Tentáculos
que ameaçam o mundo
Pedro J. Bondaczuk
O
problema das drogas é muito mais complicado do que a princípio possa parecer para quem não esteja familiarizado
com a questão. E qualquer tentativa de solução deve levar em conta as duas
pontas da cadeia do vício: a do consumo e a da produção.
Não
adianta se atacar um dos dois lados primeiro, para depois se pensar no outro.
Ambos têm que ser vistos simultaneamente. Para destruir plantações de coca e
laboratórios de refino requer-se uma quantidade enorme de verbas. O mesmo
acontece para se evitar a disseminação do uso dos tóxicos, embora nesse aspecto
as autoridades possam, e devam, contar
com o auxílio de pais, mestres e líderes religiosos, desde que corretamente
informados, mediante campanhas bem coordenadas de esclarecimento. Não aquelas
que meramente visem a cumprir um simples dever, que não tenham criatividade e
se limitem a filmetes de televisão.
A
Colômbia é um exemplo do que os produtores de drogas podem fazer a uma
comunidade. Hoje, o país está virtualmente sitiado pelos cartéis da cocaína,
que nem se preocupam em esconder seu atrevimento do mundo. E este chegou às
raias do absurdo, ao ponto dos narcotraficantes declararem guerra aberta ao
próprio governo constituído do país, ameaçando uma das democracias mais antigas
da América Latina.
Grupos
paramilitares, treinados por mercenários estrangeiros, especializados na
"arte" de matar, juram de morte juizes, deputados, jornalistas e
todos os que ousam se interpor em seu caminho, impunemente. A sociedade civil
se vê impotente para reagir. Não dispõe de forças para contra-atacar. A cada
ofensiva da polícia e do Exército, têm correspondido ondas de atentados dos
traficantes contra a comunidade, atingindo indiscriminadamente quem eles
encontrem pela frente.
Agora,
por exemplo, é a jovem ministra da Justiça da Colômbia, Mônica de Greiff, e seu
filhinho de apenas cinco anos, que estão sob a mira dos chefões da droga. É
claro e lícito que ela esteja atemorizada. Afinal, até mesmo o político que
fatalmente seria o novo presidente colombiano, o senador Luís Carlos Galan
Sarmiento, não escapou da sanha assassina do crime organizado.
Por
isso, é louvável o empenho do presidente norte-americano, George Bush, em pôr
em prática o que será, talvez, o mais audacioso programa já elaborado para, se
não acabar com essa ameaça, que estende hoje seus tentáculos malditos para
todos os lados, pelo menos impedir que ela avance. Verba não vai faltar para
isso. Haverá quase US$ 8 bilhões para gastar. E nessa guerra deve valer tudo.
Até mesmo o uso de forças militares que derrubem a crista destes "gênios
do mal", que ameaçam transformar o Planeta num mundo povoado por drogados.
(Artigo
publicado na página 13, Internacional, do Correio Popular, em 30 de agosto de
1989)
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk.
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