disk-jóckei” (função que não existe mais, que consistia em comandar programas musicais de lançamentos de novos discos), repórter, apresentador de jornal falado, comentarista (tanto político, quanto de futebol), plantão esportivo e vai por aí afora.

Amo o rádio e não apenas por haver trabalhado nele, mas por ser meu companheirão constante por anos e anos a fio. Agora o é até mais do que antes. Sobre as funções que exerci, creio que apenas não trabalhei na mesa de som e não fiz transmissões esportivas, como narrador de jogos de futebol. No mais, fiz um pouco de tudo, e sempre com entusiasmo e ludicamente. Esteja onde estiver, sempre tenho comigo um receptor bem à mão. Agora, por exemplo, neste exato momento em que redijo estas reflexões (no caso, memórias), estou sintonizado nas ondas da Rádio Bandeirantes de São Paulo. E isso não atrapalha a coordenação de idéias? No meu caso, não. Estou acostumado a escrever ouvindo rádio. E quando não ele, ouvindo alguma música suave, de preferência clássica. O silêncio absoluto é que me atrapalha.

E o que o rádio tem a ver com literatura? Na prática, nada! Mas, potencialmente, tem muito a ver. Estou convicto que nós, escritores, ignoramos esse veículo que, se fosse inteligentemente utilizado, poderia nos ser de imensa valia. Baseio-me em uma experiência pessoal de 1961, quando trabalhava na Rádio Emissora ABC, de Santo André, município da Grande São Paulo. Na ocasião, cismei de apresentar um programa só de Literatura, com informações sobre lançamentos de livros, entrevistas com escritores, apresentação de textos literários etc. etc.etc. Levei a idéia à direção da emissora, que tentou me demover dessa “infeliz” (no entender do diretor de programação) iniciativa.

Não me dei por vencido. Comprei um horário, que repassei para patrocinadores, no caso, algumas livrarias da cidade. Houve momento em que quase desisti e por pouco não me convenci de que estava fazendo bobagem. Será que eu não falaria sozinho, espantando ouvintes, como os colegas me advertiam que iria ocorrer? Haveria quem pudesse se interessar pelo assunto em um país que supostamente detesta leitura (e naquele tempo a coisa era infinitamente pior do que hoje, pois os índices de analfabetismo ultrapassavam os 60%)?

Qual não foi a surpresa geral, no entanto (inclusive minha), quando boletins de audiência mostraram que o programa era o terceiro mais ouvido da emissora. O segredo estava na produção. Tive muita sorte, é verdade, principalmente nas entrevistas com escritores. Coincidentemente, todos os que entrevistei tinham imensa capacidade de comunicação (convenhamos, são raros os que são assim). Além disso, eu tive o capricho de mesclar o blá-blá-blá característico do rádio com canções expressivas (nem todas sucessos populares, mas todas belíssimas) cujas letras eram cuidadosamente analisadas antes por um poeta. E o leitor há de convir que inúmeras composições do nosso cancioneiro popular são poemas musicados de extrema beleza, dignos de figurar em qualquer boa antologia. Basta analisar, entre outras, por exemplo, as letras compostas pelo “poetinha”, Vinícius de Moraes, cujo centenário de nascimento será comemorado em outubro deste ano.

Em resumo, o programa permaneceu no ar, sempre com excelentes índices de audiência, por dois anos, tive relativo lucro com ele e só saiu da programação quando fui contratado por outra emissora, para exercer função específica em que não cabia esse tipo de apresentação.

E hoje, haveria espaço para Literatura no rádio? Entendo que sim! Provavelmente, não teria a mesma audiência de então, dada a maior variedade de opções, tanto para o ouvinte fiel e constante, quanto para o apenas potencial. Todavia, desde que bem produzido, com inteligência, bom gosto e imaginação, creio que faria sucesso sim. Por que não?!!! Ademais, se ninguém tentar, jamais haveremos de saber.


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Sunday, July 28, 2013


A ONU designou o 22 de março de cada ano como o Dia Internacional da Água, com o objetivo de conscientizar pessoas do mundo todo da necessidade de preservação dos mananciais e das fontes desse importante e indispensável produto para a vida. Sua crescente escassez, em várias partes do Planeta, tende a se acentuar, por causa da poluição, da crescente desertificação de vastas áreas, outrora férteis e produtivas e do enorme aumento de consumo, em decorrência do vertiginoso aumento da população mundial. Por tudo isso, a água potável tende a tornar-se, dada a sua escassez e ao fato de não ser inesgotável, no bem mais precioso da natureza, já ao longo deste século. Por isso, a disputa por suas reservas deve se constituir, mais dia menos dia, em fonte de conflitos e de guerras entre vários países. Nos próximos dez a vinte anos, ela será, com certeza, muito mais preciosa, em termos econômicos, do que é o petróleo na atualidade.

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Presente do Dia dos Pais

Dê ao seu amigão o melhor dos presentes neste Fia dos Pais: presenteie com livros. Dessa forma, você será lembrado não apenas nessa data. Mas em todos ops dias do ano, por anos e anos a fio.

Livros que recomendo:

“Balbúrdia Literária” José Paulo Lanyi – Contato: jplanyi@gmail.com
“A Passagem dos Cometas” – Edir Araújo – Contato: edir-araujo@hotmail.com
“Aprendizagem pelo Avesso”Quinita Ribeiro Sampaio – Contato: ponteseditores@ponteseditores.com.br

Com o que presentear:

Cronos e Narciso (crônicas, Editora Barauna, 110 páginas) – “Nessa época do eterno presente, em que tudo é reduzido à exaustão dos momentos, este livro de Pedro J. Bondaczuk reaviva a fome de transcendência! (Nei Duclós, escritor e jornalista).Preço: R$ 23,90.

Lance fatal (contos, Editora Barauna, 73 páginas) – Um lance, uma única e solitária jogada, pode decidir uma partida e até um campeonato, uma Copa do Mundo. Assim como no jogo – seja de futebol ou de qualquer outro esporte – uma determinada ação, dependendo das circunstâncias, decide uma vida. Esta é a mensagem implícita nos quatro instigantes contos de Pedro J. Bondaczuk neste pequeno grande livro.Preço: R$ 20,90.

Como comprar:

Pela internet WWW.editorabarauna.com.br – Acessar o link “Como comprar” e seguir as instruções.
Em livraria – Em qualquer loja da rede de livrarias Cultura espalhadas pelo País.        

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