Thursday, March 31, 2016

AS MESMAS DÚVIDAS DE TODOS


Ciente das dificuldades e potenciais decepções que a literatura tem, persisto neste apaixonante, mas não raro frustrante mundo das letras. Já se tornou vício, e sem possibilidades de regeneração. Mesmo que queira, não consigo parar de escrever. Não poderei, pois, me queixar caso não me sinta lido e nem prestigiado (como tantas e tantas e tantas vezes me sinto). Não estou iludido. Ninguém me prometeu o sucesso entregue de bandeja. Estou ciente das agruras e da indiferença das pessoas, alvos do que escrevo. Como em tudo na vida, dependo das tais das “circunstâncias”, tantas vezes abordadas pelo filósofo espanhol José Ortega y Gasset e sobre as quais também escrevo amiúde, para obter êxito no que faço. Dependendo delas e do seu “gerador”, o acaso, tanto posso ser lembrado, um dia (quando, não sei) como “gênio das letras”, num indeterminado e nebuloso futuro, quanto ser encoberto para sempre sob o opacíssimo manto do ostracismo e ser esquecido até pelos descendentes. Ademais, não podemos reclamar, pois também nos “nutrimos” de idéias, de textos, de livros de outros escritores, de centenas, de milhares, de dezenas de milhares deles, que nos fizeram (e fazem) ser o que somos. E estes, certamente, sentiram o mesmo que sentimos, ou seja, dúvidas, ansiedades, incertezas etc.etc.etc. além de imensa indiferença.

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Livros que recomendo:

“Balbúrdia Literária” José Paulo Lanyi – Contato: jplanyi@gmail.com
“A Passagem dos Cometas” – Edir Araújo – Contato: edir-araujo@hotmail.com
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“Um dia como outro qualquer” – Fernando Yanmar Narciso.  

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Cronos e Narciso (crônicas, Editora Barauna, 110 páginas) – “Nessa época do eterno presente, em que tudo é reduzido à exaustão dos momentos, este livro de Pedro J. Bondaczuk reaviva a fome de transcendência! (Nei Duclós, escritor e jornalista).Preço: R$ 23,90.

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Gafes e teimosias de um grande presidente


Pedro J. Bondaczuk


O presidente norte-americano, Ronald Reagan, embora com seus razoáveis dotes de ator saiba polarizar, junto ao grande público de seu país, as simpatias da maioria (mesmo quando comete gafes extraordinárias), tem se caracterizado por algumas atitudes infelizes, que além de enriquecerem o anedotário político, dão argumentos de sobra para seus opositores criarem uma imagem nada edificante dele.

Já não se questionam mais suas seguidas quebras de protocolo, ao visitar, ou receber, ilustres visitas, como quando recebeu a rainha Elizabeth II, em 1982. Nem algumas brincadeiras infelizes e inoportunas, como a feita no ano passado, por exemplo, quando ao testar um microfone em sua fazenda em Santa Bárbara, na Califórnia, prometeu apagar a União Soviética do mapa em cinco minutos.

Mais do que aquilo que Reagan diz, ele acaba tropeçando no que faz. E, até, no que deixa de fazer. Em junho de 1982, por exemplo, quando estava em andamento a operação “Paz para a Galiléia”, ou seja, a invasão das tropas israelenses ao Líbano, o presidente perguntou, candidamente, a um de seus assessores, sem se importar com a presença indiscreta de jornalistas: “Nós estamos ganhando?”.

Esse “nós”, obviamente, referia-se às forças de Israel. Na época, isso repercutiu mal, pois, dias antes, Reagan afirmara, sério e compenetrado, perante a imprensa, que os EUA estavam absolutamente neutros na questão. Como se vê, não estavam.

