Thursday, August 22, 2013

Tentáculos que ameaçam o mundo

Pedro J. Bondaczuk

O problema das drogas é muito mais complicado do que a princípio possa  parecer para quem não esteja familiarizado com a questão. E qualquer tentativa de solução deve levar em conta as duas pontas da cadeia do vício: a do consumo e a da produção.

Não adianta se atacar um dos dois lados primeiro, para depois se pensar no outro. Ambos têm que ser vistos simultaneamente. Para destruir plantações de coca e laboratórios de refino requer-se uma quantidade enorme de verbas. O mesmo acontece para se evitar a disseminação do uso dos tóxicos, embora nesse aspecto as  autoridades possam, e devam, contar com o auxílio de pais, mestres e líderes religiosos, desde que corretamente informados, mediante campanhas bem coordenadas de esclarecimento. Não aquelas que meramente visem a cumprir um simples dever, que não tenham criatividade e se limitem a filmetes de televisão.

A Colômbia é um exemplo do que os produtores de drogas podem fazer a uma comunidade. Hoje, o país está virtualmente sitiado pelos cartéis da cocaína, que nem se preocupam em esconder seu atrevimento do mundo. E este chegou às raias do absurdo, ao ponto dos narcotraficantes declararem guerra aberta ao próprio governo constituído do país, ameaçando uma das democracias mais antigas da América Latina.

Grupos paramilitares, treinados por mercenários estrangeiros, especializados na "arte" de matar, juram de morte juizes, deputados, jornalistas e todos os que ousam se interpor em seu caminho, impunemente. A sociedade civil se vê impotente para reagir. Não dispõe de forças para contra-atacar. A cada ofensiva da polícia e do Exército, têm correspondido ondas de atentados dos traficantes contra a comunidade, atingindo indiscriminadamente quem eles encontrem pela frente.

Agora, por exemplo, é a jovem ministra da Justiça da Colômbia, Mônica de Greiff, e seu filhinho de apenas cinco anos, que estão sob a mira dos chefões da droga. É claro e lícito que ela esteja atemorizada. Afinal, até mesmo o político que fatalmente seria o novo presidente colombiano, o senador Luís Carlos Galan Sarmiento, não escapou da sanha assassina do crime organizado.

Por isso, é louvável o empenho do presidente norte-americano, George Bush, em pôr em prática o que será, talvez, o mais audacioso programa já elaborado para, se não acabar com essa ameaça, que estende hoje seus tentáculos malditos para todos os lados, pelo menos impedir que ela avance. Verba não vai faltar para isso. Haverá quase US$ 8 bilhões para gastar. E nessa guerra deve valer tudo. Até mesmo o uso de forças militares que derrubem a crista destes "gênios do mal", que ameaçam transformar o Planeta num mundo povoado por drogados.


(Artigo publicado na página 13, Internacional, do Correio Popular, em 30 de agosto de 1989)

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