Informação
é poder
Pedro J. Bondaczuk
O mundo passa, desde 1956, por
uma nova revolução, que está transformando os países que já entraram na etapa
do pós-desenvolvimento de uma sociedade industrial para a da informação.
Todavia, parcela considerável da humanidade está privada do acesso a essa
importante evolução. Os que estão de fora carecem de um requisito básico para
se beneficiarem dos milagres da tecnologia deste início de novo milênio:
educação.
Mais de um bilhão de seres
humanos, o equivalente a toda a população da Índia, por exemplo, não sabem ler
e nem escrever e, a despeito de alguns meios de comunicação, como o rádio e a
televisão, prescindirem dessa aptidão, eles não têm tirocínio para compreender,
em toda a sua extensão, aquilo que lhes é informado.
A tendência para a nova
sociedade foi claramente constatada por John Naisbit, em seu livro, que já se
tornou clássico, o “Megatrends”. Logo na introdução dessa instigante obra, o
autor constata: “Este livro trata de dez transformações importantes que ocorrem
hoje em nossa sociedade. Nenhuma é mais sutil, e mais explosiva, creio, que a
megamudança de uma sociedade industrial para uma sociedade de informação”.
Nenhum setor recebeu tantos
investimentos, desde 1956, quanto este. Estão aí os caríssimos e sofisticados
satélites, permitindo a existência de uma televisão de caráter mundial. Está aí
a telefonia celular, ao alcance, cada vez mais, de um número crescente de
pessoas mundo afora. Está aí a rede mundial de computadores, a internet,
ocupando, cada vez mais, espaços antes cativos de outros meios de comunicação.
Até uma nova disciplina, que é a de maior expansão nos tempos atuais, surgiu,
se desenvolveu, prosperou e se consolidou: a Informática. Deter informação,
hoje em dia – desde que se saiba, lógico, o que fazer com ela – é possuir
poder.
Por isso, quem não aprecia o
saudável cultivo da mente, gastando todo o seu tempo em cultivar, somente,
músculos, cabelos ou pele, pode estar se metendo numa bela enrascada, com
conseqüências de médio prazo, sem que ao menos se dê conta. Está se
auto-excluindo do novo tipo de sociedade em plena formação. “Problema de quem
age assim”, dirão alguns. Discordo! Os ônus dessa atitude acabam arcados por
toda a sociedade, privada de cérebros para comandar o desenvolvimento.
E como ficamos nós,
brasileiros, em tudo isso, quando nossos governos, seja de que esfera for – da
municipal à federal – investem tão pouco em educação? Quando se utilizam de
inúmeros subterfúgios para desviar preciosas (por serem escassas) verbas para
outros setores, não tão prioritários, quando não as malbaratam em cínica e
criminosa corrupção?
Como ficamos nós, quando o
analfabetismo, ao invés de erradicado no País, cresce de forma alarmante
(quando levamos em conta os chamados “analfabetos funcionais”)? Quando
estatísticas são manipuladas ao bel prazer, para tentar provar o contrário?
Quando nossa sociedade entende que o problema não é seu? Então, é de quem, dos
Estados Unidos, do Japão, da Europa? Claro que não!
Como ficamos nós, quando o nível
de ensino, em especial o público que não faz muito era referencial de
qualidade, se deteriora ou se conserva arcaico e fossilizado, não satisfazendo,
nem de longe, as crescentes exigências do mundo moderno? Quando tanta gente
desperdiça fortunas “matando o tempo” – capital mais precioso que um ser humano
pode ter, já que a vida não é como um filme ou um vídeo e não tem reprise – em
diversões que, na maioria das vezes, sequer são divertidas, em detrimento do
aumento de seu nível de instrução, de sua cultura e de sua informação? Sim,
como ficamos nós?
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