Mas de todas as atitudes infelizes desse estadista, que há meio ano obteve uma das mais consagradoras vitórias eleitorais da história norte-americana, a que vem despertando maior celeuma é a sua projetada visita ao cemitério da pequenina cidade alemã ocidental de Bittburg, local onde estão sepultados diversos soldados nazistas, inclusive vários ex-oficiais SS, que torturaram e executaram não apenas milhões de judeus em campos de concentração, mas muitos soldados do próprio país do presidente.

É certo que sentimentos revanchistas não devem perdurar indefinidamente. Afinal, a guerra já acabou há quatro décadas e muita água rolou sob a ponte da História. A própria Alemanha Ocidental de hoje é bem diversa daquela em que esses crimes hediondos ocorreram.

De perigosa inimiga, que deveria ser vencida a qualquer custo, pelo bem dos princípios da liberdade em todo o mundo (que nunca foram tão desrespeitados como atualmente), se transformou na mais fiel e leal aliada norte-americana na Europa.

Mas perdoar uma falta de alguém, ou de um povo, não equivale a esquecer que ela foi cometida. Os crimes nazistas não poderão ser apagados da História. E nem devem. Precisam ser sempre lembrados, não com um espírito de rancor e de vingança, ou com o objetivo de punir a Alemanha atual, que pouco (ou quase nada) teve a ver com aqueles fatos deprimentes. Mas, em memória dos milhões de mártires da insânia nazista, devem servir para sempre como um permanente alerta, para que o mundo jamais permita que o lado bestial da natureza humana volte a se manifestar como no período de 1939 a 1945, sob o olhar complacente, ou ao menos acomodado, de quem poderia ter evitado essa ocorrência.

Que o presidente cometa as suas gafes, vez ou outra, vá lá. O anedotário político está repleto de passagens pitorescas envolvendo líderes do porte de um Winston Churchill, Charles De Gaulle, Franklin Roosevelt, Nikita Kruschev, entre tantos outros.

Que brinque de extinguir a URSS, ou diga que um foguete pode ser chamado de volta, após disparado, ainda se tolera (embora já com certo mal-estar). Mas, nem Reagan, nem ninguém, tem o direito de ferir tão profundamente sentimentos de saudade e de respeito nutridos pelos familiares e sobreviventes dos que foram massacrados pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

O presidente norte-americano não poderia, portanto, ter descoberto uma forma mais infeliz e desastrada para lembrar o 40º aniversário do fim de um dos mais dolorosos conflitos em que a humanidade já se envolveu...

(Artigo publicado na página 9, Internacional, do Correio Popular, em 20 de abril de 1985).


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Submergindo no romance “Manhã Submersa”

Pedro J. Bondaczuk

O livro “Manhã submersa” pode não ser o melhor dos 47 publicados pelo escritor português Vergílio Ferreira – cujo centenário de nascimento vem sendo celebrado neste ano de 2016 –, mas é o mais conhecido dos que escreveu e publicou. Aliás, esse tipo de juízo de valor é sumamente subjetivo, principalmente quando se trata de avaliar a obra de um autor tão prolífico e de qualidade linearmente superior. Posso achar, por exemplo, por critérios estritamente pessoais, determinada publicação excelente. Já outro leitor pode achá-la monótona, ou óbvia, ou cansativa ou outra coisa qualquer que a deprecie e a torne detestável. Qual das duas opiniões seria a correta? Provavelmente, nenhuma. Ou, em alguns casos, ambas. O tal livro pode apresentar virtudes que para mim sejam fundamentais e defeitos que para o outro leitor deste meu exemplo sejam contundentes e deploráveis.

No caso de “Manhã submersa”, considero-a uma obra fascinante, destas que recomendo aos meus leitores sem pestanejar. É o melhor livro de Vergílio Ferreira? Não sei! Pode ser que sim, pode ser que não. Afinal, não tive o privilégio de ler os outros 46 que publicou. Não tenho, pois, elementos objetivos de comparação. Todavia, é do meu pleno agrado, por uma série de razões, tanto pelo conteúdo, quanto pelo estilo do vitorioso escritor. A julgar, todavia, pela forma com que o próprio autor tratou esse livro, concluo (talvez afoitamente) que ele não era do seu pleno agrado. Tanto que “Manhã submersa” foi publicado, pela primeira vez, quase vinte anos após ser escrito, em 1954. É verdade que teve, depois, várias republicações. Notadamente, depois de ser adaptado para o cinema, em 1980, por Lauro Antonio, filme que foi grande sucesso de bilheteria em Portugal.

