Contagem regressiva
Pedro J. Bondaczuk
O
cidadão consciente e bem informado faz uma contagem regressiva dos dias que
faltam para o fim da atual legislatura, torcendo para que o tempo passe rápido
e termine logo o mandato dos atuais congressistas, embora viva, também, o
pesadelo causado pela possibilidade de emergir das urnas, em 3 de outubro
próximo, um Congresso ainda pior do que o atual.
Convém,
portanto, enquanto ainda há tempo, que se inicie uma ampla campanha nacional de
esclarecimento ao eleitorado sobre a importância do voto e a responsabilidade
de votar bem. A mais recente bobagem dos nossos senadores e deputados que veio
a público esta semana refere-se a uma parte do artigo 5 da Lei 8.173/93, que
vai reger as eleições deste ano.
O
Supremo Tribunal Federal, órgão ao qual
compete julgar a constitucionalidade da legislação brasileira, concluiu, na
quinta-feira (12 de maio de 1994), que é inconstitucional a restrição imposta
aos pequenos partidos de lançar candidatos a presidente da República, ao Senado
e aos governos estaduais.
A
pergunta que de imediato vem à mente é: como foi possível aos congressistas,
das duas Casas, deixar escapar uma falha tão primária? Tanto a Câmara dos
Deputados quanto o Senado têm Comissões de Constituição e Justiça, cuja tarefa
(única) é a de avaliar quando um projeto se choca ou não com a Lei Maior do
País.
Recorde-se
que esse texto legal se arrastou por semanas no Congresso, sendo sancionado em
cima da hora pelo presidente Itamar Franco, no derradeiro prazo para que
pudesse vigorar para as próximas eleições.
A
suposição lógica seria a de que a demora teria sido em decorrência de um
empenho dos congressistas para que a medida fosse a mais perfeita e adequada
possível. Puro engano!
Outra
pergunta que se impõe é: quantas outras leis, cuja inconstitucionalidade ainda
não foi argüida junto ao Supremo Tribunal Federal, não seriam
inconstitucionais. Daí a torcida para que a atual legislatura se encerre logo e
o eleitorado, num rasgo milagroso de inspiração, consiga eleger um Congresso
melhor, de acordo com as reais necessidades do País.
E
olhem que sequer mencionamos a questão do corporativismo, os vários escândalos
que marcaram a instituição nos últimos quatro anos, os "gazeteiros"
que se esmeraram em não comparecer ao trabalho, os projetos em profusão que
deixaram de ser apreciados e que têm enorme relevância nacional, etc. etc. etc.
(Artigo
publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 16 de maio de 1994).
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