Tuesday, February 14, 2017

As macroeleições



Pedro J. Bondaczuk


As eleições de 3 de outubro deste ano serão as maiores da história do Brasil. E isto se refere tanto à sua importância, dado o momento peculiar que o País atravessa, quanto ao volume de candidatos e de eleitores habilitados ao voto. Serão 100 milhões de brasileiros que irão às urnas para eleger governadores dos Estados, deputados estaduais e federais, dois terços dos senadores e, sobretudo, o novo presidente da República, que terá a incumbência, inglória por sinal, de apresentar alguma solução para esta crise que parece não ter mais fim.

As regras que vão nortear as eleições estão definidas desde outubro do ano passado e apresentam poucas mudanças em relação às que regulamentaram a votação de 15 de novembro de 1989. As alterações referem-se mais aos financiamentos das campanhas políticas e ao horário eleitoral gratuito.

A medida que poderia emprestar mais qualidade ao voto, ou seja, a não-obrigatoriedade de votar, ficou para ser debatida na revisão constitucional e, se for aprovada, valerá apenas para 1999. É uma pena. Afinal, sem nenhum menosprezo pela maioria, não se pode deixar de dar razão ao escritor Gilberto Amado, que constatou, em seu livro “A chave de Salomão e outros escritos”: “Não há nada mais discutível do que a capacidade política das massas”.

Basta lembrar o que ocorreu na eleição passada, em relação ao festival de demagogia de Fernando Collor, que acabou sensibilizando mais de 55 milhões de brasileiros. Desta vez, ao que tudo indica, teremos pelo menos dez candidatos à Presidência.

Os nomes postos até agora não inspiram confiança de que sejam a solução para o País, a menos que tenham mudado muito em relação ao que já mostraram em sua vida pública. Uma multidão de políticos deve postular aos cargos em disputa. Tomara que se promova uma sadia renovação, não somente de pessoas, mas sobretudo de idéias, posturas e comportamentos.

Os candidatos são estimados em 35 mil para 1.700 mandatos de deputado estadual, federal, senador, governador e presidente. Espera-se que o jogo democrático, pelo menos, transcorra dentro da normalidade e que Deus ilumine os eleitos.


(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 3 de janeiro de 1994)

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