Wednesday, February 11, 2015

Nazi-fascismo ressurge



Pedro J. Bondaczuk


A região da Normandia, na França, começa a receber chefes de governo e de Estado dos países mais prósperos e livres da atualidade para celebrar os 50 anos, que transcorrem nesta segunda-feira (6 de junho de 1994), de um dos momentos decisivos do presente século, conhecido como "Dia D".

Foi o início da invasão aliada na Europa, para expulsar e finalmente derrotar os exércitos nazistas de Adolf Hitler. Milhares de homens deixaram suas vidas nas praias inóspitas do Canal da Mancha por um ideal de liberdade.

Passado meio século, os mesmos fatores que permitiram o surgimento desse terrível pesadelo estão perigosamente presentes. Os neofascistas obtiveram êxito nas eleições de março passado, na Itália, e conquistaram cinco ministérios no governo do primeiro-ministro Sílvio Berlusconi, que causou arrepios de preocupação, durante a semana, com seus elogios a Benito Mussolini.

Na Alemanha, apesar do grau de esclarecimento da presente geração, os nazistas conquistam crescentemente adeptos. Ultranacionalistas manifestam-se no Japão e tudo fazem para manter na memória dos japoneses o passado militarista do país, que redundou num terrível desastre para milhões de pessoas.

As mesmas odiosas idéias de preconceito e segregação racial ressurgem e se espalham por toda a parte, num brutal desrespeito pelos milhares de soldados que deram suas vidas para garantir a liberdade dos seus semelhantes, há 50 anos.

Bósnia, Rússia, Geórgia, Criméia, Somália, Ruanda. As lutas étnicas se sucedem, mostrando que o sofrimento não é tão didático quanto se pensa e que milhões de seres humanos pouco ou nada aprenderam com os acontecimentos dramáticos, terríveis, apavorantes e sangrentos deste século.

A apregoada "Nova Era", preconizada pelo ex-presidente norte-americano George Bush, em dezembro de 1989, tão logo firmou um histórico acordo com seu colega soviético, Mikhail Gorbachev, ao largo da ilha de Malta, no Mediterrâneo, pondo fim à Guerra Fria, ainda não passa de mero desejo.

Ao contrário do que possa parecer, os riscos de destruição da humanidade aumentaram, e não diminuíram, de lá para cá. Países novos, com povos despreparados, emergiram, repletos de vociferantes pseudolíderes, a rosnar um nacionalismo arcaico e xenófobo e a exigir ação preventiva agora, para não ter que lamentar depois.

(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 5 de junho de 1994).

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