Se Vergílio não gostava desse livro, deve ter mudado de idéia quando concordou que se fizesse sua versão cinematográfica. Tanto que, embora não tendo experiência e formação na arte de representar, foi o “galã” dessa bem sucedida produção, interpretando um dos principais papeis: o do Reitor do Seminário onde a história se desenrola (único personagem do livro, aliás, que não é identificado pelo nome), contracenando com astros e estrelas consagrados do cinema português, como Eunice Munhoz, Canto e Castro, Jacinto Ramos e Carlos Wallenstein. Quem assistiu ao filme garante que Vergílio Ferreira deu um show de interpretação. E de onde tirei a idéia de que ele não morria de amores pelo livro que ele próprio escreveu? Desta declaração dele próprio: “Oh, não, não gosto muito do livro, mas (...) ninguém diz mal de seus livros”.

O crítico português Júlio Pinheiro, na meticulosa análise que fez dessa obra na revista “Síntese”, publicada em 7 de março de 2008, atribui seu sucesso, sobretudo após o 25 de abril de 1974, data da “Revolução dos Cravos Vermelhos”, que depôs a ditadura de quatro décadas do general Antonio de Oliveira Salazar – e que redundou em fartas vendas do romance e determinou sucessivas tiragens – a três fatores fundamentais: “à consideração e fama do autor; ao filme de Lauro Antonio e ao aproveitamento político da obra como um ataque à Igreja e à educação nos seminários”. Meu motivo para apreciar tanto esse livro não é nenhum desses. É a fidelidade com que o autor descreve como é a vida em um internato, com seus vários tipos – professores, colegas, funcionários – e comportamentos – dramas e comédias, amizades, amores, ódios etc.etc.etc.

Quem leu “O Ateneu”, de Raul Pompeia, sabe como é essa realidade. Sabe-a melhor, logicamente, quem já foi interno. Eu fui. Passei parte considerável da minha vida internado em colégios bem diferentes, mas todos com algo em comum. E esse “algo” é apresentado com bastante fidelidade e realismo por Vergílio Ferreira em seu livro. Júlio Pinheiro escreve o seguinte sobre esse romance autobiográfico: “A Manhã Submersa recorda a vida passada por António Lopes, o alter-ego de Vergílio Ferreira, no pequeno Seminário da Diocese da Guarda, situado junto às Donas e ao Fundão. O narrador foca um passado vivido com tal intensidade que se torna presente em direção a um futuro. Não se trata de uma memória qualquer, mas de uma memória interrogativa, angustiante, por vezes trágica, analisando a consciência como Dostoievski, dando menos valor à visão sociológica tão querida por Balzac. A memória vive entre a realidade e o imaginário”.

Destaque-se que o escritor passou seis anos da sua vida – dos doze aos dezoito anos – nesse mesmo seminário que transformou em cenário do seu romance, misturando fatos e personagens verídicos (posto que estes últimos com nomes trocados), com ficção e fantasia. O livro é tão complexo que merece análise mais meticulosa, que me proponho a fazer oportunamente. Encerro, todavia, estes comentários à margem com a seguinte constatação do crítico Júlio Pinheiro: “Uma certeza nos resta. Sendo da Beira, Vergílio foi um inquieto, vivendo sempre à beira de... à beira da montanha, das coisas, de si mesmo, da religião, do homem, do mundo. Nunca esteve em, paralisado, mas em movimento, à beira de. Também Manhã Submersa é uma obra à beira de, com personagens em mudança, fazendo variadas viagens no espaço e no tempo. Sendo assim também nós ficamos à beira de... à beira do autor, à beira das suas ideias. Neste modo de estar reside toda a grandeza de Vergílio Ferreira que pela sua inquietação viverá para sempre à beira do intemporal. Por tudo isto, o melhor que podemos fazer não é interrogar Vergílio, mas simplesmente interrogar-nos”.


