O Boeing Brasil decola
Pedro J. Bondaczuk
O Brasil está “com as
turbinas ligadas” para alçar vôo rumo à retomada do crescimento, que deve
durar, conforme estimativas mais pessimistas, de 1994 a pelo menos 2005. Depois
da duríssima crise dos anos 80, a nossa “década perdida”, e após os sete anos
de recessão, de 1984 a 1991, foram feitos importantes ajustes na economia
nacional, a despeito do fracasso de cinco planos de estabilização.
As
empresas saldaram suas dívidas e modernizaram-se. Nova mentalidade passou a
vigorar no mundo dos negócios. Apesar dos brasileiros não perceberem, tudo foi
arrumado, nos mínimos detalhes, para essa decolagem.
Otimismo?
Nem tanto! Estão aí os dados para comprovar. Essa tese, aliás, nem é nossa, mas
do professor Stephen Kanitz, no livro “O Brasil que dá certo – O novo ciclo de
crescimento, 1994-2005”, cuja 11ª edição a Editora Makron Books acaba de lançar
no mercado.
Trata-se
de uma obra fascinante, em linguagem clara, com teses muito bem fundamentadas,
trabalho digno de figurar na cabeceira ou no gabinete de qualquer empresário,
economista ou cidadão bem informado, que acredite neste país.
O
autor apresenta uma série de informações, gráficos, dados e análises a
comprovar que o pior já passou. Demonstra, inclusive, que a retomada do
desenvolvimento virá à revelia de quem seja o presidente da República ou o
ministro da Fazenda.
Acentua,
logo na introdução: “Cresceremos menos se tivermos um governo federal que não
consiga perceber os novos tempos e as novas concepções gerenciais. Cresceremos
mais se os futuros dirigentes souberem agir como catalisadores do crescimento,
em vez de insistirem no papel de geradores do crescimento. O catalisador obtém
o melhor resultado com mínimo esforço”.
O
professor Kanitz desfaz, no livro em questão, o mito de que o endividamento
externo do Brasil seja excessivo ou se constitua em entrave à retomada do
desenvolvimento. Observa: “...O nosso país não é uma empresa superendividada
como os economistas do FMI insistem em dizer há mais de dez anos. Devemos muito
pouco em relação ao nosso patrimônio. Situação aliás similar às das empresas
brasileiras que estão entre as menos endividadas do mundo”.
A
obra apresenta dados que, embora do conhecimento das autoridades multilaterais,
não mereceram, por parte delas, a devida análise. O Brasil não é o caloteiro
que certos círculos internacionais (e nacionais) insistem em dizer que é.
Quem
não apostar no seu crescimento vai deixar de ganhar muito dinheiro e “perder o
bonde da história”. Se com inflação altíssima em 1993, o País conseguiu crescer
ao redor de 5%, imaginem com taxas “civilizadas” (que no nosso caso devem
rondar pelos 5% mensais)!
Aliás,
outra tese interessante levantada pelo professor Kanitz, e absolutamente
lógica, é a do superdimensionamento inflacionário. Portanto, é o contrário do
que alguns analistas apressados afirmam e a população desconfia.
Sempre
se pensou que quando o governo divulgava taxas, por exemplo, de 9%, a inflação
real era de 12%, 14% ou mais. Nunca se cogitou que estivesse ocorrendo o
inverso. Mas a lógica leva a deduzir que sim. Daí plano nenhum ter dado certo.
Pois é, amarrem o cinto. O Boeing Brasil está pronto para decolar!
(Artigo
publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 16 de outubro de 1994).
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