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Wednesday, March 30, 2016

LITERATURA É GENEROSA AUTODOAÇÃO

Raramente sabemos o tamanho e o alcance do nosso “sucesso” literário, caso venha a ocorrer. Desconhecemos quantos, quais e de que lugar são os leitores em cujas mãos cheguem os livros que escrevemos. Não raro, morremos amargurados e feridos, nos julgando escritores fracassados quando não injustiçados, sem que de fato o sejamos. É possível que após a nossa morte, o sucesso, que tanto perseguimos e que não tivemos em vida, apareça postumamente. Ademais, para nós (pelo menos para mim), o êxito não se mede pelas cifras ostentadas por nossa conta bancária. Se forem altas,.óbvio, tanto melhor, mas não é o fator determinante. A literatura, como meio de ganhar dinheiro, acreditem, salvo raríssimas exceções, é péssimo negócio, é uma tremenda furada. É, sim, caso produzamos literatura de qualidade, generosa, quando não superlativa, ou seja, generosíssima autodoação. E vocês acham que isso é pouco? Eu não!


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A lógica do mercado


Pedro J. Bondaczuk


A expectativa pela entrada em vigor do Real, que vai acontecer dentro de exatos sete dias, enlouqueceu os preços, o que, aliás, já havia ocorrido quando da introdução da Unidade Real de Valor, em 1º de março passado. Quem está agindo dessa maneira, ao contrário do que pensa, não está sendo esperto. Simplesmente está espantando fregueses, sem nenhuma garantia de que irá recuperar esses clientes perdidos.

A quantidade da nova moeda na praça será muitíssimo menor do que a da atual, que ascende, talvez, a estratosféricos e absurdos quatrilhões. Como os salários permanecem congelados até as respectivas datas-base de reajuste, vai faltar dinheiro na praça.

Quem quiser ter vendas e apurar recursos para pagar seus compromissos, principalmente com os fornecedores, no instante em que sentir que não está vendendo coisa alguma, fatalmente terá que cair na realidade comercial: ou pratica preços compatíveis com o dinheiro existente em mãos dos trabalhadores, que são a maior parte dos consumidores, ou não vende nada.

Há quem esteja apostando no imediato aumento do poder aquisitivo da população, com uma abrupta queda da inflação, e quer se aproveitar disso. Mas para lograr seu objetivo, esses agentes econômicos deveriam escolher estratégia diametralmente oposta à que vêm adotando nos últimos dias. Teriam que cobrar o valor justo por suas mercadorias ou serviços, sem embutir nos custos delirantes projeções de taxas inflacionárias futuras.

Ao estipularem preços exagerados, muito além da realidade, estão conseguindo, somente, diminuir --- ou na melhor das hipóteses manter como está --- o verdadeiro valor dos salários. Portanto, diante desse comportamento, uma coisa é certa: a temida explosão de consumo não irá ocorrer, por insuficiência da massa salarial. É só conferir daqui a um mês para ver.

Ninguém está disposto a ter perdas, o que é uma atitude sensata, prudente e muito justa. Pois os trabalhadores também não estão. Estimular inflação alta em Real, estando os salários congelados, é provocar queda de vendas. Não é preciso ser nenhum economista para chegar a essa conclusão.

Portanto, faz sentido a observação do ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, num de seus pronunciamentos em rede de rádio e televisão, quando afirmou: "A partir de 1º de julho, um Real valerá um dólar americano. E não existe inflação elevada em dólares".

(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 24 de junho de 1994).

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Um professor apaixonado por Literatura

Pedro J. Bondaczuk

O escritor Vergílio Ferreira – cujo centenário de nascimento está sendo comemorado neste ano de 2016 – teve duas grandes paixões em sua vida: a Literatura e o Magistério (provavelmente, ambas, com a mesma intensidade). Desde que se formou na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e estagiou, como professor, no Liceu Dom João III dessa cidade, aos 26 anos de idade, em 1942, nunca parou de lecionar. Lecionou até, praticamente, sua morte, ocorrida, em Lisboa, em 1ª de março de 1996. Foram 54 anos dedicados a ensinar várias gerações de alunos. Não deixou a cátedra mesmo depois de se tornar escritor consagrado e reconhecido, não somente em Portugal, mas em toda a Europa e em várias partes do mundo. E, pelos excelentes resultados obtidos nas duas atividades, parece que uma não interferiu negativamente na outra. Foi prolífico, eficaz e criativo em ambas.

Creio não ser inadequado, portanto, alcunhá-lo de “O professor apaixonado por Literatura”. Ou, como queiram, de chamá-lo de “O escritor apaixonado pelo Magistério”. Ter paixão, observe-se, não significa ser obcecado e esquecer tudo o mais da vida, como amizades, diversões etc.etc.etc., enfim, deixar de viver. Uma pessoa organizada pode fazer (e faz) várias coisas ao mesmo tempo e, principalmente, vive. Vergílio Ferreira viveu plenamente. Cultivou vários hobbies, como, por exemplo, a pintura, o futebol e o xadrez. Diz-se que foi torcedor do Benfica (embora eu não tenha certeza). Nem por isso, deixou de lecionar, ou lecionou menos, e nem de escrever, ou limitou sua obra literária. Desde que publicou seu primeiro livro, em 1943, o romance “O caminho fica longe” (escrito em 1939), não parou de enfileirar sucessos literários, entre ficção (romances e contos), ensaios e seus diários, que publicou todos, perfazendo onze volumes, sendo que o último foi póstumo, publicado cinco anos após sua morte.

A obra completa de Vergílio Ferreira ascende a 47 livros. Destes, 45 foram publicados em vida e apenas dois foram póstumos. Geralmente, quem escreve muito não consegue manter a qualidade em toda a obra. Esta oscila, o que é compreensível,  de um livro para outro. Não foi, todavia, o que aconteceu com Vergílio Ferreira. Não há uma única de suas publicações em que se possa fazer alguma restrição, quer quanto à forma, quer quanto ao conteúdo. É essa linearidade qualitativa que faz dele aquilo que é: um dos principais expoentes da moderna literatura de língua portuguesa. Portanto, não surpreendeu ninguém quando, em 1992, recebeu o cobiçado Prêmio Camões, pelo conjunto da sua obra. Surpreendente, sim, foi o fato de não haver conquistado o Nobel de Literatura, como enfatizei em comentário anterior.

Uma de suas características foi a de levar experiências pessoais – fatos bons ou ruins – de sua vida, para sua produção literária. E não me refiro, somente, aos onze diários que, logicamente, são personalíssimos, mas a vários de seus romances e contos, inspirados na própria vivência. Foi o caso, por exemplo, do livro “Nítido Nulo”. Nele Vergílio relata, em forma de ficção, dolorosa (e estranha) separação dos seus pais, ocorrida em 1927. Naquele ano, ambos emigraram para o Canadá, em busca de uma vida melhor, deixando-o, todavia, para trás, junto com seus irmãos, todos mais novos, dos quais teve que cuidar. Outra experiência pessoal que transformou em uma história aparentemente ficcional, foi sua experiência no seminário do Fundão, onde permaneceu por seis anos, ao cabo dos quais descobriu que não tinha nenhuma vocação religiosa. Essa vivência, porém, é o tema central do seu livro “Manhã Submersa”.

Enquanto cursava a Faculdade de Letras, escreveu centenas de poemas. Jamais, todavia, publicou-os em livros específicos. Contudo, muitos deles não ficaram inéditos. Alguns foram transcritos, completos. Outros, apenas alguns versos esparsos. Eles aparecem na primeira série de seus diários, que intitulou de “Conta-corrente” (foram cinco livros com este título e outros quatro intitulados “Conta-corrente-nova série”). Suas experiências no magistério, como seria de se esperar, também foram fartas fontes temáticas de sua ficção. Foram os casos, por exemplo, do seu livro mais famoso, “Manhãs submersas” (levado às telas em filme do mesmo nome, em que Vergílio atuou como ator principal, vivendo o papel de reitor do seminário) e de “Aparição”.

Sua paixão pelo ensino era tão grande, que em 1946, casou-se com uma professora. Tratava-se de Regina Kasprzykowsky, refugiada de guerra polonesa, com a qual viveu até a morte. Quando morreu, Vergílio, já consagrado e reverenciado nos principais círculos literários e culturais europeus, ainda era professor, do Liceu Camões, de Lisboa. Escritores desse porte não podem, e não devem ser esquecidos. São exemplos raros de competência, persistência e criatividade. Estou convicto de que este mestre das letras e de vida jamais o será!


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Tuesday, March 29, 2016

GENEROSA AUTODOAÇÃO

O escritor norte-americano John Updike afirma – colocando a afirmação na boca de um personagem do seu romance “O encontro” (traduzido para o português, mas que parece haver passado batido, dada a escassez de referência a ele) – a seguinte verdade, que pode até soar como lugar comum, mas que não é: “As palavras, quaisquer palavras, são o modo de darmos a alguém uma parcela de nós próprios”. Se isso é verdade em relação ao que falamos (e de fato é), maior e mais generosa essa autodoação se torna quando “damos” essas palavras a “alguém” por escrito. Falando (a menos que o façamos de forma generalizada, ao microfone de uma emissora de rádio, por exemplo), doamos a tal parcela de nós próprios a uma, duas ou no máximo três (caso nossa fala não se trate de aula, de palestra ou de conferência) pessoas. Escrevendo... esse universo amplia-se exponencialmente e torna-se ilimitado. No caso, o “céu é o limite”. É rigorosamente impossível estimar, mesmo que aproximadamente, pelo menos com razoável margem de acerto, quantas pessoas (e quando e onde), irão ler o tal do nosso texto. Podem ser pouquíssimas, próximas do zero, como esse número pode ascender a assombrosos milhões, e em vários idiomas. Paulo Coelho, o escritor brasileiro mais lido no mundo, na atualidade, que o diga. Mas ele não conta. É um fenômeno raro.


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Reforma da segurança



Pedro J. Bondaczuk



As greves e a violência que tomaram conta, no mês passado, das polícias civil e militar em pelo menos 17 dos 27 Estados do País – com os fatos mais graves de indisciplina ocorrendo em Minas, Pernambuco e Ceará – ressaltaram a necessidade de uma profunda reforma no conceito de segurança pública. O contribuinte que paga (e caro) seus impostos tem o direito de exigir que sua integridade patrimonial e pessoal seja preservada e garantida, não importam quais sejam as circunstâncias.

Em decorrência desses movimentos grevistas, que levaram inquietação e desassossego à população, o governo decidiu fazer mudanças nessa área tão sensível, senão vital. Formou uma comissão especial, encabeçada pelo secretário nacional dos Direitos Humanos, José Gregori, para definir o que deve ser mudado e como. O grupo até que fez sua parte. Elaborou 32 propostas, algumas óbvias, outras inócuas e outras ainda significando inegável avanço, encaminhadas ao presidente Fernando Henrique Cardoso.

O plano de reestruturação, porém, corre o risco de sequer sair do papel. A raiz da questão, os baixos salários dos policiais, permanece intocada. Além disso, falta consenso no governo para que uma reforma ampla e definitiva possa ser efetivada.

Por conta disso, as medidas, que se propala serão adotadas, não passam de paliativos. Não resolvem o problema, apenas o adiam, talvez para depois de novas greves, de novas confrontações entre PMs, com novos tiroteios e novas vítimas a lamentar, além de novo desgaste na imagem dos responsáveis pela segurança perante a população.

A principal reforma do Estado não vem sendo sequer cogitada pelos vários escalões governistas em sua aparente fúria reformista. E esta é, sem dúvida, a de mentalidade. Por mais estranho que possa parecer, os setores mais importantes da sociedade são os mais relegados para segundo plano. São os que recebem menos verbas, cujos funcionários são pior remunerados e cujos resultados, como não poderiam deixar de ser, são pífios, senão desastrosos.

São os casos da educação, da saúde, da segurança pública, da agricultura e dos transportes. No primeiro caso, sem dúvida, houve evolução. Mas os salários dos professores ainda estão muito aquém da sua importância para o País. Em termos de saúde, é aquele desastre. Apesar da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, que fatalmente vai se tornar permanente, as verbas continuam escassas, já que o ministério tem dívidas a saldar.

A remuneração dos policiais é uma piada de mau gosto. Daí seu descontentamento, explicável, embora a violência usada para expressá-lo seja absolutamente injustificável. Agricultura e Transportes não estão em situação melhor. Portanto, compete às autoridades, em especial do Poder Executivo, "reformar" antes de tudo sua mentalidade. Afinal, governar é definir prioridades. E nada é mais prioritário para o Brasil do que educação, saúde, segurança, transportes e agricultura.

(Texto escrito em 4 de agosto de 1997 e publicado como editorial na Folha do Taquaral).


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Cordiais desconhecidos

Pedro J. Bondaczuk

O primeiro (e único) escritor de língua portuguesa a ser premiado com o Nobel de Literatura foi José Saramago, em 1998, o que causou certa agitação nas editorias de Cultura dos principais jornais brasileiros que pouco (ou nada) conheciam desse autor. A premiação aconteceu quase um século após ser instituída (97 anos, para ser mais exato), o que reflete, sobretudo, desconhecimento dos jurados da Academia de Ciências sueca sobre as obras de poetas, romancistas, contistas etc.etc.etc. que se utilizam dessa que Olavo Bilac tão bem caracterizou como “última flor do Lácio, inculta e bela”. É certo que essa ignorância causa espanto e constrangimento a nós, cultores desse belo idioma de Camões. Mas o que espanta muito mais é o desconhecimento nosso, brasileiro, dos principais escritores portugueses que atuaram, sobretudo, no século XX.

Bem, a recíproca é verdadeira. O desconhecimento é mútuo (ou, pelo menos, era até a instituição do Prêmio Camões, em 1989). Se escritores portugueses contemporâneos são estranhos no Brasil e se brasileiros são ilustres desconhecidos em Portugal, imaginem angolanos, moçambicanos, guineeenses e caboverdianos, entre outros, nos dois países! Apesar de, com o advento da internet, as coisas terem melhorado, e muito, nesse aspecto, ainda estão muito distantes do ideal. E não era para isso acontecer. Afinal, não há sequer o entrave do idioma para justificar tanto desconhecimento, como ocorre com autores europeus, asiáticos, norte-americanos e africanos que não falem nossa língua.

 Eu, que não sou nenhum especialista em Literatura (mas que tenho orgulho de ter bom gosto literário), se, por uma dessas artimanhas do acaso, fosse designado como jurado da Academia de Ciências sueca, teria escolhido para ganhar o primeiro Prêmio Nobel para autores de língua portuguesa, não José Saramago. Minha escolha teria recaído sobre Vergílio Ferreira, de obra muito mais vasta e mais eclética (sobre o qual me proponho a comentar oportunamente), já que este ano de 2016 assinala o centenário de seu nascimento. Observo que estou excluindo, dessa (impossível) hipótese, os brasileiros, por ser óbvio que premiaria (sem nenhum exagero) pelo menos vinte deles. Claro, nenhum jamais foi premiado e raríssimos foram ao menos cogitados. Isso não quer dizer que não premiaria o autor de “Ensaios sobre a cegueira”. Premiaria, sim. Mas há muitos e muitos e muitos outros escritores portugueses que mereceram (mas não ganharam) o Nobel até mais do que Saramago. E, dos mais recentes, Vergílio Ferreira é o principal.

Não entendo, por exemplo, a razão de um Guerra Junqueiro não ter sido premiado. Ou de um Fernando Pessoa, o genial “poliescritor”, criador dos heterônimos. Ou do poeta Mário de Sá Carneiro. Ou da poetisa Florbela Espanca. Ou de Miguel Torga. Ou de Agustina Bessa-Luís. Não citei nenhum clássico, porque quando o Nobel (que não é premiação póstuma) foi criado, todos já tinham morrido. Tanto Vergílio Ferreira merecia ser premiado, que foi instituído, em Portugal, um concorrido e cobiçado prêmio literário com seu nome. Isso, óbvio, é sinal de reconhecimento de seus conterrâneos. Pena que não tenha sido reconhecido também fora de seu país (principalmente onde se fala o nosso belo e complexo idioma, sobretudo no Brasil).

Pincei, a esmo, algumas opiniões de Vergílio Ferreira sobre variados assuntos. Como esta: “O ciúme. Que irritante. Ele é uma expressão da avidez da propriedade. Ou da petulância do domínio. Ou do gosto da escravização”. Ou esta: “Que ideia a de que no Carnaval as pessoas se mascaram. No Carnaval desmascaram-se”. Ou esta: “Uma verdade só é verdade quando levada às últimas consequências. Até lá não é uma verdade, é uma opinião”. Ou mais esta: “Há o desejo, que não tem limite, e há o que se alcança, que o tem. A felicidade consiste em fazer coincidir os dois”. Ou esta outra: “Porque o que mais custa a suportar não é a derrota ou o triunfo, mas o tédio, o fastio, o cansaço, o desencorajamento. Vencer ou ser vencido não é um limite. O limite é estar farto”.

Espero que neste ano, em que se celebra o centenário de seu nascimento (ele nasceu em 28 de janeiro de 1916 e morreu em 1º de março de 1996, aos oitenta anos de idade), pelo menos parte de sua extensa obra (romances, ensaios e diários) seja divulgada e que nossas editoras se mobilizem para publicar um ou mais de seus livros. Está mais do que na hora de nós, brasileiros, conhecermos o que há de melhor na riquíssima literatura portuguesa (e vice-versa, claro).


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Monday, March 28, 2016

SENSAÇÃO DE “JÁ ESTIVE AQUI”, SEM NUNCA HAVER ESTADO

Com lugares, a sensação de “já visto” é aguda e freqüente. Quando estive pela primeira vez em Pernambuco, por exemplo, senti isso em Caruaru, onde jamais estivera antes, ao visitar determinado bosque. Alguma coisa insistia em me dizer: “você já esteve aqui”. E mais, tive a sensação de que, atrás de uma cortina de árvores cerradas, havia um riacho de águas cristalinas. Resolvi conferir e, para o meu pasmo... havia mesmo. Como eu poderia saber, se nunca havia estado naquele lugar?! Até hoje não entendo este e outros tantos episódios semelhantes (ou, pelo menos, parecidos) pelos quais passei. Por que temos esse tipo de sensação? É mera coincidência? Algum ancestral meu já se encontrou com pessoas parecidas ou esteve nesses lugares e me transmitiu, na herança genética que me legou, essas informações? Existe esse tipo de registro e, se existe, ele é transmitido de geração a geração? Há, de fato, o eterno regresso? Claro que, racional e cartesiano como sou, não creio nessa hipótese. Então, como explicar esse fenômeno? Há ou não há, pois, “mais mistérios entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia?!”


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